Monday, March 25, 2024

Origin

 Ava DuVernay, desde o momento em que lançou o seu Selma tornou-se numa realizadora de causas, associada a luta racial que tem pautado a sua carreira não só na ficção mas também em alguns documentarios. Este ano lançou este filme sobre diferentes formas de subjugação de massas, baseado na criação do livro "Origin" que foi um dos sucessos dos ultimos anos. Em termos criticos o filme foi lançado em competiçao para os premios, mas as suas boas avaliações foram insuficientes para tornar o filme num candidato a premios. Comercialmente o filme optou por lançar-se a longo plano em Janeiro, mas o resultado comercial do filme ficou um pouco aquem do que poderia valer alguem como Ava.

Sobre o filme desde logo parece importante sublinhar o que o filme passa, a mensagem, o detalhe dos estudos, o lado pesado e frio de imagens que nos deixam envergonhados dos momentos que assistimos. Nisso o filme acaba por ter esse impacto estetico, e deixa uma mensagem forte sobre o debruçar pleno sobre esses momentos, com todo o impacto que o mesmo quer ter.

Por outro lado o filme tem uma dificuldade clara de ritmo, porque tenta ser um filme com um estilo quase documentario sobre a produçao de uma obra, sobre o processo de elaboraçao do seu best seller por parte da autora Isabel Wilkerson que leva muitas vezes o espetador a deambular pelos estudos da personagem, para o seu livro, sem que os flashbacks acabem por ter personagens ou fio narrativo para alem de analises historicas de comportamentos de massa, o que tira o ritmo ao filme ao longo das suas mais de duas horas de duração.

Por tudo isto Origin e na mensagem um filme intenso e de impacto, e é um filme que transmite tudo com a intensidade que quer transmitir. Sente-se o a vontade e ambiçao de causas que o filme tem. A sua estrutura por sua vez faz com que esta especie de documentário faça o filme perder algum ritmo na maior parte dos seus momentos, e isso tira alguma capacidade de comunicar, quando comparado com filmes que contam uma historia concreta.

O filme fala do processo de elaboração de Isabel Wilkerson da sua obra literária, da forma como foi estudando a ligação entre alguns dos maiores atentados da humanidade e a ligação entre eles, o que tem em comum, e conduziu ao sucesso literario Origin.

O filme tenta ser bem mais politico do que narrativo, muito do que vimos do filme, são hipoteses de trabalho teorica sobre a forma de funcionar dos genocidios da historia da humanidade, com alguns exemplos concretos, mas com pouca personagem. Isso faz que a mensagem politica seja sempre superior ao filme em si.

Na realizaçao DuVernay e uma ativista realizadora, e assume esse papel de principio a fim neste filme. Temos algumas referencias a outros realizadores de conceito, mas fica a ideia que o ritmo do filme paga a fatura de ser um filme quase documentario com o retrato de situações. Uma coisa é cerca Duvernay quer dar mais que um simples filme.

No cast o filme é liderado de principio a fim por Ellis-Taylor, uma atriz que depois da sua nomeaçao ao Oscar em King Richard conseguiu aqui ser a pontuaçao do filme, num filme em que está presente mas que o filme não exige muito mais para alem do sofrimento natural do que vai contando. E uma interpretaçao interessante, intensa, que tem como particular dificuldade ter que segurar mais de duas horas de filme.


O melhor - A mensagem e a base de estudo.

O pior - O ritmo


Avaliação - B



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