Saturday, September 03, 2016

Florence Foster Jenkins

Nos últimos anos o inglês Stephen Frears tem-se tornado num especialista em biopics, ou de pessoas menos conhecidas, ou por outro lado as histórias que é necessário alguma coragem contar. Isso nem sempre se traduz em sucesso, mas o que é certo é que nos ultimos anos conseguiu que dois dos seus filmes conseguissem algum destaque nos prémios. Este ano, e talvez algo cedo para a competiçao surgiu este filme, sobre a alegada pior cantora da história. O resultado critico do filme foi interessante, o futuro dirá se suficiente para o manter na corrida pelos prémios até mais tarde. Comercialmente um filme com menos ambiçoes mas mesmo assim com resultados consistentes.
Se existe caracteristicas que os filmes de Frears têm é demonstrar um trabalho de detalhe nos promenores, em toda a contextualizaçao do filme, e aqui temos mais uma vez esse dificil trabalho que é nos transportar para os plenos anos 40. Depois temos um cinema tradicional, quase homenageando a epoca do filme, na forma como as cenas passam de um lado para o outro na forma quase teatral e antiga de alguns planos, temos uma verdadeira homenagem a um estilo de cinema mais antigo e menos definito temporalmente que nos cria alguma nostalgia, e nisso, e do ponto de vista de forma o filme funciona bastante bem.
Em termos narrativos e mesmo sabendo do insólito da história parece-nos que o filme não tem muito risco, parece algo repetitivo por vezes, principalmente na forma como tenta utilizar um humor mais fisico, sempre ao serviço da personagem interpretada por Simon Helberg, e nisso o filme nem sempre tem um ritmo elevado, ou é cativante em toda a sua plenitude. Mesmo assim, acaba por ser um filme suave com objetivos muito definidos, que não é creativo é certo mas é competente na sua forma de ser.
Em suma, um eficaz biopic, que apensar de adoptar um estilo tradicionalista de contar a historia, ter presente algum do tradicionalismo comum dos filmes de epoca da BBC, tem ao mesmo tempo um registo descontraído, que vacila entre o humor e o drama, mas que funciona naquilo que quer contar e sabe perfeitamente o efeito que cada cena dá ao espetador. Nao sendo uma obra prima, longe disso, é um filme interessante com pontos a destacar.
A historia fala de Florence Foster Jenkins uma pessoa das artes nova iorquinas, principalmente por ser a maior representante de um dos maiores clubes, que tenta lançar-se no mundo da musica mesmo com muitas dificuldades em cantar, algo que acaba por nunca ter percepção.
O argumento é simples, não temos aqui muitos adornos, basicamente temos dialogos simples, e uma toada entre o drama e comédia. Podia é certo fazer uso de mais palavras para definir a sua moratória, mas acaba por ser um filme que tenta valorizar outros aspectos. Mesmo assim acaba por ter um argumento competente e objetivo.
Frears é um bom realizador, mas que alguem que nos dá imagens únicas e inesqueciveis, é alguem que é detalhado nos promenores do seu filme, para parecer ao maximo com o real momento, o que muitas vezes é mais dificil do que qualquer inovação. Aqui dá um pouco de homenagem ao cinema mais tradicional, o que mesmo não sendo original, acaba por ficar bem no filme.
No cast já não existe adjetivos para qualificar o trabalho de Streep, a cada filme temos um registo em parte diferente do que já vimos, o que nos dá um leque de atributos quase infindáveis. Aqui para além de todos os dotes dramaticos que sempre teve, dá-nos o lado de má e boa cantora que é, o carisma já é imagem de marca. Provavelmente vai colecionar mais uma nomeaçao embora o oscar seja menos provavel. Ao seu lado um Grant que me parece uma má escolha, a diferença de idades nunca permite uma quimica total com Streep, quando o filme exigia tal quimica, e as dificuldades tradicionais de interpretação e a repetiçao de tiques são mais uma vez o seu calcanhar de aquiles. Por fim uma palavra para Helber, um papel vistoso mas algo repetitivo, mas mesmo assim, uma personagem vincada de um actor cuja visibilidade vem de uma serie onde não é a figura central. Excelentes dotes como pianista.

O melhor – Mais uma vez Streep, acompanhado por uma excelente contextualizaçao temporal.

O pior – Grant, quer a sós quer na pouca quimica com Streep. Um risco perdido para Frears


Avaliação - B-

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