Tem sido ininterrupta a
tentativa da Netflix dar o salto para uma das maiores produtoras de
cinema do mundo, quer com investimentos em grandes produçoes, quer
na presença em grandes festivais com autores famosos. Contudo o
passo que me parece mais forte da produtora foi conseguir colocar um
filme na luta pelo festival de Cannes. Claro que deu tanta polemica
que rapidamente as criticas se fizeram sentir, já que se trata na
sua genese de um telefilme. Mesmo com esta toda a resistencia o filme
foi bem recebido com avaliações essencialmente positivas para o
filme de um cineasta sul coreano bem proximo da critica.
Comercialmente os filmes da Netflix sao sempre dificeis de avaliar,
contudo este foi um dos que foi mais falados em termos de cinema.
Sobre o filme eu
confesso que tinha muito boas expetativas relativamente ao filme, não
so porque tinha um elenco de primeiro nivel, e por fui um fa em todos
os niveis de Snowpiecer. Pois bem desde cedo percebi que iriamos ter
um filme com um bom valor em termos esteticos com alguns apontamentos
a fazer lembrar Wes Andersson, mas que o filme em termos de historia
pouco mais tinha do que uma propaganda simples a proteçao dos
animais como comida, não tendo grandes personagens, nem dialogos e
nem desenvolvimento narrativo.
E nessa extrema
simplicidade de meios e de um filme totalmente previsivel no corpo
apenas com um ou outro apontamento diferenciados em termos de forma,
parece claramente que para um filme que teve em Cannes sabe a pouco.
Mesmo que emocionalmente a ternura da relação acabe por ser
simpatica, algo que o filme percebe como a sua mais valia e acaba por
ter dezenas de sequencias sem grande conteudo de interação simples
entre a menor e o animal, o filme na essencia tem muito pouco mais
que isso, a não ser uma critica que já e conhecida de tudo e de
todos.
Por isso uma desilusao
de um filme que a determinada altura quer ser desconcertante a todo o
custo, parece muitas vezes que o filme não necessitava de tanto
desalinho e necessitava de mais razao, mais originalidade no
argumento de base, não na roupagem e caracterizaçao do filme. Temos
um filme de autor mas não me parece que temos uma obra de autor.
A historia fala de um
concurso de dez anos no sentido de tentar encontrar o super porco.
Dez anos depois o vencedor e um gigantesco animal, mas que acabou por
criar uma relação proxima com uma menor, que vai fazer tudo para
impedir que o animal acabe no destino que sempre foi o seu, ou seja,
tranformar-se em comida.
Em termos de argumento
e sabido a ligação entre o vegan e a arte, e aqui temos isso, uma
propaganda com uma roupagem mais arrojada à ingestão de carne como
alimento. Fora essa filosofia o filme não tem muito mais, em termos
de personagem e muito limitado, assim como argumento e mesmo na
linhagem narrativa, e um filme que cuida mais neste parametro nos
promenores do que no essencial.
Na realizaçao Jon Hoo
Bong surpreendeu-me pela positiva no seu filme anterior, e o cinema
sul coreano e muito visual, aqui temos isso, estetica, e nesse
particular parece-me que e o unico elemento de filme de topo, de um
realizador que arrisca, mas aqui a essencia não era muito forte.
No casto, um naipe de
actores de primeira linha, com personagens pouco trabalhadas ou com
pouca dimensao.Do lado positivo sempre a competente Tilda Swinton que
nasceu para personagens diversificadas e iconicas. Do lado negativo
Gyllenhall numa construçao demasiado histerica e demasiado
barulhenta o que nem sempre me parece ser um papel para um actor da
sua dimensao.
O melhor – A dimensao
estetica do filme
O pior – A dimensao
narrativa
Avaliação - C
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