Thursday, September 04, 2025

Eddington

 Independentemente da forma com que se aproxima ou não do espetador Aster é um dos realizadores e autores mais vanguardistas atuais de hollywood pela sua capacidade de efetuar filmes eletrizantes concetuais, que entram dentro da psicose das suas personagens, mesmo que muitas vezes sejam estranhos ou indecifraveis. Neste filme sai completamente do terror para entrar no interior americano, com um elenco de luxo o filme estreou em Cannes com boas avaliações mas longe de serem brilhantes como a maioria desejava. Comercialmente arriscou o verão dos blockbusters e o resultado foi sofrivel, principalmente tendo em conta o cast apresentado.

Sobre o filme podemos começar por dizer que se trata de um filme que tem muito boas ideias, um filme com um humor nas entrelinhas que muitas vezes funciona, rico do ponto de vista concetual, mas que falha num ponto funcamental que lhe tira muito do impacto que poderia ter. E falha essencialmente naquilo que se chama coesão e organização de ideias onde fica muito aquém, sendo um filme com boas ideias, com boa satira mas que as personagens parecem apenas estranhas mais do que eficazes nos seus pontos.

Onde funciona normalmente Aster, na componente expressionista das suas personagens o filme não e tao trabalhado, deixando as despesas essenciais em Joaquin Phoenix, fica a sensação que muitas das outras personagens quer encontrar um espaço que o filme não dá sendo parenteses na historia central. E no lado do interior e na forma desadaptaada de comunicar da personagem central que o filme se mostra mais confiante e intenso.

Por tudo isto um filme essencialmente diferente, com um conjunto de boas ideias que necessitavam de mais organização. Por vezes pode-se abandonar alguns pontos de um filme para fazer outros resultarem mais e o filme perde-se um pouco nesses pontos. Nao obstante destas dificuldades Aster sabe fazer as coisas, sabe escolher interpretes e o filme mesmo nao sendo a obra de referencia que muitos esperavam tem as suas mais valias, num ano onde a qualidade esta ausente, nao e aqui que temos o problema.

A historia fala de um xerife desadaptado de uma aldeia pequena em plena confusao ideologica atual e em covid que acaba por decidir ir contra o Mayor da localidade o ex companheiro da sua esposa depressiva, a qual ficou louca apos abandono, mas que acaba por desalinhar toda a sua estabilidade quando a cidade entra num total caos.

O argumento do filme tem um conjunto interminavel de ideias que o filme tem dificuldade em organizar. Mais compreensivel que o anterior, o filme nao consegue sempre gerir os espaços dos seus temas e isso acaba por o tornar algo perdido mas quando se encontra funciona no humor e na satira, mesmo subtilmente.

Aster e um dos meninos bonitos do cinema atual, começando no terror com muita cor e expressao aqui arrisca num estilo diferente que tambem consegue funcionar embora com menos luz. Sabe utilizar bem os interpretes embora arrisque pouco nas suas escolhas. Nunca sera um realizador para todos mas para quem gosta sera sempre referente.

No cast temos Joaquin Phoenix a liderar o filme do primeiro ao ultimo minuto com toda a sua intensidade e recursos que deixam os secundarios de renome como pano de fundo. Pascal e um acessorio, Stone um parentises com momentos e Butler uma rebeldia. Acaba por ser o sempre competente Ward que rouba algumas cenas, num ator que ja merecia outro destaque.


O melhor - O lado comico e algum humor satirico de ideias


O pior - Confuso na sua organização


Avaliação - B-

 

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