
Quando se analisa um biopic devemos ter em mente duas coisas por um lado a exactidão dos factos, o que neste caso é difícil de por em causa, por não ser uma história controversa ou totalmente conhecida, e por outro lado a originalidade da abordagem. Aqui penso que o filme é demasiado tradicionalista, sendo que grande parte do alcance dos feitos ficam longe do espectador comum, que apenas consegue considerar a personagem o génio sem conseguir responder em muito ao porquê de tal considerando, e nisso o filme tinha essa dificuldade natural ao assunto, mas que em termos dramáticos nunca o consegue contornar.
Depois mesmo nas relações parece um filme demasiado lento, muito inspirado numa tradição europeia o filme nunca consegue adquirir ritmo que o leve para altos voos, mesmo que seja competente no lado mais pessoal da personagem e da forma como consegue transmitir todos os pontos mais conflituosos do mesmo entre a sua vida pessoal e profissional, um balanço equilibrado mesmo que o filme nunca consiga ter nada de artistico na sua abordagem.
Mesmo assim parece-nos importante que o cinema através de filmes sublinhe vidas e feitos menos mais stream, que acabem por ser homenagens justas a pessoas que realmente tiveram um marco de diferenciação nas artes que serviram, e nisso é sempre de louvar a coragem dos realizadores e produtores que permitem este tipo de filmes, mesmo que o resultado nem sempre seja original ou artistico.
A historia fala na vida de Srinivasa Ramanujan,, desde a sua deslocação para a Inglaterra com as barreiras e a xenofobia que foi alvo, até à forma como conseguiu impor o seu conhecimento mesmo fazendo face a uma doença terminal.
O argumento é simples na estrutura lógica e normal de um biopic, penso que o filme perde demasiado tempo no lado profissional aquele que ficou na história mas ao mesmo tempo aquele que é mais distante do espectador comum. Também em termos de abordagem a escolha por uma estrutura tão simples não beneficia o resultado do filme.
Em termos de realização este filme é de longe o trabalho mais visível de Matt Brown, que não arrisca muito no filme, apenas com uma boa contextualização temporal, parece óbvio que o filme tinha espaço para mais em termos de uma abordagem diferenciadora, mas tal seria pedir muito para alguém a dar os primeiros passos com tantos meios.
Em termos de cast Patel, que muitos referem que terá um ano em cheio tem um papel interessante que nem sempre parece utilizá-lo da melhor forma, muito repetitivo, nos momentos mais dramáticos cai muitas vezes em overacting, parece-me óbvio que o papel é melhor que os seus recursos. A ver se o resto do ano acaba por dar outros detalhes de um actor que provavelmente não terá tantas oportunidades como esta para dar mais de si. A segurança de Jeremy Irons, acaba por ser um bom balanço para o filme.
O melhor - A homenagem ao homem por trás do filme.
O pior - Um biopic para ser marcante actualmente
necessita de qualquer elemento diferenciador e este filme nunca o tem.
Avaliação - C
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