Friday, February 04, 2022

Parallel Mothers

 Numa altura em que Almodovar encontra-se numa fase mais desenvolvida da sua vida os seus filmes começam a ganhar menos ritmo e mais drama, apesar de continuar com uma cadência interessante de filmes, Em 2022 surge mais uma sua obra, sobre mulheres e acima de tudo sobre mães isoladas dos pais nas suas funções maternais. Este filme estreado em festivais reconhecidos conseguiu chamar a si o entusiasmo critico que o podera conduzir a nomeaçoes para os oscares quer na categoria de melhor filme estrangeiro. Já comercialmente pese embora nos EUA o filme tenha tido algumas dificuldades comerciais Almodovar na europa consegue sempre algum impacto.

Sobre o filme podemos dizer que o filme tem sempre elementos interessantes e impactantes, e o filme trás sempre no feminino esses elementos de uma forma muito concreta como o tema de mãe solteira, da morte subita e da descoberta do passado. O filme parece-me interessante na forma como coloca as suas cartas na mesa, isso alimenta bem o espetador na primeira hora de filme, mas depois acaba por definir mal as suas motivações e mais que isso parece escolher mal o tema que quer fazer vincar, principalmente porque acaba por ser aquele que abandona em grande parte do filme.

O filme parece sempre um filme que trabalha bem os seus conflitos mas depois parece muito apressado e acima de tudo pouco detalhado nas resoluções que escolhe, fica a ideia que o filme é tão detalhado no crescimento do conflito que a sua resolução e de tal forma simplista e irrealista tendo em conta os elementos impactantes que estão em questão.

Um filme que tecnicamente tem bons registos, no estilo colorido e tipico de Almodovar, mas que parece não aproveitar os temas que quer usar no equilibrio dos mesmos. Fica tambem a sensação que o filme fica demasiado preso à necessidade de um Almodovar mais ligado às origens e menos polemico ou impactante mas isso foi sempre o DNA do realizador e aquilo onde o mesmo foi sempre mais virtuoso.

A historia fala de duas mães solteiras que acabam por dar à luz no mesmo momento duas meninas, que acabam por ser trocadas. Com destinos diferentes como pessoas e como mães estas acabam por se reencontrarem e ficarem unidas anos mais tarde de forma a tentar encontrar o fio para o resto da vida.

Em termos de argumento, se é indiscutivel a força e o impacto dos temas que o filme trata, a sua organização e equilibrio de forças nas personagens de cada um é claramente discutivel e parece-me o ponto mais desiquilibrado do filme. Fica a ideia e alguma incapacidade de compreender como o filme não ganha intensidade do conflito e do tema perante o que tem em mão, e o filme perde força com isso.

Na realizaçao Almodovar tem um registo unico de filmar que pese embora inicialmente não fosse do meu agrado foi conquistando. A forma como consegue entrar dentro do lado feminino de cada personagem e dos seus impulsos está patente. Nota-se que está mais adulto e mais calmo, num filme menos estetico, mas nao e na realizaçao que o filme perde força.

Nas interpretaçoes Almodovar tira o melhor partido de algum lado dramatico de Cruz, que se sente confortável na expressão em castelhano, e nos da uma boa prestação. Embora num patamar abaixo do que ja a vimos fazer com Almodovar, e um bom registo para a sua carreira, embora me pareça exagerada a unanimidade desta interpretaçao. Fica mesmo a ideia que por vezes a cena e roubada pela jovem e quase desconhecida Milena Smit


O melhor - O filme introduz bem o seu tema  e o seu impacto.

O pior - Parece deseproveitar o que constroi em escolhas de argumento estranhas


Avaliação - C+



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