Monday, December 22, 2008

Blindness


Starring: Don McKellar, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover, Alice Braga
Directed by: Fernando Meirelles

Fernando Meireles não e nem nunca poderá ser um realizador de filmes faceis, e daqueles realizadores que gosta de arriscar, nao gosta que ninguem fique indiferente a si e a sua filmiografia, dai que adopte sempre um estilo próprio que apesar da diferença tematica dos seus filmes ja o permite enquadrar no seu genero. Com Blindness a expectativa era demais, por um lado porque o livro era de si muito complexo, depois porque prometia polemica a longa escala. E desde log observou-se que o cinema nao estava preparado para o politicamente incorrecto de Saramago, o filme chocou as hostes mais tradicionalistas dos criticos, e comprometeu a carreira de um filme que tinha ambiçao nos premios de academia. Meireles saiu pela primeira vez agastado e algo derrotado de um filme que nao cumpriu o minimo, talvez porque o puritanismo ainda reina nas terras do tio Sam.
Blindness e como o titulo demonstra o filme feito as cegas, primeiro porque o livro que adapta e muito complicado, no seu genero metaforico, e depois criar o cenario dantesco que Saramago nos dá no livro e uma tarefa quase impossivel e que so a coragem de um realizador como Meireles poderia permitir. Mesmo retirando algumas das sequencias mais chocantes do livro, Meireles joga duro, talvez demais para os resultados que procurava, mas ganha no facto dos verdadeiros adeptos de cinema reconhecerem facilmente a singularidade e a qualidade artistica e global de um filme diferente que marca sem margem para duvidas alguma desilusao e falta de originalidade de um ano cinematografico algo vazio, e obvio que nao e consensual, muito na linha do ou se ama ou se odeia. No meu ponto gostei bastante, para alem da riqueza inerente a moratoria do livro e da excelência da narrativa que nao e preciso sublinhar, Meireles imprime uma contextualizaçao forte e dinamica muito positiva consigue transmitir o caos que Saramago nos dá, com um exercicio estetico proprio e com uma fotografia de primeira linha. Estamos claramente perante um filme de primeira linha nos componentes essenciais do cinema, o problema e talvez por um lado o peso de determinadas sequencias, o facto de poder ser polemico para alguns sectores, de nao ser um filme fácil, tudo isto joga contra um filme, com muitos pontos positivos a assinalar.
Meireles facilmente deveria ter previsto o labirinto de um filme com esta historia, uma cidade onde de repente um surto de cegueira atinge toda a populaçao sendo que a maior parte fica retida em quarentena num antigo hospital onde criam uma verdadeira comunidade com regras desde mais humanas a mais selvagens, na luta pela sobrevivenvia, com toque de caos e de juizo final, o filme e intenso desde o primeiro ate a conclusao final
O argumento e positivo, apesar de alguma defesa em conter alguns dos pontos mais marcantes no livro, consegue acima de tudo captar a sua essencia e tornar o filme forte quer em personagens quer no sentido que o emprega, talvez a creatividade esteja concentrada no livro em si, mas a nao complicaçao exige trabalho num texto tao complexo como de Saramago.
Meireles e um grande realizador, daqueles que consegue contextualizar contextos como ninguem e que consegue transmitir os limites da existencia humana com um realismo impressionante, neste titulo sai do caracter factual e imprime uma toada mais artistica e menos vistosa, mas este jogo de luz e a fotografia sao o charme do filme, onde Meireles joga como quer com este aspecto ao serviço do guiao, ou seja artimanhas so ao alcance de alguns
O cast, apesar das sucessivas modificaçoes, Meireles nao se pode queixar que foi por este que o filme perdeu alguma da força junto aos premios, Moore, regressa a sua melhor forma da qual estava arredada a muito tempo, principalmente depois de sucessivas perdas de oscar, da que muitos consideraram uma das melhores actrizes dos ultimos anos, neste filme carrega o piano, em grande parte das cenas, numa interpretaçao corajosa, dificil que Moore desempenha com uma extrema qualidade, e que merecia quem sabe o reconhecimento de uma actriz que para bem do cinema volta a sua forma. Ruffallo por sua vez com um papel tambem ele exigente um dos maiores da sua carreira e uma prova de fogo a uma carreira algo inconstante entre filmes de autor e comedias romanticas, aqui passa contudo sem isençao, embora cumpra os prerequesitos minimos, falta alguma excelencia a uma interpretaçao que o permitiria, assim como a brasileira, e menina de meireles Braga.
De registar tambem as brilhantes prestaçoes de Bernal e de Glover, duas interpretaçoes capazes de figurar nas melhores secundarias do ano, com dificuldade e qualidade.

O melhor - A coragem de um titulo dificil

O pior - Ter pensado em conseguir ser consensual

Avaliação - B+

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