Num ano em que o cinema obviamente passou por dificuldades e alguns dos projetos com ambições de premios tiveram de restruturar as suas estrategias, sendo que a estrategia de ser lançado em cima do toque que algumas vezes resulta acabou por caber a este biopic de Fred Hampton aproveitando o contexto racial instalado. Criticamente o filme funcionou e parece estar bem encaminhado para obter algumas nomeaçoes para premios, por sua vez comercialmente a contingencia de cinemas fechados parece ter colocado em causa a sua expansao, algo que poderá mudar com as nomeaçoes.
Sobre o filme temos um filme mais do que sobre uma personagem e o seu discurso de influencia junto do seu publico, temos uma operação policial, o que nos leva o filme para uma aproximação embora pouco comica daquilo que de uma forma diferente Spike Lee fez em BlaKKKlansman. O filme tem bons momentos quer de guião, mas depois parece um filme demasiado politizado e isso tira-lhe algum impacto principalmente na forma de pensar o fenomeno.
Outro dos pontos do filme e sempre o problema tipico dos biopics mais convencionais e na essencia o filme acaba por ser um filme sobre duas personagens que estiveram juntas com funções diferentes. Historicamente e no contexto o filme aproveita bem o momento com boas escolhas para a sua liderança mas depois parece faltar com os ingredientes todos por perder demasiado tempo em discursos com pouco conteudo.
Mesmo assim tendo em conta o tema, algum impacto da contingencia policial, o contexto social este e um filme que parece ter tudo para funcionar, mas pouco para fazer os espetadores amarem. Fica a ideia que sera sempre melhor recebido na comunidade afro americana por tudo o que as suas personagens representam do que o resto do mundo.
A historia fala-nos de Fred Hampton e a forma como o mesmo liderava o partido Black Panthers e a forma como uma operação policial consegue colocar no seu seio um elemento infiltrado que acaba por ser o ponta de lança do controlo do sistema do lado rebelde daquele partido.
Em termos de argumento temos uma boa historia cujo o argumento funciona sem ser brilhante. Fica a ideia que nas personagens poderiamos ter mais, e que o filme sabe que vai funcionar nos seus elementos de base mas não tenta ir mais longe nos dialogos principalmente.
Na realizaçao Shaka King e um discipulo de Ryan Coogler que tem aqui a sua primeira obra, e com uma fasquia elevada. Nao e uma realização particularmente diferenciada num filme que com as ambições de premio que tem deveria ter mais arte. Mesmo assim poucos sao os realizadores que entram logo num filme que vai lutar por premios.
No cast o filme escolhe dois dos atores afro americanos de uma nova geração com mais atributos, principalmente Kaaluya que me parece um dos atores do momentos pela versatilidade e mais que isso pela intensidade que da aos seus papeis. Temos neste papel carisma e presença que lhe iram valer pelo menos a nomeaçao aos premios mais importantes. Ao seu lado um Stanfield que tem trabalhado muito nem sempre bem, que tem um papel mais simples, feito para ser o lado feio da moeda que ele cumpre, embora ja o tenha visto bem melhor noutros filmes.
O melhor - Kaaluya
o Pior - O filme nao conseguir dar o salto para o brilhantismo, sendo apenas competente
Avaliação - B-