Monday, April 16, 2007


Half Nelson




Todos os anos uma obra independente interfere no decurso natural dos premios iniciais causando expectativa a sua volta, contudo vai esvanecendo com a chegada de premios maiores. Este ano Half Nelson, foi um desses filmes, impulsionado por excelentes criticas e acima de tudo por louvores constantes ao desempenho de Gosling, o filme fugiu da obscuridade e tornou-se numa das obras mais aplaudidas do ano, e reconhecida criticamente. No que diz respeito à carreira comercial do filme, uma vez que as expectativas eram diminutas o filme cumpriu neste particular. Contudo neste ambito parece claramente que a nomeação do protagonista para o oscar principal de interpretação possa ter contribuido em grande parte para este feito.

Contudo e apesar de toda a unanimidade mais ou menos assumida em volta deste filme, confeço que para mim, foi talvez uma das maiores desilusões do ano, e isto porque o filme perde-se na sua propria profundidade, ou seja, apesar de querer entrar em questoes politicas idialistas, o filme tenta tb apenas ser mais uma historia, de vivencias e de personagens, e em certos periodos estes aspectos acabam por se anular, necessitando de muito esforço animico e de ligação do espectador para atingir a verdadeira e demasiado mascarada essencia do filme.

O tema principal do filme é curioso, ou seja a amizade entre uma jovem, inserida num contexto contrubado, com um professor em situação limite com pertubaçoes relacionadas com drogas, estes dois estranhos personagens acabam por estabelecer uma relação proxima, e dificil de definir, alias nada no filme e linear e de facil acesso, que por sua vez transmite uma densidade narrativa forte, mas contudo faz com que o filme se torne demasiado dificil e algo monotono do ponto de vista do ritmo que adquire.

Mesmo assim estamos perante um filme inteligente, forte emocionalmente, e acima de tudo de personagens, o filme vai sempre sendo movido pelo movimento e desenvolvimento das duas personagens centrais que rapidamente se tornam proximas do espectador, contudo estas apresentam um comportamento demasiado ambiguo, sendo dificil, mesmo no final do filme, o espectador conseguir caracterizar minimamente qualquer uma delas.

O argumento do filme reune elementos interessantes parece-nos bem montado, mas peca na forma como tudo acaba por ser demasiado complexo e complicado, as motivações, as relações, as personagens, fogem todas ao quotodiano,e principalmente ao que costumamos visualisar no cinema e que pode causar alguma estranheza no espectador. Mesmo o enquadramento narrativo e a forma de abordar o filme parece a mais dificil, achando que seria mais forte o filme, se por vezes optasse pelos caminhos mais obvios e simples.

A realização de Fleck é a tipica do cinema indie, planos secos, parados e introspectivos, dando mais relevo aos dilemas pessoais das personagens do que propriamente as interações entre estas, no filme apenas ressalva-se neste particular as reuniões entre os dois personagens centrais onde o realizador opta e de uma forma conseguida por planos longos.

O cast, e o filme de uma forma geral vive e respira muito de acordo com a personagem de Gosling, o actor interpreta de uma forma brilhante e acima de tudo com um realismo e tranquilidade impressionante um papel denso, dificil, e complexo do ponto de vista fisico e emotivo, sendo o grande vencedor do filme. Parecendo que o filme criou mais uma opção para as grandes interpretações futuras, também em capitulos secundarios o filme parece conseguir transmitir boas interpretações como as de Epps e Mckie, contudo ofuscadas por completo pelo desempenho de Gosling.

Enfim um filme que seria totalmente indiferente caso nao existi-se a excelente personagem de Gosling


O melhor - Ryan Gosling.


O pior - A complexidade que o filme atinge em determinados momentos prejudica a fluencia do tema


Avaliação - C+

No comments: