Saturday, February 27, 2021

Judas and Black Messiah

 Num ano em que o cinema obviamente passou por dificuldades e alguns dos projetos com ambições de premios tiveram de restruturar as suas estrategias, sendo que a estrategia de ser lançado em cima do toque que algumas vezes resulta acabou por caber a este biopic de Fred Hampton aproveitando o contexto racial instalado. Criticamente o filme funcionou e parece estar bem encaminhado para obter algumas nomeaçoes para premios, por sua vez comercialmente a contingencia de cinemas fechados parece ter colocado em causa a sua expansao, algo que poderá mudar com as nomeaçoes.

Sobre o filme temos um filme mais do que sobre uma personagem e o seu discurso de influencia junto do seu publico, temos uma operação policial, o que nos leva o filme para uma aproximação embora pouco comica daquilo que de uma forma diferente Spike Lee fez em BlaKKKlansman. O filme tem bons momentos quer de guião, mas depois parece um filme demasiado politizado e isso tira-lhe algum impacto principalmente na forma de pensar o fenomeno.

Outro dos pontos do filme e sempre o problema tipico dos biopics mais convencionais e na essencia o filme acaba por ser um filme sobre duas personagens que estiveram juntas com funções diferentes. Historicamente e no contexto o filme aproveita bem o momento com boas escolhas para a sua liderança mas depois parece faltar com os ingredientes todos por perder demasiado tempo em discursos com pouco conteudo.

Mesmo assim tendo em conta o tema, algum impacto da contingencia policial, o contexto social este e um filme que parece ter tudo para funcionar, mas pouco para fazer os espetadores amarem. Fica a ideia que sera sempre melhor recebido na comunidade afro americana por tudo o que as suas personagens representam do que o resto do mundo.

A historia fala-nos de Fred Hampton e a forma como o mesmo liderava o partido Black Panthers e a forma como uma operação policial consegue colocar no seu seio um elemento infiltrado que acaba por ser o ponta de lança do controlo do sistema do lado rebelde daquele partido.

Em termos de argumento temos uma boa historia cujo o argumento funciona sem ser brilhante. Fica a ideia que nas personagens poderiamos ter mais, e que o filme sabe que vai funcionar nos seus elementos de base mas não tenta ir mais longe nos dialogos principalmente.

Na realizaçao Shaka King e um discipulo de Ryan Coogler que tem aqui a sua primeira obra, e com uma fasquia elevada. Nao e uma realização particularmente diferenciada num filme que com as ambições de premio que tem deveria ter mais arte. Mesmo assim poucos sao os realizadores que entram logo num filme que vai lutar por premios.

No cast o filme escolhe dois dos atores afro americanos de uma nova geração com mais atributos, principalmente Kaaluya que me parece um dos atores do momentos pela versatilidade e mais que isso pela intensidade que da aos seus papeis. Temos neste papel carisma e presença que lhe iram valer pelo menos a nomeaçao aos premios mais importantes. Ao seu lado um Stanfield que tem trabalhado muito nem sempre bem, que tem um papel mais simples, feito para ser o lado feio da moeda que ele cumpre, embora ja o tenha visto bem melhor noutros filmes.


O melhor - Kaaluya

o Pior - O filme nao conseguir dar o salto para o brilhantismo, sendo apenas competente


Avaliação - B-



Blithe Spirit

 Lançado no inicio do ano baseado numa peça de teatro tradicional inglesa, este filme que reuniu um elenco significativo acabou por se tornar um filme que não reuniu boas avaliações com o seu estilo tradicional de comedia. Tambem comercialmente numa altura marcada pelos lançamentos para os premios este acabou por ser um filme menor que passou despercebido ao comum dos mortais.

SObre o filme podemos dizer que temos a tipica comedia de costumes britanica, num filme claramente pensado para o teatro de gargalhada facil que acaba por nao encaixar de uma forma muito sigfificativo no cinema e isso deve-se ao facto das personagens serem do primeiro ao ultimo minuto demasiado pensadas para teatro nos seus dialogos ou mesmo no recurso a um humor fisico algo desatualizado.

A historia depois acaba por ter uma premissa que poderia ser engraçada mas que no final acaba por ser algo previsivel. Ao seu uma historia ja com alguns anos e normalmente utilizada em peças de teatro amador ficamos com a ideia que o humor do filme muito presente nem sempre consegue potenciar a historia ou mesmo a moral presente, mesmo que a escolha do cast em atores associados a comedia podesse querer trabalhar esse aspeto.

Por tudo isso parece claro que este e mais uma tentativa algo frustrada de dar ao cinema uma peça de teatro sem nunca querer rescindir com a sua base e o filme acaba por nao encontrar o seu real espaço, tornando-se em algo estranho. Não e um bom filme com muitas dificiencias que talvez por isso se tornou quase incognito.

A historia fala de um escritor com crise de inspiração que acaba por ser visitado pelo espirito da sua ex-mulher e sua musa, tendo que equilibrar os benficios de tal presença em termos criativos com o casamento entretanto criado.

Em termos de argumento a historia até pode ser estranhamente interessante e a mensagem moratoria interessante mas fica a ideia que em termos de execução o filme e o argumento ficam demasiado presos a um estilo teatral que nem sempre funnciona no grande ecra.

Na realizaçao Edwarda Hall e um realizador proximo do estilo mais tradicional britanico de castelos e costumes, e que aqui mesmo em comedia nao se solta do estilo. O filme tem algumas boas vertentes contextuais mas depois isso nao funciona totalmente quando o filme quer trabalhar os elementos comicos. Sera sempre um tradicionalista ingles.

No cast Stevens encabeça um filme com muito humor fisico estilo que ele tem assumido como preferencial nos ultimos tempos e que nao sei se e a melhor escolha de carreira. Demasiado preso a alguns maneirismos, percebe perder as cenas para uma FIsher e uma Mann muito mais habituadas ao humor em geral.


O melhor - O filme podera ter algum valor moral.

O pior - O humor tradicional nem sempre funciona nos nossos dias


Avaliação - C-



Monday, February 22, 2021

South of Heaven

Numa altura em que é cada vez mais comum determiados atores de comedia tentarem a sua sorte em cinema dramatico, eis que surge a tentativa de Sudekis, impulsionado pelo sucesso de Ted Lasso o fazer, neste thriler negro completamente diferente do estilo de cinema que o mesmo tem adotado nos ultimos anos. No entanto este South of Heaven estreado em poucos cinemas não conseguiu captar a atenção critica com avaliações essencialmente medianas e comercialmente não teve o impacto, passando com total indiferença pelos diversos lados da equação.
Sobre o filme inicialmente temos um filme que promete muito naquilo que e o romantismo e redençao da personagem, chengando a levantar a ideia de um filme pensado para nos trazer uma componente dramatica das personagens, mas que passado quinze minutos de duraçao abandona por completo para apostar num filme de gangsters e de sobrevivencia de segundo nivel, pouco ou nada interessante que caminha para o seu esperado final.
Um dos problemas do filme e que se calhar como drama de redençao poderia pelo menos em termos dramaticos ser funcional, mas acaba por nunca conseguir trabalhar um aspeto particular que é a sua capacidade de ser um competente filme de criminosos uns contra os outros, neste particular já vimos filmes muito mais bem construidos e acima de tudo com uma abordagem muito mais competente.
Por tudo isto fica acima de tudo a ideia de um filme que promete mais do que da, que nos seus parâmetros isolados nunca é sufiicientemente claro para ter um impacto signficativo. Um dos pontos que demonstra bem alguma pobreza do filme acaba por ser o facto de o seu elemento de maior realce acabar por ser a forma como Sudekis foge ao seu estilo normal.
A historia fala de um ex presidiario que apostado a sair e dedicar-se a sua namorada com doença terminal ve-se imediatamente inserido no meio de uma intriga criminal que o vai ter de levar a regressar ao mundo que o privou da liberdade por tantos anos.
No que diz respeito ao argumento se a base e a forma como os dados sao lançados ate acabam por ser interessantes, já me parece que quando o filme entra na intriga criminal e de vingança o filme perde impacto e nunca consegue contruir com congruência qualquer tipo de narrativa que alimente de forma competente o filme.
Na realizaçao Keshales vem de um estilo de cinema de terror serie b, que aqui nao consegue propriamente lhe dar elementos diferenciados no estilo de cinema. Normalmente e um filme de alguem que ficara neste estilo de cinema para o resto da vida, sem grande sublinhados.
A tentativa de Sudekis e clara aproveitar o sucesso critico que tem tido para arriscar num estilo de filme e personagem completamente distinto aquilo que nos tem habituado. O resultado está longe de ser brilhante, fica a ideia que o argumento nao ajuda a personagem mas a sua construçao também nao e interessante. Melhor uma Lilly que fica a ideia que merecia mais destaque no cinema dos nossos dias.

O melhor - Os primeiros cinco minutos

O pior - O filme adota um estilo completamente distante daquilo que deveria ter

Avaliação - C-



Saturday, February 20, 2021

Music

 Quando as nomeaçoes dos globos de ouro foram anunciadas existiu um projeto particular que foi a surpresa que foi este Music, que marca a estreia na setima arte da compositora SIA como realizadora. Esta cultura pop da cantora parecia estar bem patente no seu trailer com muito daquilo que e a componente artistica da artista. Contudo essa boa receção nos globos de ouro foi particularmente surpreendente quando as primeiras e terriveis avaliações do filme foram lançadas e que o tornaram quase em um dos piores filmes do ano em termos de receção critica. Em termos comerciais a atual contingencia de pandemia e o lançamento quase direto para aluguer acabou por tornar o seu percurso quase inexistente.

Sobre o filme, pois bem é dificil avaliar este filme partindo de um pressuposto que não somos propriamente fãs de SIA quer em termos de interpretação quer em termos de fenomeno estetico, e o filme e na essencia o lado particular da artista, numa historia basica de dificuldade mas que acima de tudo parece tudo uma desculpa para pequenos video clips com os interpretes que tornam o filme muito dificil de ser visto.

Outro dos problemas esta na personagem de Music, apesar de o filme querer nos dar o mundo muitas vezes do ponto de vista daquela personagem ela simplesmente nao existe, e um conjunto de maneirismos repetidos ate a exaustao por uma dançarina e compenheira da artista que esgota qualquer espetador na mais de hora e meia de filme, sendo que tirando essa assinatura que e diferenciada mas completamente sem sentido o filme e um filme romantico classe b igual a outras.

Se por um lado a cultura pop e o excesso de video clip e pouco filme leva-me a não gostar do filme e mais que isso a interprete ser absolutamente irritante, parece-me que a assinatura de SIA esta bem patente, sendo que os fas da artista poderão se rever no filme, os que como eu nao gostam particularmente do estilo vão analisar a maior parte do filme como uma cultura popular pouco ou nada trabalhada.

A historia fala de uma jovem com uma patologia cognitiva incapacitante que apos a morte da avo fica a cargo de uma problematica irma que tem de ao mesmo tempo de organizar a sua vida e a da sua irma apenas com a ajuda de estranho vizinho.

Em termos de argumento o filme tem na base uma narrativa simples, novelesca, emotiva igual a todas as outras e que nunca consegue ser mais que isso. na historia temos apenas uma roupagem diferente da historia de sempre.

Na realizaçao SIA e ela propria, pensamos que somos muitas vezes em todos os momentos introduzidos num videoclip da artista e pouco mais. O cinema deve ser algo diferente e essa magia acaba por nunca aparecer.

No cast a escolha de Maddie Ziegler habitual colaboradora de SIA sai completamente ao lado, a personagem recorre a um tique estetico que usa ao longo de toda a duração tornando-se uma personagem irritante em toda a sua duração. Salva-se uma Hudson intensa que tem um papel vistoso, e um Odom Jr que consegue dar bons momentos musicais mas pouco mais.


O melhor - GOstanto ou nao tem assinatura

O pior - Eu nao gosto


Avaliação - D



Friday, February 19, 2021

Supernova

 Este drama romantico sobre o companheirismo na doença foi um filme pequeno embora com um elenco de primeira linha que foi lancado em pequenos festivais pelo mundo fora sem grandes pertenções apostado em trazer um namoro longo homossexual na dificuldade da doença. O filme acabou por mesmo sendo pequeno reunir boas criticas mas insuficientes para o impulsionar para voos superiores. Do ponto de vista comercial um filme que não é para multidões e isso acabou por tornar o seu percurso comercial com quase impercetivel.

Sobre o filme podemos dizer que do ponto de vista de tamanho e mesmo daquilo onde quer chegar e um filme pequeno com ambição curta de trabalhar bem uma relação longa homossexual, integrando uma dificuldade de doença que leva o casal a ter de enfrentar com os seus recursos esse mesmo problema. Um dos pontos que o filme melhor trabalha e a normalidade da relação, alias o filme poderia ser o mesmo com uma relação heterossexual e isso acaba por ser um dos segredos do filme.

Do ponto de vista da historia o drama de um filme intimista, a ritmo lento, com personagens diferentes que por vezes se desequilibram um pouco. Se por um lado a personagem de Tusker mesmo na doença consegue ter momentos de dialogo interessante a personagem de Sam e mais adormecida e mais sofredora no silencio. Se na realidade um par assim tem sentido em termos cinematograficos parece desiquilibrar em demasia o resultado final.

Fica um filme simples, sobre o sofrimento da adversidade, com processos tipicos do cinema britanico mais independente, que dificilmente ficara registado na memoria de muitos a nao ser a amizade de dois atores que repartem uma relação a entrar na ultima parte da sua carreira e as excelentes paisagens que o filme nos faculta.

A historia fala de um casal homossexual, que passa pela dificuldade inerente ao facto de um dos elementos estar diagnosticado com demencia que o torna cada vez mais incapaz e mais dificil a convivencia com ele. O casal embarca numa road trip ao encontro de familiares para uma festividade.

Em termos de argumento o filme tem uma base e uma orientação simples que acaba por tornar o filme tambem demasiado simples. Em termos de dialogos existe momentos bem trabalhados do ponto de vista emocional, mas o filme nao adquire propriamente um ritmo entusiasmante com esse estilo.

Na realizaçao Harry Mcqueen e um jovem realizador ainda sem grande montra, que opta por processos simples deixando o protagonismo para alguns dos cenarios naturais que contextualizam a relação. isso favorece a força do casal, mas parece-me mais funcional nas escolhas do que na execução. Para um realizador jovem pode ser um inicio interessante.

O cast funciona Tucci e Firth encarnam papeis proximos do seu tipo mais usual e isso acaba por encaixar bem no registo de ambos. Sai mais fortalecido Tucci talvez por ser um ator com menos perdicado, mas acaba por ser bastante positivo o resultado de ambos.


O melhor - Alguns cenarios


O pior - Ritmo algo lento


Avaliação - C+



Monster Hunter

 Numa altura em que o cinema está parado e os estudios tentam novas formas de fazer os seus projetos chegarem ao grande publico eis que existiu um projeto de estudio que seguiu o percurso normal. Trata-se de mais uma adaptação de um jogo de computador de Paul W Anderson em colaboração com a sua esposa e com muitos efeitos especiais para um publico muito concreto. Muito na onde de outros filmes do realizador o resultado critico acabou por ser modesto, sendo que comercialmente, mesmo conseguindo amealhar alguns dinheiro mais que os seus poucos adversários ficou muito aquem do que o filme poderia render noutro contexto que não pandemico.

Sobre o filme, a forma como este realizador trás os seus filmes está longe de ser proximo daquilo que penso que o cinema deveria ser, a forma como as historias ou narrativas são totalmente esvaziadas para um filme 100% de ação e efeitos especiais torna-se monotono e pouco interessante a não ser nas competencias tecnicas que sendo agradaveis estão longe de ser minimamente suficientes para a rentabilidade do filme.

Este e um dos filmes que do primeiro ao ultimo minuto é previsivel, sabemos como tudo vai suceder, esperamos apenas ver o digital dos monstros e as cenas estapafurdias de ação num cinema sem qualquer sumo, vazio de desgaste rapido que aposta num entertenimento rápido que acaba por nunca dar, a nao ser mais de hora e meio de algo que esta a dar no ecra mas que realmente não nos prende minimanente a atençao.

Por tudo isto parece-me que este e um dos filmes que menos deveria arriscar na capacidade de devolver as pessoas ao cinema, o filme não tem essa força em nenhum momento e torna-se mesmo pior do que outras adaptações do realizador ao mundo dos videojogos. Podemos dizer que tem efeitos especiais competentes, mas isso é completamente indiferente quando vimos um filme sem qualquer tipo de argumento.

A historia fala de dois mundos que se unem de forma a combater uns monstros de grande tamanho que querem colocar em causa a sobrevivencia de ambas as realidades.

Em termos de argumento eu confesso que tudo me leva a dizer que o filme não tem um propriamente dito. nao tem personagens, não tem dialogos, não tem um desenvolvimento narrativo, sendo apenas uma ideia de video jogo de personagens a lutar contra monstros e nada mais.

Na realizaçao Paul W S Anderson tem uma carreira completamente recheada de filmes com muitos efeitos mas basicamente inexistentes junto do publico. Tirando a aposta em tres mosqueteiros completamente falhada temos um estilo de filmes de ação vazio, com efeitos e com a sua esposa, que o tornam num dos raros tipos de realizador com pouca qualidade e com muitos filmes.

No cast temos Mila Jovovich a ajudar novamente o seu marido, num filme que nada lhe exige a nao ser competencia fisica de heroina de ação que acaba por ter e pouco mais. Os secundarios na essencia não existem mas o filme não reclama esta utilidade.


O melhor - Os efeitos especiais ate são competentes

O pior - Mas nada salva um filme sem qualquer tipo de argumento


Avaliação - D



Tuesday, February 16, 2021

Little Fish

 Num ano em que não existiu espaço para muitos pequenos filmes tentarem a sorte principalmente porque os festivais onde normalmente ganham dimensão basicamente não existira, acabou por existir alguns projetos que ganharam algum reconhecimento critico e foram estreando ainda que de uma forma bem silenciosa, como e o caso deste peculiar filme sobre um virus e o seu efeito. Criticamente esta obra singular ate foi bem recebido, contudo em termos comerciais o filme teve alguma dificuldade em se expressar.

O filme parte desde logo de uma dificuldade bem assumida, que se deve ao facto de ser numa crise pandemia um filme de um virus e a sua dissiminação, embora com efeitos bem diferentes. E nisso se existe coisa que as pessoas nao procuram no filme e um filme sobre contaminações, o que podera de imediato levar a uma relação de emoçoes positivas entre o espetador e o filme.

Mas o que e certo e que o filme parte de um objetivo dificil e consegue resultar nos seus avanços e retrocessos, quer do ponto de vista emocional onde me parece trabalhar bem a relaçao central, as personagens encaixam bem uma na outra e o filme ganha bastante com isso. Mas tambem no lado ideologico o filme sem grande fogo de artificio consegue funcionar principalmente no detalhe final.

Nao sendo obviamente uma obra prima, sendo um filme pequeno muitas vezes intimista e com objetivos dificeis, parece-me claro que é um filme que funciona muito por culpa dos seus protagonistas. Acaba por ser menos entusiasmante em algum lado mais previsivel do desenvolvimento da historia, mas no fim ficamos com boas sensações de um filme pequeno mas funcional.

A historia fala de um casal, e dos avanços e retrocessos que os levaram ao casamento numa epoca em que um virus acaba por estar presente na população e cujo sintoma e a perda de memoria e por contagio da propria existencia historica.

O filme tem alguns pressupostos dificeis mas que funciona bem e sem grande alarido ou sem grande folclore. A ideia e arrojada e o filme consegue blindar num primeiro momento o filme em termos emocionais para depois não o tornar negativista na sua resolução. Nao sendo uma obra de excelencia acaba por ser bem escrito.

Na realizaçao Chad Hartigan já teve no passado alguns filmes que resultaram bem em termos criticos e tem aqui um filme tipicamente independente que funciona na emoçao e menos na originalidade. E um filme demasiado intimista para reluzir mas cumpre o que se propoem.

Em termos de cast a escolha de uma Coleman a criar uma carreira fora do mainstream muito competente, e um O Connell que me parece um dos mais intensos atores da atualidade, é fundamental para as personagens funcionarem a solo e juntas.


O melhor - O par


O pior - Algo intimista e isso tira-lhe algum ritmo


Avaliação - B



Monday, February 15, 2021

Falling

 Viggo Mortensen e um dos actores mais amados pela critica pela forma consistente que foi construindo uma carreira baseada em interpretações intensas nem sempre proximas do grande público. Mas como muitas figuras de Hollywood eis que o ator decidiu tentar a sua sorte atrás das camaras com este filme sobre a relação entre um pai e um filho que acabou por ser lançado em alguns festivais pre premios. Pese embora a receção critica tenha sido positiva a mesma foi insuficiente para lançar o filme na corrida, e em termos comerciais sendo um filme distante do grande publico e das formas atuais de distribuição o filme acabou por não ter dimensão para altos voos.

Sobre o filme podemos dizer que o mesmo começa bem na caracterização de uma particular e estranha mas intensa relação pai-filho, que por sua vez tem a sua maior atenção nos ultimos anos de vida do primeiro, marcado por um passado de excesso e de escolhas duvidosas, e por uma demência que o domina na forma como acaba por ter conflitos com todos os elementos da sua familiar.

O filme trata deste ponto com alguma qualidade embora pareça quase sempre que quer fugir do confronto da personagem, algo que nos parece irrealista tendo em conta o grau de conforntação que o filme incute na sua personagem principal. Outro dos problemas do filme para obter um resultado mais efetivo acaba por ser o seu caracter demasiado circular em termos narrativos, o qual muito cedo se percebe que iria terminar na explosão final.

Por tudo isto Falling sendo um filme competente no retrato de uma familia que se mantem ligada mas desunida na emoção, não é uma obra de referência porque já outros filmes conseguiram tocar nos mesmos pontos com outra mestria. Fica a ideia que algum excesso de conflito interior e menos de exterior acaba por fornecer barreiras demasiado elevadas para o filme se expressar mais naturalmente.

A historia fala de um individuo em demência que após uma vida de conflitos com a sua familia acaba por visitar a residência de um filho homossexual, com quem acaba mesmo por no final da sua vida ter os conflitos que marcaram ao longo do tempo a relação entre ambos.

O argumento do filme é simples, eficaz, sem deslumbrar. Parece por vezes guardar algumas palavras que o poderiam revestir de mais intensidade, mas acaba por ter argumentos bem trabalhados, principalmente nos dialogos de conflito. Não sendo um poço de originalidade é competente naquilo que se propõe.

Mortensen tem uma estreia na realiação simples, baseando-se nas personagens e nos seus movimentos. Não ter grande risco, algo que é normal tendo em conta tratar-se de uma estreia, mas e um filme que podera ser uma boa base nesta nova carreira do ator.

O cast funciona, Mortensen tem uma papel que o trabalha bem, diferente do que estamos habituados a ver num actor com muitos recursos que confirma mais uma vez os mesmos. Bom plano tambem para Henriksen um veterano ator que nunca foi uma primeira figura mas que tem aqui um papel de uma carreira, que merecia talvez mais visibilidade.


O melhor - Os momentos iniciais da construção da relação.


O pior - Guardar muitas palavras.


Avaliação - C+



Sunday, February 14, 2021

Malcom & Marie

 Num ano em que a Netflix quase jogou sozinho, este era uma das suas ultimas apostas para a temporada de premios, num estilo exprimental de um realizador que ainda procura no cinema o sucesso que tem conseguido na televisão e tentando seguir a sua ascdência. Este peculiar filma a dois, acabou por não ser propriamente um sucesso critico, o que de alguma forma poderá dificultar a forma com que o filme se aproximou do grande publico ainda para mais um filme com algumas limitações comerciais como o facto de ser a preto e branco.

SObre o filme temos uma historia de amor ambiciosa, intensa com avanços e recuos no stress profissional. O filme funciona na capacidade de ser uma montanha russa das personagens que acaba por nos proporcionar bons dialogos, que tornam no entanto o filme demasiado circular e isso torna-o um pouco monotono, embora seja evidente a dificuldade num projeto como este.

As personagens tem a sua individualidade que o filme respeita, mas mesmo o facto do filme ser centrado num unico espaço dificulta a capacidade do filme crescer. Mesmo assim e com todas estas limitações e toda esta ambição acaba por resultar num filme competente, resistente num otimo argumento, mas que fica a ideia que a escolha a preto e branco nao e propriamente uma mais valia.

Nao sendo um dos melhores filmes do ano, acaba por ser um dos mais originais e corajosos. Fica a ideia que o filme e na sua base algo teatral demais e que isso acaba por limitar o resultado cinematografico por alguma falta de intensidade que as personagens tentam e conseguem ultrapassar embora nao sempre.

A historia fala de um casal de um realizador e uma aspirante a atriz que regressam a casa apos a premiere de um filme do primeiro e enquanto este aguarda pela receção critica da sua obra, acaba por levar a uma reflexão e discussão do seu relacionamento no stress do nervosismo.

Em termos de argumento parece-me que os bons dialogos favorecem o resultado final, e que o argumento e um dos bons aspetos do filme. Fica a ideia que o filme depende demasiado deste ponto e que ele acaba por salvar o filme quando e necessario.

Sam levinson tem ganho alguma dimensao em Hollywood quer pelo nome que traz mas acima de tudo por um sucesso ja conquistado em televisao. A escolha do preto e branco não e feliz embora seja arrojado. O resultado fica a ideia que funciona melhor no argumento do que numa realização que poderia ganhar com mais cor.

E um filme exigente ao maximo para os seus interpretes, Zendaya e quem sai melhor, numa personagem intensa, com recursos que nos demonstra uma actriz em crescimento e cada vez mais ambiciosa nas suas escolhas. Washington tenta ser intenso mas perde os duelos para a sua companheira e isso não e propriamente brilhante num actor com mais palco do que provas ate ao momento.


O melhor - A coragem de uma historia singular.

O pior - O preto e branco não beneficia


Avaliação - B-





The White Tiger

 Neste inicio de ano existiu um produto da Netflix que se tornou automaticamente num dos seus maiores sucessos. Falo deste filme que acaba por ser uma co produção americana e indiana, baseada num best seller literario da primeira decada do seculo que viu a luz do dia. Para alem do exito comercial favorecido pelo contexto pandemico tambem criticamente o filme foi bem recebido, conseguindo algumas nomeaçoes para premios inferiores.

Sobre o filme podemos dizer que apesar do seu estilo de historia de vida, muito proximo de uma leitura de massas existem diversos apontamentos que ao mesmo tempo fazem com que o filme seja um curioso filme de entertenimento, mas tambem uma boa abordagem sobre as vivencias de uma india de diferentes classes sociais e de uma sociedade a procura de alguma resiliencia.

Todos estes pontos são bem estruturados num filme pequeno mas ambicioso nos promenores. O filme acaba por ser engraçado na miseria, consegue ter uma personagem em crescendo, e um filme que ao mesmo tempo consegue potenciar ao mesmo tempo a rpugnância de uma sociedade completamente dicotomica, mas que consegue ao mesmo tempo ser uma critica social interessante.

Assim sem duvida alguma este The White Tiger acaba por ser uma das boas surpresas do ano demonstrando o crescimento do cinema indiano a tentar recuperar num estilo diferente do que estamos habituados e mostrando uma capacidade de auto critica que durante muito tempo nao vimos. Uma das agradaveis surpresas do ano.

A historia fala de um jovem muito pobre num contexto de pobreza extrema que começa a construir um plano de ascenção como motorista e criado de um jovem rico, percebendo que essa ligação poderá ser o seu elevador social.

EM termos de argumento o filme tem uma historia muito interessante potenciada pelos promenores contextuais que o filme acaba por nos dar como atores principais. Pode ter como grande dificuldade o atalho demasiado rapido do final mas não tira o impacto que ja o livro tinha tido.

Na realizaçao Ramin Barhani é um realizador indiano que ja tinha algum mediatismo num cinema independente norte americano que aqui regressa as suas origens para uma aposta forte. O resultado acaba por ser interessante na capacidade de nos dar uma india profunda que seria dificil para outro que nao oriundo daquele pais.

No cast a escolha de atores indianos foi uma necessidade que poderia complicar o filme mas resulta, principalmente na boa construçao de um total desconhecido Gourav que acaba por demonstrar a sua capacidade de exibir os diferentes pontos da personagem e por isso liderar o filme ao longo da sua duração auxiliado por algumas das maiores figuras de BOllywood.


O melhor - A india profunda

O pior - O atalho final


Avaliação - B+



Thursday, February 11, 2021

Bliss

 Este estranho thriller sobre perceção de realidade era uma das apostas da Amazon para este inicio de ano, conjugando no filme ao mesmo tempo atores nem sempre associados a projetos tao ambiciosos como este e acima de tudo tentando dar uma abordagem original ao mundo da mente. Apesar da ideia arrojada nas primeiras avbaliações percebeu-se que a receção iria ser desastrosa, e a dificuldade ainda exigente da Amazon em dar visibilidade aos seus filmes não permitiu propriamente um resultado comercial significativo.

Sobre o filme podemos dizer que o filme tem alguns atributos que se centram numa boa ideia, numa forma bem pensada de uma criação dos diferentes mundos em que uma pessoa com problemas pode viver, mas o filme tem uma pessima execução nos complementos da historia como personagens e mesmo desenvolvimento dos dois mundos paralelos. AI o filme tem claramente dificuldades que se tornam muito dificeis de ultrapassar e que condicionam muito o resultado final do filme.

Mas e inegavel que a ideia é original, o tema a todos os niveis interessantes mas que falha em grande escala quando nao se leva propriamente a serio num dos pontos fundamentais do filme que a escolha dos protagonistas, isso acaba por tornar o filme algo pastoso ficando sempre uma pessima ideia que o potencial do filme fica muito aquem das suas ideias de base.

Mesmo assim surge um filme com algumas ideias novas, numa sempre dificil do terreno das realidades paralelas, do consumo e da saude mental que no final apesar de algo obvio acaba por ser coerente, pena e que nos detalhes num seja um filme que consiga sequer atingir a mediania.

A historia fala de um individuo desligado que depois de despedido e afastado dos filhos acaba por conhecer uma mulher que lhe vende a ideia que vivem numa simulação e na realidade são alguem de sucesso rodeados por criaçoes imaginarias, que o leva a uma disputa entre diversas realidades.

EM termos de argumento o que o filme consegue potenciar na ideia e mesmo na base ideologica acaba por dificultar e muito nos condimentos de um argumento que nunca consegue ter boas personagens ou consiga do ponto de vista estrutural alinhar bem as suas narrativas.

Na realizaçao Mike Cahill perde alguma possibilidade de alguma maior assinatura que provavelmente exigiria mais meios que o filme nao tem e que na presença deles poderia potenciar um melhor resultado. Um realizador desconhecida que tem uma boa ideia de um bom argumento mas que o resultado fica aquem das possibilidades.

NO cast o grande falhanço do filme, desde logo porque WIlson e Hayek nao tem a intensidade dramatica ou o carisma para protagonizar uma historia particular como esta e o filme nao se leva a serio precisamente por essas escolhas que tambem nao deixam crescer as personagens.


O melhor - Tem uma boa base ideologica e moral.

O pior - As personagens


Avaliação - C



Sunday, February 07, 2021

The Little Things

 Com o anuncio da colaboração entre a WB e a HBO Max toda a gente esperou que o numero de filmes lançados fossem crescendo e em plena epoca de premios este policial a moda antiga tinha chamado a atençao principalmente tendo em conta o cast com tres vencedores de oscar no mesmo ecra. Este filme cujo trailer deixou agua na boca nao foi propriamente um sucesso critico com as avaliações a serem de tal forma medianas que acabaram com qualquer ambiçao que o filme poderia ter numa temporada de premios. Em termos comerciais parece-me um filme com alguns atributos a este respeito e que podera dar para perceber qual o real valor da HBO Max nesta colaboraçao.

Sobre o filme podemos dizer que o filme passa-se nos anos 90 e regressa tambem a um estilo de cinema policial muito proximo daquele periodo e que nos deu alguns dos melhores filmes policiais da historia como silencio dos inocentes ou sete pecados mortais. Entretanto e com dezenas de filmes do mesmo genero de baixa qualidade este filme recupera alguns dos atributos do melhor como rigor na investigação e boas personagens mas no resultado final fica muito longe dos melhores.

As razões pelas quais o filme ainda que com alguns atributos de grande nivel não consegue se equivaler aos melhores passa pelas personagens centrais, embora com bons actores fica a ideia que o filme nunca e propriamente personagens bem trabalhadas ou cuja a quimica consiga cativar o grande publico e em filmes policiais isso e essencial. OUtro dos problemas do filme é ser algo original na abordagem final mas que de alguma forma ludibria o espetador que fica sem algumas respostas.

Por tudo isto este mesmo sendo um filme competente que chama a si alguns dos melhores recursos que vimos nos policiais da historia no resultado final fica algo aquem, principalmente porque falta-lhe a capacidade de numa fase inicial criar uma boa dinamica da dupla central para depois sim trabalhar no nivel narrativo que acaba por ser mais satisfatorio.

O filme fala de um policia veterano retirado e um jovem em ascensão que acabam  por colaborar de forma a tentar determinar quem é o autor de uma serie de crimes que estão a ocorrer e cujas caracteristicas de ambos em conjunto vai tentar respoder.

O argumento não é em grande parte da sua duração propriamente original, embora demontre conhecimento e detalhes de investigação criminal. Com a entrada em cena do eventual suspeito o filme tem alguns apontamentos de boa qualidade e um final surpreendente apesar de ser daqueles que nem sempre completa o espetador.

Na realizaçãio Hanckok e um veterano argumentista que nos ultimos anos apostou na realizaçao faltando-lhe ainda uma obra de referencia. O filme tem os planos bem escolhidos e uma cor proxima de sete pecados mortais, sendo uma clara influencia do filme, mas falta lhe o brilho para assumir um papel de realizador de referencia que ainda não consegue ser.

No cast o filme arrisca pouco escolher tres vencedores de oscares e actores de primeira linha leva a fasquia para o topo, mas so LEto acaba por ter um real espaço para brilhar, o que o faz num excelente papel demonstrando que o ator se encontra em grande forma e em crescendo continuo.


 O melhor - Jared Leto.


O pior - A dupla central nem sempre ter quimica


Avaliação - B



Palmer

Com poucos conteudos com chamando as suas produçoes algumas megas estrelas a Apple Plus ainda parece estar um pouco rudimentar no que diz respeito a luta das operadoras de Streaming não so no numero de conteudos originais mas acima de tudo na divulgaçao da aplicaçao. Dai que pouca gente percebeu que este drama intenso com uma Justin Timberlake sem filtros tenha estreado sem qualquer mediatismo mesmo tendo em conta que o filme ate foi bem recebido pela critica. Isto demonstra que a aplicação da Apple ainda tem muito por onde andar se quiser entrar a serio nesta luta.
Palmer e na sua essencia um drama sobre condições de vida, sobre erros do passado e sobre relação entre as pessoas que na sua historia e igual a muitos outros dama de vida que antigamente preenchiam a matine dos domingos a tarde, embora com um caracter mais cru quer em termos da sexualidade quer em termos da violencia, num filme que quer dar algum lado independente a sua obra.
O filme no entanto acaba por ter um apontamento que o leva para patamares mais elevados que é a forma como a personagem infantil acaba por ser pouco conjugada com o sexo com que nasceu, um tema que principalmente naquela faixa etaria nem sempre e abordado no cinema mas que o filme toca, não so na forma de caracterizar a personagem nas suas vivencias e na forma como as barreiras iniciais sãpo quebradas com a personagem central, e que acaba por ser o apontamento mais vincado do filme.
De resto um entertenimento razoavel, num drama com uma boa mensagem, num filme que quase nunca e bonito tirando nas mensagens positivas que nos dá principalmente nas suas conclusões. Existem filmes que não são feitos para serem brilhantes mas para chegar as pessoas e o filme principalmente na sua contexualização emocional funciona bem.
A historia fala de um ex condenado que apos sair da cadeia e tentar reconstruir a sua vida em casa da avo, acaba por começar a interagir com um menor filha de uma toxicodependente que passa grande parte do tempo em casa da avo e que tem a particularidade de ter interesses tipicos de menina. Tudo fica pior quando a mãe do menor desaparece e a avó morre que o deixa literamente com o minino ao colo.
O argumento do filme não e na construção da linhagem narrativa propriamente original, com um tracejado igual a muitos outros filmes, consegue no entanto dar alguns temas novos, principalmente a questão da identidade de genero na infancia nada comum nos filmes.
Na realizaçao deste projeto Fisher Stevens e um actor com alguns projetos como realizador embora sem sucesso declarado. Aqui tem um filme cru, muito na onde do que o cinema independente muitas vezes nos da e tem talvez o seu maior projeto de ficção num realizador mais proximo dos documentarios. A ver se este e o alento para a continuidade neste genero.
No cast temos um Justin Timberlake mais dramatico sem o lado estetico com alguma competencia sem ser no entanto brilhante. Ao seu lado acabamos por ter a grande revelação, o jovem Ryder Allen que e excelente na indefinição de genero de uma personagem tao pequena. Squibb nos momentos em que entra dá o lado paternal que o filme necessita.

O melhor - A introdução do tema de indefinição de genero na infancia

O pior - Narrativamente torna-se algo obvio

Avaliação - B-


Friday, February 05, 2021

One Night in Miami

 Desde a sua estreia no festival de Veneza que este filme baseado numa peça de teatro que reunia numa noite quatro das maiores figuras da cultura afro americana , tornou-se por toda a contingencia cultural e temporal um dos grandes candidatos aos premios. A forma como a critica bem recebeu este filme e acima de tudo uma boa divulgaçao da Amazon para o lançar em cima do anuncio de nomeados deu a força necessaria que neste ano atipico este filme seja um dos que terá garantidamente lugar garantido nas cerimonias de entregas de premios.

Sobre o filme podemos dizer que é um ensaio de dialogos de diversas personagens da cultura afro americana numa reunião sobre prespetivas da convivencia e dos seus direitos. E um filme sobre cada um deles e sobre formas distintas de estar na luta. Ideologicamente e um filme interessante com uma boa organização e uma ideia que beneficia para este alarido pela contingencia politica do ano.

Claro que podemos dizer que o filme mesmo nas convicções de cada uma das figuras acaba por ser um lugar comum, mas o filme consegue alguns apontamentos que são de sublinhar o conseguir destruir os mitos de cada um deles para os tornar personagens e acima de tudo que estes trabalhem em conjunto em quimica de grupo o que poderia ser dificil em face do mediatismo de todos eles.

Nao sendo uma obra prima, e sendo um filme com demasiadas convicções politicas temos uma abordagem interessante com alguma teatralidade de uma noite passada com quatro icons. Nao se pode diferenciar o filme das lutas politicas que King tambem tem entrado mas no final parece-me que o filme acaba mais do que o seu contexto.

A historia segue quatro figuras iconicas, como Malcom X,Jim Brown, Sam Cooke e Cassius Klay numa reunião sobre prespetivas de ver a vida de um afro americano de sucesso numa suciedade comandada por brancos.

Em termos de argumento a peça de teatro e tambem o filme tem um bom argumento pela originalidade da sua abordagem e por integrar aquilo que é mediatico e caracteristico em cada um deles e encaixar num filme de personagens. Poderá ser considerado em parte demasiado policito mas funciona.

Regina King uma atriz de sucesso e galardoada estreou-se na realizaçao com um trabalho dificil que conseguiu cativar a critica. Ao contrario do que tem sido feito em algumas peças de teatro que passam para o ecra esta e mais uma abordagem clara de cinema com um excelente trabalho de caracterização que merece reconhecimento.

No cast um conjunto de atores nao muito conhecidos que encaixam principalmente fisicamente nos seus icons. O maior destaque vai para Odom Jr que junta o papel mais interpretado em termos de maneirismos e de voz que vai certamente o conduzir a uma nomeaçao.


O melhor  - Os icons tornarem-se personagens


O pior - Pode ser demasiado politico e contextual


Avaliação - B



Wednesday, February 03, 2021

Brothers By Blood

 Quando um filme altera o nome em pleno percurso de distribuição e sinal que alguma coisa não correu bem e que normalmente esse filme acaba por ter todos os ingredientes para estar longe do sucesso. Foi isso que aconteceu com este drama sobre Mafia em Philadelphia, que acabou por estrear neste inicio de ano com pouco ou nenhuma relevância pese embora tenha conseguido reunir um cast consistente. As pessimas avaliações criticas  condicionaram um percurso que acabou por não ter qualquer impacto comercial.

Fazer filmes sobre o mundo do crime em que contexto for é das tarefas mais exigentes do cinema principalmente pela qualidade que o genero ja conseguiu na historia do cinema. Este filme acaba por ser um declarado parente pobre desse tipo de filmes recheado de subidas e recuos temporais na tentativa de justificar personagens que nunca tem profundidade para merecer esse cuidado já que o seu desenvolvimento é sempre diminuido.

Por esta questão parece-me que o filme acaba por nunca crescer. O lado selvagem de cada personagem e a guerra de grupos acaba por ser um emaranhado mal elaborado que nunca consegue captar na essencia as posiçoes de cada um deles, entrando o espetador em desatençao.

E daqueles filmes que ate poderia ser um modesto filme sobre o crime mas que acaba por com a vontade de tentar explicar demais nunca conseguir o minimo impacto nas historias de vida que tenta contar, principalmente aquelas que tras detras.

A historia fala de uma serie de grupos de crime organizado que tenta imperar numa Philadelphia marcada pelo crime e pela vida das suas personagens, principalmente de uns primos com percursos semelhantes mas com moralidade algo diferente.

E no argumento que reside os maiores problemas do filme pela falta de um plano global para o filme que permitisse nem que seja no plano do efeito imediato o filme ter algum impacto. E uma historia sem grandes personagens sem grande fio narrativo com uma tematica vincada insuficiente.

Na realizaçao Guez e um autentico desconhecido que tenta captar alguns dos pontos conhecidos do cinema do crime  mas que nunca consegue cativar as audiencias com uma realizaçao escura e demasiado simplista que dificilmente o tirará do desconhecido.

No cast podemos dizer que o filme ate consegue captar bons interpretes como Kinnman e Schoeanerts, dois atores europeus a ganhar um espaço particular no cinema que tem intensidade e sofrem pelas personagens serem redutoras.


O melhor - O duo de interpretes


O pior - A forma difusa como o filme organiza a sua narrativa


Avaliação - D+

Tuesday, February 02, 2021

The Dig

  NUm ano em que a Netflix se propos a lançar um filme por semana em produção hollywood eis que surgiu este pequeno filme sobre um dado historico com um elenco de luxo pensando ainda em algumas possibilidades de premios em face da extensão do periodo de concurso. Este foi um filme que apesar do seu tradicionalismo recolheu boas avaliações embora nos pareça que o seu estilo pausado poderá não ser por si só ser um ingrediente muito sedutor para massas.

Sobre o filme podemos dizer que se trata de um competente drama historico sobre uma descoberta arqueologica importante, com personagens que se combinam bem mas que tem um problema que muitos dos filmes deste genero mais tradicional acabam por ter que e um ritmo muito lento que acaba por fazer o filme perder a intensidade e resumir-se muito as factos historicos que narra.

Nao e um filme particularmente diferenciado, mesmo que tenha alguns apontamentos de destaque como uma realizaçao e captaçao de imagens bonitas, mas a sua estrutura narrativa completamente linear acaba por dificultar em muito que o filme crie um impacto proprio que o poderia conduzir para dimensões de cinema superior.

Mesmo assim uma historia interessante, historicamente curiosa, que embora pequena dá-nos algum conhecimento da arqueologia, e das suas figuras, mesmo que nem sempre seja um tema de muito interesse e que o filme acaba por se adormecer um pouco em torno de uma caracteristicas algo tradicionais.

A historia fala de um conjunto de arqueologos que tenta descobrir um cemiterio viking ate que encontram uma embarcaçao anglo saxonica que vai conduzir a uma disputa entre os museus para o reconhecimento de tal descoberta enquanto se cria uma união entre o lider da operação e a propritária dos terrenos.

Em termos de argumento o filme não é propriamente muito condimentado para além das descobertas que apresenta. Temos algumas ligações emotivas entre as personagens que deveriam ser mais importantes no processo, mas o argumento acaba por ser um dos factores da falta de ritmo.

Na realizaçao Simon Stone e um desconhecido que conseguiu trazer para a sua obra um conjunto de atores de primeira linha. Temos uma realizaçao algo parada mas com alguma estetica que consegue ir de encontro aos objetivos do filme. Nao sendo uma realizaçao brilhante e eficaz.

Em termos de cast o filme esta bem recheado, Mulligan encontra-se em boa forma num ano interessante, com as suas caracteristicas mais conhecidas como intensidade dramatica, e um Ral+ph Fiennes que sempre que se entrega aos seus projetos acaba por os dotar de uma competencia natural.


O melhor - A descoberta

O pior - O ritmo demasiado lento


Avaliação - C+



Monday, February 01, 2021

Locked Down

 Seria uma questão de tempo até às circunstancias completamente distintas onde atualmente vivemos fossem alvo e resultassem num filme em concreto. Doug Liman foi o primeiro e ainda no inicio de tudo em tempo record reuniu um guião do conceituado Steve Knight e deu o arranque ao estudo sobre esta temática. Contudo nem sempre a pressa e amigo da perfeição e criticamente o filme ficou longe do reconhecimento com avaliações algo negativas. Comercialmente esta união entre hbomax e WB terá ainda de ser aperfeiçoada para resultados mais convincentes o que será dificil enquanto não existir uma universalidade do serviço.

Sobre o filme podemos num primeiro momento considerar que é corajoso por trabalhar um assunto com ele ainda decorrer, arriscando falhar na perceção do fenomeno global. Se inicialmente o filme até funciona ainda que de forma moderada no tratamento do fenomeno, na implicação profissional e relacional do mesmo, existe um ponto onde o filme falha e acaba por não se recuperar em momento algum. Esse é o momento em que deixa de lado o contexto, e tenta nos ultimos 20 minutos ser um filme sobre um golpe.

E aqui o filme tem todos os seus problemas de concretização, primeiro porque o golpe é confuso, pouco intenso, e mais que tudo nunca parece encaixar minimamente na vontade que o espetador tem para o filme, esperando mais confinamento e menos espetaculo de ação. Este ponto e particularmente desastroso principalmente se tivermos em conta de Liman funciona bem melhor ao longo da sua carreira num cinema de ação puro.

Assim surge um filme mais exprimental do que fucional, que ficara registado como o primeiro filme sobre as circunstancias de vida que hoje temos, mas que ao mesmo tempo lhe da a roupagem menos necessária ao momento, tornando-o num objeto pouco funcional e que principalmente como filme de ação nunca funciona, o que é pena já que me parece que consegue reunir os meios necessários para isso.

O filme fala sobre um casal em rutura confinados a mesma casa e com trajetos profissionais distintos, que tentando lidar com  todas as circunstancias de partilha de espaço e situação pandemica, vem as vidas profissionais se ligarem e poder resultar num golpe que resolverá todos os seus problemas.

Em termos de argumento existe dois pontos de analise distintos. Em termos da ligação a situação pandemica o filme até e funcional quer nas personagens e nos seus conflitos que tem origem nessa situação, fornecendo uma primeira hora de cinema razoavel. O problema e quando o filme quer ser mais que isso e uma especie de Oceans Eleven da pandemia e é um desastre completo porque o golpe nunca é interessante e os seus contornos mal articulados.

Doug Liman e um realizador que teve sempre alguma dificuldade em se tornar uma referência mesmo depois dos sucessos dos seus Jason Bourne, ou mais recentemente nas colaborações com Tom Cruise. Aqui parece funcionar melhor no registo contextual do que na ação de onde vem e isso acaba por ser surpreendente.

No cast o filme tem uma boa dupla que ate funciona bem com aquilo que lhes é pedido, que Hathway quer Ejiofor encaixam bem na loucura e nas circunstancias dificeis do casal, com bons momentos principalmente na primeira hora de filme. No lado de ação parecem funcionar pior mas ai o argumento e o inimigo principal de ambos.


O melhor - A primeira abordagem ao confinamento no cinema.


O pior - O Golpe


Avaliação - C