Nos últimos anos o
inglês Stephen Frears tem-se tornado num especialista em biopics, ou
de pessoas menos conhecidas, ou por outro lado as histórias que é
necessário alguma coragem contar. Isso nem sempre se traduz em
sucesso, mas o que é certo é que nos ultimos anos conseguiu que
dois dos seus filmes conseguissem algum destaque nos prémios. Este
ano, e talvez algo cedo para a competiçao surgiu este filme, sobre a
alegada pior cantora da história. O resultado critico do filme foi
interessante, o futuro dirá se suficiente para o manter na corrida
pelos prémios até mais tarde. Comercialmente um filme com menos
ambiçoes mas mesmo assim com resultados consistentes.
Se existe
caracteristicas que os filmes de Frears têm é demonstrar um
trabalho de detalhe nos promenores, em toda a contextualizaçao do
filme, e aqui temos mais uma vez esse dificil trabalho que é nos
transportar para os plenos anos 40. Depois temos um cinema
tradicional, quase homenageando a epoca do filme, na forma como as
cenas passam de um lado para o outro na forma quase teatral e antiga
de alguns planos, temos uma verdadeira homenagem a um estilo de
cinema mais antigo e menos definito temporalmente que nos cria alguma
nostalgia, e nisso, e do ponto de vista de forma o filme funciona
bastante bem.
Em termos narrativos e
mesmo sabendo do insólito da história parece-nos que o filme não
tem muito risco, parece algo repetitivo por vezes, principalmente na
forma como tenta utilizar um humor mais fisico, sempre ao serviço da
personagem interpretada por Simon Helberg, e nisso o filme nem sempre
tem um ritmo elevado, ou é cativante em toda a sua plenitude. Mesmo
assim, acaba por ser um filme suave com objetivos muito definidos,
que não é creativo é certo mas é competente na sua forma de ser.
Em suma, um eficaz
biopic, que apensar de adoptar um estilo tradicionalista de contar a
historia, ter presente algum do tradicionalismo comum dos filmes de
epoca da BBC, tem ao mesmo tempo um registo descontraído, que vacila
entre o humor e o drama, mas que funciona naquilo que quer contar e
sabe perfeitamente o efeito que cada cena dá ao espetador. Nao sendo
uma obra prima, longe disso, é um filme interessante com pontos a
destacar.
A historia fala de
Florence Foster Jenkins uma pessoa das artes nova iorquinas,
principalmente por ser a maior representante de um dos maiores
clubes, que tenta lançar-se no mundo da musica mesmo com muitas
dificuldades em cantar, algo que acaba por nunca ter percepção.
O argumento é simples,
não temos aqui muitos adornos, basicamente temos dialogos simples, e
uma toada entre o drama e comédia. Podia é certo fazer uso de mais
palavras para definir a sua moratória, mas acaba por ser um filme
que tenta valorizar outros aspectos. Mesmo assim acaba por ter um
argumento competente e objetivo.
Frears é um bom
realizador, mas que alguem que nos dá imagens únicas e
inesqueciveis, é alguem que é detalhado nos promenores do seu
filme, para parecer ao maximo com o real momento, o que muitas vezes
é mais dificil do que qualquer inovação. Aqui dá um pouco de
homenagem ao cinema mais tradicional, o que mesmo não sendo
original, acaba por ficar bem no filme.
No cast já não existe
adjetivos para qualificar o trabalho de Streep, a cada filme temos um
registo em parte diferente do que já vimos, o que nos dá um leque
de atributos quase infindáveis. Aqui para além de todos os dotes
dramaticos que sempre teve, dá-nos o lado de má e boa cantora que
é, o carisma já é imagem de marca. Provavelmente vai colecionar
mais uma nomeaçao embora o oscar seja menos provavel. Ao seu lado um
Grant que me parece uma má escolha, a diferença de idades nunca
permite uma quimica total com Streep, quando o filme exigia tal
quimica, e as dificuldades tradicionais de interpretação e a
repetiçao de tiques são mais uma vez o seu calcanhar de aquiles.
Por fim uma palavra para Helber, um papel vistoso mas algo
repetitivo, mas mesmo assim, uma personagem vincada de um actor cuja
visibilidade vem de uma serie onde não é a figura central.
Excelentes dotes como pianista.
O melhor – Mais uma
vez Streep, acompanhado por uma excelente contextualizaçao temporal.
O pior – Grant, quer
a sós quer na pouca quimica com Streep. Um risco perdido para Frears
Avaliação - B-
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