Thursday, July 07, 2016

Miles Ahead

Durante determinada altura de 2015, e na altura em que este filme foi exibido em alguns festivais, alguns especialistas na analise de concorrentes a premios consideraram Don Cheadle como um possivel candidato ao Oscar de melhor actor nesta interpretaçao de Miles Davis, num filme pessoal do actor que para alem desta tarefa tem muitas outras. Estranhamente o filme ficou adiado para meados de 2016 perdendo a oportunidade dos premios, talvez porque a critica não foi assim tao positiva para com o filme, pese embora as avaliaçoes sejam essencialmente positivas. Comercialmente tendo em conta a pouca expansao do filme podemos dizer que os resultados sao consistentes, mas Miles Davis e sempre uma figura no minimo unica do jazz.
Sobre o filme, desde logo podemos dizer que é um filme arriscado e politicamente incorreto, e um biopic que não sega a estrutura e rigida habitual, basicamente temos dois pontos da vida do autor que jogam em paralelo com alguma mestria do realizador. Por um lado a sua ausencia e por outro a sua vida amorosa. Pese embora esta escolha tenha risco e tem detalhes de boa realizaçao penso que muito da vida de Milles Davis se perde principalmente quando o filme se quer transformar num pequeno filme de gato e rato.
A introduçao de personagens inexistentes ou ser um filme de ações não existentes de alguem que existiu parece original no inicio mas parece-me nem sempre funcionar no filme, por um lado porque o filme mesmo com curta duraçao e limitado no tempo e no espaço não ganha grande ritmo e por outro lado a presença sempre constante do trompete parece sempre mais uma homenagem do que propriamente um biopic, já que quem não conheceu muito da trajetoria do musico aqui so fica a conhecer a personalidade.
Mas mesmo assim merito para uma abordagem diferente, que mesmo não funcionando na plenitude tem marca de autor. Num filme que em todas as vertentes e marcado por alto e baixos em diferentes aspetos. Parece-me obvio que e um filme muito pequeno para ambicionar premios, sendo mais um biopic de um musico algo que alias cada vez mais e o prato do dia do cinema americano.
O filme fala de dois momentos diferentes de Miles Davis o interregno de cinco anos e a forma como e pressionado pelo estudio para o seu regresso, enquanto perde todo o seu material gravado numa estranha relaçao com um peculiar jornalista, e por outro lado a sua relaçao intensa com a mulher com altos e baixos sucessivos.
Em termos de argumento mais que um filme de factos e um filme de prespetiva, e parece-me algo redutor fazer um filme quase sem a primeira vertente, pois parece que algo é descontextualizado, parece mais ficção e menos personagem. Mesmo sendo original não me parece de todo obvio que as coisas funcionam.
Cheadle tem bons apontamentos de realizaçao, principalmente quando arrisca mais, a questao da banda sonora e a verdadeira homenagem e tem bons momentos como as fotografias como timeline. Para estreia podemos dizer que temos apontamentos que podem querer dizer futuro do actor como realizador.
No cast todo o filme e dominado por um cheadle de altissimo nivel, e o melhor do filme a forma como entra na personagem e como a preenche em cada momento. Pouco encontramos do autor e muito do musico, talvez podesse ter sido um bom concorrente na corrida aos oscars do ano passado, este ano parece muito frontrunner para ter sucesso.

O melhor – Don Cheadle o actor

O pior – Mesmo com a abordagem a ser diferente as coisas nunca funcionam totalmente

Avaliação - C+


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