Este é claramente o
ano dos trompetistas de Jazz em termos de biografias de cinema,
depois de Miles Davis ter tido o seu filme, e mais ou menos pelo
mesmo periodo surgiu este Born to be Blue apostado em contar um
parcela da vida de Chet Baker. Os resultados criticos foram parecidos
com boas avaliações sem no entanto nunca entusiasmar, já em termos
comerciais ficou um bocadinho aquem do seu concorrente direto não
conseguindo chegar ao milhão nos EUA.
Sobre o filme eu
confesso que não será facil adaptar a vida de um musico ao cinema,
principalmente fazendo um filme ritmado, ou uma abordagem diferente,
mas penso que as abordagens tem sido algo descoloridas, ou
determinadas para fases da vida muito concretas ou optando por um
paralelismo que torna tudo muito confuso, e que não permite que
muitas vezes os factos descritos o sejam feitos de uma forma clara.
Neste caso penso que o problema esta no segundo. A forma como a
linhagem temporal corre, a forma com o paralelismo do filme da sua
vida, acabam por confundir e não permitir uma linha condutora obvia,
algo que poderia ser uma marca de agua e elemento diferenciador no
filme mas que acaba apenas por o tornar mais estranho e peculiar.
Mesmo assim bons
momentos na forma como consegue criar uma boa dinamica amorosa entre
as personagens, a forma como consegue conduzir a personagem ao
limite, e a forma como ele segue a sua musica. A forma como retrata
que mesmo uma vida de talento pode ter altos e baixos. Do lado
negativo centra-se apenas numa fase da vida do musico, o que pode
deixar muitos outros aspetos principalmente a sua estranha morte de
lado.
Mesmo assim estes
filmes servem como homenagens pura e duras a musicos que marcaram a
historia mas com o tempo deixam de ser tão falados. Certo é que a
atenção nestes filmes tem sido cada vez menor, mesmo quando os
filmes acabam por funcionar na critica. Parece que a forma como a
musica pauta cada momento da historia acaba tambem por ser funcional
no filme.
A historia fala do lado
mais negro da vida de Chet, com problemas de droga, apos ser agredido
e ter que refazer a carreira, sente dificuldades em retomar o
sucesso, e a unica ancora que vai ter para voltar ao estrelato e a
sua relaçao.
Em termos de argumento
o filme perde demasiado na opção do paralelismo narrativo, não
funciona, não trás impacto. Neste caso parece-nos que funciona bem
apenas a ligaçao filme musica, e a forma como consegue caracterizar
as personagens e principalmente as dinamicas do casal.
Em termos de realiação
Budreau e um realizador praticamente desconhecido do grande publico
pese embora não seja novo, tem aqui talvez o seu trabalho mais
visivel, com altos e baixos, a diferenciaçao dos paralelismos com o
uso tradicional da cor e preto e branco, mas por outro lado parece
sempre ter uma camera demasiado irrequieta sem o sentido ser claro de
tal opçao.
Em termos de cast, um
papel que poderia ser interessante para Hawke, não me convence, o
actor fica preso demasiado a alguns tiques comuns e temos mais actor
do que personagem, melhor claramente Ejogo uma das novas figuras do
cinema actual, com um empenho intenso e carismatico, se o casal
funciona deve muito a interpretação desta actriz.
O melhor – Uma Ejogo
cada vez mais intensa
O pior – O
paralelismo narrativo sem utilidade
Avaliação - C+
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