Tuesday, May 25, 2021

The Woman in the Window

 Quando a adaptaçao desta conhecida obra literária foi anunciada com um elenco de primeira linha e um competente e conceituado realizador, de imediato a expetativa atingiu niveis elevados, aguardando uma feliz adaptaçao e quem sabe uma formula com carimbo de premios. Ficou tudo mais estranho quando a Netflix que tinha a produçao do filme a retirou do elenco de candidatos a premios apostando o seu lançamento em meses de primavera. Com o lançamento e com criticas algo mediocres se percebeu que o filme não tinha passado na exigente critica e que a unica salvação seria o registo comercial, que a Netflix sempre consegue ter.

Sobre o filme eu confesso que olhando para a formula e historia de base parece termos aqui uma intriga policial sobre saude mental igual a outros filmes parecidos baseados em livros como Rapariga do Comboio, o qual também nao resultou propriamente num filme brilhante. Pois bem aqui tambem nao, alias os defeitos de ambos os filmes são muito parecidos e o defraude do resultado acaba também por ser uma conclusao obvia.

Assim, estamos perante um filme com demasiados elementos, de dificil concretização e que o filme nao os consegue potenciar minimamente. Começa pela dificuldade pratica de tornar os dialogos com a familiar numa formula que consiga tornar o elemento surpresa uma concretização. A dificuldade nas diversas valencias da personagem central que o filme nunca consegue explorar bem, deixando apenas Amy Adams entregue ao sofrimento e ambivalencia da personagem e a sua construçao da forma como olha pela janela.

Também a intriga policial acaba por ser construida sem impacto, funcionando apenas a ilusao que o filme quer transmitir ao espetador e alguns apontamentos artisticos de um Wright que nos parece realizador a mais para um filme com uma historia que funciona bem num livro mas que nos parece que nao tinha força para o cinema. Fica a ideia de um filme com demasiado talento para o seu resultado final e isso soa a muito pouco.

A historia fala de uma mulher que sofre de Agarofobia e que passa a totalidade dos dias no seu apartamento em Manhattan a analisar a vida dos seus vizinhos, até que uma nova familiar chega ao bairro e a mesma começa a tentar perceber as dinamicas destes os quais acabam por entrar na sua vida e conduzir a um acontecimento trágico que tem de ser explicado.

Em termos de argumento temos de diferenciar o que um livro necessita para funcionar e um filme. Aqui parece que o primeiro aspeto e obtido mas se calhar esta historia teria normalmente mais dificuldade em se diferenciar como filme. Fica a ideia que as personagens deveriam ter mais dimensao do que o argumento lhe da, e fica a ideia que é no argumento que o filme falha.

Joe Wright e um realizador conceituado que vai intervalando sucessos criticos e comerciais que o aproxima de premios com outros projetos em que falha a todas as dimensoes. Este e um projeto menor numa carreira de alguem que necessita de ser mais constante para se tornar num dos grandes valores do cinema atual.

No cast um elenco de luxo que coloca todo o peso numa Amy Adams que acaba por funcionar no estilo, embora quando o filme seja mais proximo do terror nem sempre tenha a presença exigida nesses momentos, quem sabe por ter recursos a mais. Nos secundarios pese embora o naipe de qualidade acaba por ser o jovem Hechinger que sai com algum destaque, mas mesmo assim o filme nao tem argumento para grandes interpretaçoes.


O melhor - Alguns apontamentos de Wright na ilusao que cria ao espetador.


O pior - A quantidade de atores de primeira linha desaproveitados


Avaliação - C



No comments: