No momento em que Ken Loach foi anunciado como o grande vencedor do Festival de Cannes, algumas das vozez mais ativas criticaram sublinhando que tal prémio deveria ter sido entregue a este filme alemão. Contudo apesar de uma trajectória quase silenciosa surgiu no final do ano com um dos mais serios candidatos ao oscar de melhor filme estrangeiro fruto das excelentes criticas no solo norte americano. A nivel comercial, sendo um filme alemão e ainda para mais com quase três horas de duração podemos dizer que o resultado foi o possível.
Sobre o filme eu confesso que sou um bocadinho critico na forma como o cinema europeu compõe os seus filmes, principalmente aqueles que acabam por ser mais valorizados. Este é mais que tudo um filme estranho e se a linhagem central até pode ser uma base para um filme ao mesmo tempo diferente e complexo, ou seja as complicações numa relação pai e filha em fases diferentes da vida, observamos que ao longo das quase três horas de duração o filme tenta surpreender mais pelo seu lado estranho do que realmente pelo significado. Muitas vezes pensamos estar numa dimensão algo diferente quer em humor quer na forma das personagens e torna este filme, algo que outra coisa, estranho.
É claro que o filme tem bons momentos de cinema, lembro-me para registo da festa de aniversário, ou mesmo algumas situações profissionais com o alter ego do protagonista, mas parece-me muito pouco em termos de conteúdo para um filme tão longo e tendo em conta a unanimidade critica que o filme obteve. Penso que com a mesma base e muito do mesmo guião poderia e deveria ser um filme mais intenso e menos preocupado em fazer-se notar pelo lado mais excêntrico.
Ou seja um filme que encaixa muito do que é o lado mais independente e diferenciador do cinema europeu. O mesmo que cria muita proximidade em alguns adeptos mas que a mim em particular se salienta mais por um espírito demasiado preocupado em diferenciar, mais do que potenciar a narrativa e os valores naturais do filme em si. Acho que nem sempre o filme faz o balanço correto entre o que é essencial e o acessório.
A historia fala de um pai que preocupado pela forma de vida da sua filha, integrada numa grande empresa em Bucareste, decide visitar a mesma, percebendo das dificuldades que a sua filha tem na rigidez do seu dia a dia. Contudo a sua forma humorística de estar na vida acaba por criar diversos problemas nesta relação familiar.
O argumento tem na minha opinião uma base interessante, e em termos práticos até acho que consegue atingir os objetivos que se propõe, penso é que no lado humoristico o filme poderia ir mais longe do que simples curiosidades ou excentricidades dos personagens, e o caminho ao ser este o escolhido deveria ser mais curto.
Na realização Maren Ade tem alguns bons momentos principalmente na capacidade de fazer de imagens simples resultados significativos como a inclusão de uma mascara bulgara no filme, que dá um teor de carinho e proximidade entre persoangens que funciona na perfeição. Este ponto acaba por ser o mais próximo dos melhores que o filme tem.
Na realização o filme é dominado por duas personagens distintas mas que funcionam perfeitamente nos objetivos do filme.Sandra Huller tem uma das melhores prestações femininas do ano, numa epoca em que as actrizes europeias começam a chamar a si a atenção de hollywood para os papeis. Para além disso é fácil gostar da interpretação de Peter Simonichek, mas aqui parece-me claramente que tem o papel simples do filme.
O melhor - A sequância da festa de aniversário com o climax final
O pior - O filme ser tão longo para um objetivo muitas vezes simples
Avaliação - C+
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