Richard Linklater e um realizador e um argumentista que gosta de exprimentar, e alguns dos seus projetos tornaram-se autenticas referências em termos do cinema moderno. Contudo nem sempre o realizador tem conseguido manter esse nivel em projetos mais comuns com uma produçao mais normal. Este filme com alguns objetivos em torno da receção critica não foi propriamente o maior sucesso com avaliações medianas. Comercialmente pese embora o filme tenha conseguido distribuição wide os resultados estiveram longe de ser brilhantes e nem o status de Blanchet deu ao filme resultados de bilheteira consistentes.
Sobre o filme podemos dizer que é um filme que se centra em demasia na excentricidade da personagem central, com quem confesso existe alguma dificuldade de naturalmente ser criada empatia. O filme depois cresce bem naquilo que sao os conflitos familiares e na forma como isso conduz a explosao emocional final, sempre com o lado positivo das coisas mas a forma como e criada a personagem central deixa que esse impacto natural do filme nao seja tao forte junto do espetador.
Contudo tambem temos de dizer que sao essas particularidades da personagem que permitem os melhores momentos em termos de dialogos, o que torna a analise do filme algo dual e dificil. Fica a ideia que o filme é bem escrito, que principalmente sabe potenciar bem as ligaçoes e a quimica entre os tres elementos da familia mas perde algum norte quando os coloca no contacto com o exterior tornando-se o filme algo estranho.
Ou seja Linklater funciona onde melhor tem funcionado na sua carreira, nos lugares comuns da familia, na naturalidade com que nos da os dramas familiares e em que os conflitos se tornam oportunidades de união, falha onde o seu cinema por vezes tem sido menos categorico que é quando tenta dar aos seus filmes algo diferenciador em termos de historia ou personagem.
A historia fala de uma ex arquiteta de sucesso que vive retirada da sociedade apenas com a sua familia numa casa degradada, contudo tudo se torna bem mais dificil quando as suas particularidades de vida começam a criar dificuldades na adaptaçao com as pessoas mais proximas inclusivamente com familiares.
Em termos de argumento o filme tem bons momentos principalmente potenciado por dialogos bem escritos. Tambem emocionalmente o filme resulta criando um bom laço entre os tres elementos da familia. Mas nem tudo sao rosas no filme, pois parece-me que por um lado algumas personagens sao demasiado cedo abandonadas e principalmente o filme tem dificuldade em tornar funcionar a excentricidade da personagem na sua realizaçao emocional.
Linklater e um otimo realizador quando nos da inovaçao. Quando tenta um projeto comum as coisas normalmente sao menos vistosas. Este filme e simples tendo apenas a sequencia final filmada na Gronelandia como adoçante, mas na generalidade esta longe da envolvencia de outros projetos.
A personagem de Bernardette nao e facil mas o risco foi nulo na aposta em Blanchet, a atriz tem recursos que sobra para a personagem acabando mesmo por nos dar alguns momentos de uma interpretaçao iconica que nem sempre a personagem acompanha. Parece-me importante sublinhar a personagem de Crudup um ator de segunda linha que nem sempre teve o foco merecido mas que funciona como poucos nas sequencias de emoçao.
O melhor - Alguns segmentos de dialogos
O pior - O filme nem sempre consegue controlar a excentricidade da personagem para os seus propósitos
Avaliação - B-
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