Saturday, December 06, 2025

After the Hunt

 O ritmo de filmes que Guagadino tem lançado nos ultimos anos, tem-no tornado num dos mais hiperativos do circuito, se calhar a procura da fama europeia que muitas vezes é dificil de assimilar em contextos mais globais. A questão é que depois de Queer nao ter sido propriamente muito amado, este thriller sobre envolvimento universitario acabou por ser um desastre ainda maior, com criticas sofriveis e uma estrategia de distribuição estranha, com pouco tempo de cinema onde os resultados foram curtos para a Prime onde tambem nao me parece que as coisas tenham sido brilhantes, já que em streaming procura-se outro tipo e projetos.

Sobre o filme podemos dizer que temos uma intriga bem criada, mas rapidamente percebemos que o filme não vai ser direto, que se vai perder em preciosismos das personagens, muitas vezes mais pensadas no parecer do que no ser, e isso corta claramente o ritmo a um filme que se torna longo para nunca explodir narrativamente algo que se poderia pensar que fosse ocorrer na fase final.

Nao obstante dessas dificuldades esta longe de ser um mau filme. É um filme que entra num paradigma muito proprio, da exposiçao concreta dos professores no mundo universitário, no fenomeno da ilusão pela referência, mas acaba por ser nos maneirismos das personagens que conseguimos ver mais o cinema de Luca, já que no restante o realizador ausenta-se um pouco.

Por tudo isto temos um filme que se tivesse menos expetativa em face dos envolvidos até poderia ser interessante, mas sofre pela expetativa criada, mesmo no trailer que anuncia um filme em tudo diferente do que surge. Mesmo assim o filme acaba por ser proximo do espetador, num lume brando mas com a força de uma historia interessante.

O filme fala de uma professora universitaria a pensar entrar nos quadros de Yale, que de repente se vê no meio de um escandalo envolvendo uma jovem aluna filha dos financiadiores da universidade e o seu protegido, um professor mais novo, mas que a leva a duvidar de quem confiar.

O argumento tem uma base de conflito forte, que o filme deixa aquecer em lume brando para nunca ferver, esse pode ser um dos problemas maiores do impacto que o filme acaba por nunca ter junto dos espetadores. As personagens tem muitas dimensoes e isso funciona, mas o ritmo brando fica um pouco aquem.

Guagadino e um dos rostos do momento, pela quantidade de filmes e muitas vezes pela qualidade de algum deles, dai que seja, já uma referencia. Não e o seu melhor filme, aposto mesmo em dizer que é o mais comum e vulgar, com menos assinstura, mas isso seria bom para um outro qualquer.

O cast do filme tem uma ROberts que aceita a idade, embora nos pareça que recheia a personagem de maneirismos exagerados. Ao seu lado temos um Garfiel demasiado eletrico, acabando por ser a sempre competente Edebiri, e o omnipresente Stulhbarh a funcionarem melhor.


O melhor - A historia de base

O pior - O ritmo demasiado lento


Avaliação - C+

Thursday, December 04, 2025

Anemone

 Existem atores que para além da qualidade levam consigo o miticismo de uma carreira de sucesso, quase com o toque de midas que fez que quase tudo em que tocasse se tornasse sucessos instantaneos. Esse e o caso de Daniel Day Lewis que depois de mais uma vez anunciar o seu afastamento dos ecras surgiu novamente num projeto familiar, produzido por si, e realizado pelo seu filho. Criticamente espaço onde o filme tinha mais ambiçoes o resultado mediano, muito pouco para o que estamos habituados a todos os projetos do ator. Comercialmente as coisas também não foram brilhantes num filme com poucas ambiçoes neste particular.

Sobre o filme estamos perante um claro filme independente britanico, com alguns momentos esteticamente bem pensados, um Day Lewis com toda a sua intensidade mas um ritmo monocordico muito dificil de acompanhar. Fica a sensação que o filme se adormece na sua eloquencia e as explosões continuas da personagem sao espasmos soltos num filme que tem dificuldade em se expressar claramente junto do espetador.

O filme tenta ser um drama familiar, um que pode ser significativo sendo um filme escrito e trabalhado por pai e filho, mas fica a sensação que vamos sempre deambuilar ao sabor do caracter mitologico de Ray do que propriamente um filme consistente sobre uma familia. Existe momentos onde nos parece que o filme fica completamente perdido narrativamente refugiando-se numa comunicação por imagens que é quase sempre mais competente.

Por tudo isto este filme da familia Lewis acaba por ficar muito mais vincado pelo anuncio do regresso de Daniel do que propriamente pelo filme em si. Existe a clara sensação na maior parte do filme que existe dificuldade em articular historias em preencher os elementos das razões das personagens e isso e claramente pouco para um filme com esta expetativa.

O filme fala de um irmão que procura um outro refugiado numa vida solitaria em plena montanha, tentando que o mesmo regresse para tentar orientar o filme entretanto ambandonado que tem como referência parental o tio.

O argumento para alem do conflito familiar acaba quase sempre por ser um filme sobre uma personagens e os motivos de uma decisão, sendo o resto efeitos colaterais. POuco conteudo para alem do conflito no lado mais pobre do filme.

Na realizaçao Ronan tem aqui a sua estreia no leme com um peso incrivel de um dos maiores nomes no cinema, com o seu pai como muleta. Temos boas imagens o filme consegue muitas vezes captar o isolamento das personagens, mas o ritmo e muito lento.

No cast Day Lewis e um dos melhores atores da historia e aqui demonstra essa intensidade muito propria. Nao e a sua personagem mais trabalhada mas permite que os seus atributos surjam com alguma naturalidade. No restante cast temos uma serie de atores competentes mas o festival e de Day Lewis.


O melhor - ALguns momentos visuais cuidados

O pior - O ritmo inexistente do filme


Avaliação - C

Monday, December 01, 2025

Good Fortune

 Depois do sucesso total que Master of None teve nas comedias comicas seria uma especie de prazo curto percebermos a passagem do seu autor e ator Aziz Ansari para o cinema, desta vez em colaboração estreita com Seth Rogan. O resultado desta comedia foi criticamente interessante, mas comercialmente, mesmo com Keanu Reeves como ingrediente o resultado foi escasso, dando a clara sensação que e muito mais facil triunfar no streaming do que no sempre debatido mundo do cinema.

Sobre o filme podemos dizer que ele começa bem, com os ingredientes que fizeram de The Master of None uma serie de referencia, pela critica aos costumes, piada facil. Mesmo com a introduçao do seu antagonista o filme funciona no extremo, consegue ser engraçado mas percebe-se que perde muito do ritmo, quando entra na comedia a tres as coisas simplesmente deixam de ter graça e o filme perde-se na escolha de Reeves e pouco mais.

Fica a sensação que todos esperavamos uma mensagem muito mais forte na satira do que o filme acaba por conseguir ter. O problema é que o filme quer ser varias coisas tendo dificuldade em ser aquilo que inicialmente queria ser. Esta ambiguidade comica faz com que o ultimo segmento do filme seja claramente inferior e o inicio seja apenas uma boa ideia que acaba por ser desprediçada.

Por tudo isto Good FOrtune deixa um pouco sabor a quem gostou da serie do seu escritor e criador, fica a sensaçáo que o estilo é semelhante mas que se perde a mensagem. Nao sei se voltara a ter uma oportunidade desta ja que mesmo a escolha de Reeves como anjo Gabriel tinha tudo para funcionar em termos comicos mas parece tudo muito artificial, e para uma comedia isso acaba por ser mortal.

A historia segue um migrante nos EUA que tenta fazer com que economicamente seja possivel viver num pais de custo elevado, ate que conhece um magnata com a vida facilitada que um anjo decide mudar de vida para criar a empatia em ambos.

O argumento do filme ate poderia ter uma mensagem significativa como foi sempre tendo os filmes e series escritas por Ansari. Em termos de lado comico fica a ideia que o filme perde na primeira parte os melhores atributos e depois torna-se numa vulgar comedia de estúdio.

Na realização Ansari e conhecido pelo lado das series aqui com uma produção de alguma dimensão ao seu lado, fica a ideia que o filme não é propriamente muito trabalhado, seguindo o principio da televisão com pouco ou nenhum artefacto.

No cast temos Ansari no estilo habitual desajeitado, ao seu lado Rogen no seu estilo de humor e um canastro de nome Reeves a procura de espaço em papeis diferentes, tentando potenciar o contexto do seu estilo e pouco mais, num filme muito pouco de espetadores.


O melhor - A forma como o filme acaba por ter uma fase inicial bastante interessante


O pior - Desaproveitando indo de encontro a uma comedia mediana de humor.


Avaliação - C