Monday, December 10, 2007

Southland Tales




Confesso que não fui fã do maior sucesso de Kelly como realizador, por achar que se torna facilmente absurdo e sem qualquer tipo de sentido, contudo e certo que o filme era original e formou um culto em torno de Donnie Darko, dai que a expectativa relativamente ao novo filme, daqueles que muito apelidaram de novo Lynch era grande, contudo os sucessivos atrasos e a recepçao pouco calorosa em Veneza o ano passado fizeram logo antever, aquilo que o cast, ja deixava antever, ou seja que estavamos longe de uma obra prima. Muito tempo depois o filme finalmente estreia nos EUA, com resultados de bilheteira quase residuais e uma recepçao critica na maioria negativa.

O mais obvio neste filme, e que Kelly cai totalmente no entusiasmo provocado pela aceitaçao massiva do seu exoterismo e multipica-o em dimensoes industriais, so que o que por vezes tem graça quando exagerado, para alem de patetico torna o estranho em algo absurdo e incapaz de ser consumido. E e o que acontece com este filme, capaz de tornar Inland Empire o filme com mais sentido do mundo, este Southland Tales e um festival de sequencias sem sentido, com a mistura de ficçao cientifica e sub natural, que o tornam num dos objectos mais intragaveis do ano, e capaz de fazer duvidar da sanidade mental de Kelly.

O filme ate começa com uma abordagem interessante, com algumas ideias soltas bem conseguidas, principalmente na forma como aborda algumas sequencias, mas um filme sem qualquer ligaçao, sem fio condutor, com sequencias totalmente descabidas de qualquer sentido, dá-nos um conjunto de mais de duas horas de puro desvaneio de um autor, totalmente extasiado pelas valorizaçoes anteriores, e dopado pelo sucesso.

Em momento algum o filme consegue ser racional, consegue ser serio, e capaz de ser caracterizado, acaba em determinados momentos principalmente na conclusao como um virus informatico que teima em persisitir e nao acabar.

O argumento ate podia ser analisado se existisse, algo mais do que a tentativa de um autor em ser original, com a articulação de personagens sem sentido pratico, real e logico, enfim um atentado puro ao cinema como um veiculo contador de historias-

O pior de tudo e que como realizador Kelly tem talento e demonstra isto neste filme na originalidade com que introduz as acçoes na forma diferente com que faz o filme, num misto de humor, denuncia e paranormal, contudo neste filme perde totalmente a noçao da realidade na tentativa de atingir um nirvana... que era bem mais facil de atingir sem tanta necessidade de marcar a diferença-

A arrogancia e eloquencia de Kelly começa logo na escolha do cast, recheado de actores de qualidade mais que duvidosa, herois de filmes de adolescentes, que se encontram ao seu nivel primario de actuaçao, contudo este aspecto conjugado com todo o filme acaba por surpreendentemente de todos os pontos negativos de nem ser o mais acentuado. De referir apenas neste aspecto o bom registo de Timbarlake, que começa a ganhar algum espaço em Hollywood.


O melhor - A sequencia musical.


O Pior - A loucura total em que caiu Kelly.


Avaliação - D-

1 comment:

Anonymous said...

Partindo da premissa que Southland Tales é um quebra-cabeças menos complicado que Donnie Darko, busquei compreendê-lo. Contém SPOILERS – Após a terceira guerra mundial os cientistas estudam e descobrem um tipo de combustível alternativo, denominado carma fluído. As ondas oceânicas servem de combustível para aquela geringonça que produz carma fluído. Porém, o funcionamento dela acarreta a desaceleração planetária e uma fenda na quarta dimensão, ou seja, uma espécie de máquina do tempo no deserto. Os cientistas enviam Boxer Santaros para a experiência de encontrar a si mesmo no futuro e no passado (os macacos falharam porque não têm alma, que besteira rsssss!) Boxer Santaros do presente é morto por Serpentine, a acessora dos cientistas e quem permanece vivo é o Boxer Santaros do futuro. Porém, Boxer Santaros foi conduzido por Ronald que encontrou seu eu futuro ou Roland (outro artifício do diretor). Ronald e Roland estão vivos no presente e nas mãos dos neomarxistas, porém Roland ainda não sabe da existência de Ronald. Boxer Santaros retorna com amnésia do deserto e pouco a pouco vai descobrindo quem é. Escreve um roteiro para um filme sobre o fim do mundo. Este roteiro é divulgado para todos (no sense total) e os cientistas (que se revelam neomarxistas depois) sabem dos detalhes através dele. Nos minutos finais, Boxer Santaros descobre o corpo do eu passado (ou presente para ele) que foi incinerado por Serpentine, entendendo também que ele é seu eu futuro e por isso sabe como o mundo acaba. Roland começa, lentamente a descobrir quem é (um eu futuro) e quer encontrar o eu presente, Ronald (quem sou? Isso não é da sua conta, essa foi impagável rsssss) O carma fluido injetável, por ser uma espécie de droga que altera a estrutura corporal e mental, dando acesso à quarta dimensão e aos demais eus das pessoas, serve como caminho para rastrear e encontrar Ronald, por isso, Roland injeta a droga. Sabe que Ronald vai tentar se matar por remorso e culpa pelo que fez ao piloto Abilene no Iraque e quer evitar a morte do eu presente e futuro. Porém, se os dois apertarem as mãos, gera um colapso na quarta dimensão (teoria da física quântica novamente) e o mundo acaba ou se funde? Eis o mistério, porém é teoricamente impossível a existência de dois seres o objetos iguais no mesmo espaço e tempo. Quando eles apertam as mãos, o furgão sobe até o Zeppelin do barão com o agente neomarxista e terrorista. Como os neomarxistas conhecem o futuro pelo roteiro de Boxer Santaros, sabem que a chance de “acabar com o capitalismo e o totalitarismo” é explodindo o Zeppelin naquele momento. Há uma segunda alternativa, se o atentado falhar ou seja, divulgar o vídeo de Boxer Santaros e Krysta transando, desmoralizando a célula capitalista nas próximas eleições. Porém, o roteiro escrito pelo Boxer Santaros do futuro não falha e o terrorista acerta o Zeppelin, assassinado os capitalistas com os cientistas neomarxistas (numa espécie de sacrifício pela causa) e “é assim que o mundo acaba, não num choro, mas numa explosão”. A explosão do zeppelin. Roland convence Ronald a não se matar, afinal ele “é cafetão e o cafetão nunca morre”. Frente ao vórtice da quarta dimensão, Roland e Ronald tornam-se um só com as mãos apertadas (noto que o reflexo de Ronald desaparece do olho de Roland neste momento) e o messias de um novo mundo. E o mundo acaba ou não no colapso da quarta dimensão? Resta a dúvida e o resto são sátiras e acontecimentos isolados para piorar ou melhorar um filme com altos e baixos. Dá um sono danado na primeira vez que se assiste e poderia se chamar Sleepland Tales como título alternativo. Fato curioso é que Rebekah Del Rio canta o hino americano em Southland Tales e "lla lorona de los angeles" em Mulholland Drive. Excetuando Rabbits, sitcom do próprio David Lynch, são as duas únicas aparições como atriz em filmes e segundo o IMDB. E ainda considero Inland Empire incompreensível e um excelente antídoto para insônia.