Thursday, December 29, 2016

Solace

Existem argumentos que ficam anos na prateleira como se tivessem algum problema e quando o seu projeto avança outros problemas surgem como a falência de algumas produtoras e distribuidoras e alterações de projecto inicial. Esta é a historia deste filme que saiu com um ano de atraso nos EUA depois de no ano passado ter sido dado a conhecer na europa. Fruto quem sabe de avaliações criticas negativas este que estava para ser a sequela de seven tambem praticamente não existiu em termos comercias com uma estreia muito modesta.
Os poderes psiquicos e sobrenaturais de pessoas são normalmente temas que funcionam bem melhor em termos de filmes de terror do que propriamente em termos de thrillers porque estes necessitam de maior coesão e agrupamento narrativo. Este filme sofre claramente desse mal, ao querer dotar algumas personagens de poderes sobrenaturais cai num circulo que tem que ser quebrado e que logicamente coloca em causa a coerência de um argumento já de si desequilibrado na forma como conduz as linhas narrativas, perdendo o norte na definição de uma estrategia que resulta para desenvolver o filme mas que de imediato coloca em causa a sua conclusão.
E até podemos dizer que o filme até tem um desenvolvimento interessante e que sem poderes naturais poderia ser um thriller interessante dos tipicos em busca do assassino. Mas a intransegência de um filme que quer ir mais além requer uma precisão e um nivel de detalhe e resolução de conflitos do argumento de primeira linha que o filme não, tem fazendo com que o seu climax para além de não ter grande sentido tendo em conta as bases criadas, não tenha intensidade nem tão pouco emoção.
Por isso e tendo em conta que se trata de um filme com um bom elenco, que começou por ser uma sequela de um dos thrillers de maior sucesso das ultimas decadas, o filme tinha de ter desde logo mais qualidade nas bases, mas não se pode dar ao luxo de com tão rebuscada ideia se mutilar a ele próprio, ainda para mais com uma realização recheada de tiques que nada potenciam o filme tornando-o apenas mais confuso.
A historia fala de dois policias a investigar um assassino em serie, que procuram ajuda de um individuo com a capacidade de conhecer o passado e parte do futuro, contudo o que não se esperaria é que o homicida tivesse os mesmos poderes de uma forma ainda mais clara.
Em termos de argumento parece obvio que a base do argumento mesmo sendo original entra num circulo dificil de desfazer e que o proprio filme não o consegue fazer, já que o interrompe sem mestria. Parece ainda cair no erro da maior parte dos filmes mais pequenos de não potenciar algumas personagens reduzindo-os a poucas dimensões.
Afonso Poyart é um realizador inexperiente que neste filme trabalhando com optimos actores tenta mostrar demais de si, criando sequencias, principalmente nas visões, sem sentido, que tenta ser artisticas mas que são apenas frames de videoclips sem coerencia. Muitas vezes os realizadores que percebem que vão ter mais luz exageram nos atributos e as coisas não funcionam bem, isto acontece com Poyart neste filme.
Um cast com Farrel e Hopkins é desde logo um filme com qualidade de actores, Hopkins esta no seu lado enigmatico tradicional que alimentou uma carreira de sucesso muito por culpa da sua serenidade inquietante, o filme aproveita este lado, mesmo que tente potenciar um lado de actor de acção que Hopkinis em face da sua idade já não tem. Por outro lado Farrel como vilão, perde por ser um papel minimalista que nada lhe exige.

O melhor - A base reduzida a um filme policial poderia ter funcionado.

O pior - Dotar demais os poderes de personagens pode conduzir a um bêco sem saida narrativo

Avaliação - C-

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