Monday, February 05, 2024

Io Capitano

 Numa altura em que o cinema europeu ganha cada vez mais preponderância, com muito patrocínio das aplicações, um dos realizadores mais conceituados do cinema italiano Matteo Garrone, conhecido pela dedicação a filmes sobre a Gomorra, teve agora um novo projeto sobre a crise de migrantes. Este filme realista conquistou a critica, com avaliações muito positivas, sendo que comercialmente o filme acabou por ficar um pouco aquém do esperado.

Sobre o filme quem conhece Garrone sabe o realismo e o lado mais duro que as suas causas têm. Aqui temos esse realismo, com o lado mais duro e emotivo da historia que tenta contar, com os exageros ou o realismo de uma realidade bem presente nos migrantes que chegam do mediterrâneo, num filme sobre resiliência e mais que tudo sobre a condição humana, que acaba por se desenvolver num ritmo continuo, com dificuldades a cada minuto que cumpre bem os propósitos que se coloca.

E obvio que é um filme muito mais impressionante pelo que conta do que propriamente um filme com um argumento e um dialogo de retorica que o diferencie. E um filme que nos da uma realidade que não queremos conhecer mas que o faz da forma mais simples e mais crua que consegue. E daqueles filmes que é um testemunho politico mas todos sabemos que é ai que na maior parte do tempo o cinema europeu cresce.

Assim temos um competente filme que quer demonstrar sem filtros a dificuldades dos migrantes africanos em busca do sonho europeu e as suas nuances. O filme é duro, realista, talvez algo exagerado em alguns momentos, aborda uma mafia bem diferente mas que no final fica a clara sensação que temos um filme que cumpre e que coloca a fasquia bem alta pela competência que imprime aos seus momentos.

A historia segue dois primos, jovens do senegal que tem como objetivo chegar à europa que iniciam uma ode por africa com muitos atropelos a dignidade humana e a grupos terroristas, que levam aos limites da capacidade humana e do sofrimento de ambos.

O argumento toca num dos maiores problemas que neste momento existe na europa, com a crise de emigração através de barcos duvidosos vindo no norte de africa. O filme vai para alem desse momento num processo complexo de estruturas criminais que levam todo o processo, num road trip infernal em busca de um sonho, que o filme trata com realismo.

Garrone e um dos realizadores mais conhecidos e determinados de italia, marcando os seus filmes pela crueldade dos momentos e novamente aqui consegue esse impacto ao longo das duas horas de duração. Pode tudo parecer demasiado, mas o impacto que ele quer ter com o que transmite acaba por ser bem detalhado no filme.

No cast a interpretaçao e entregue a dois jovens desconhecidos que dão o corpo e espelham toda a resiliência e luta que o filme quer dar aos seus personagens. Fica a clara ideia que preenchem o lado emocional e de luta que o filme quer, com a sensação de quase documentario que o filme quer.


O melhor - A brutalidade da realidade.

O pior - Pode ser algo exagerado.


Avaliação - B



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