Sunday, January 08, 2017

Manchester By the Sea

Desde Sundance, e da sua exibição que se percebeu que o regresso de e Keneth Lonergan era um dos acontecimentos do ano e este filme estaria certamente na luta pelos premios principais que antecedem os oscares. O tempo, a estrategia e a estreia demonstraram isso com criticas praticamente unanimes por parte da especialidade e em termos comercias para um filme com poucos objetivos neste parametro a conseguir resultados impressionantes que o tornaram naturalmente nesta fase da corrida como um dos mais serios candidatos aos oscares principais.
Sobre o filme, quando nos perguntam sobre o que é o filme temos alguma dificuldade em descrever, podemos dizer que é sobre sofrimento e as formas de o viver. E nisto o filme é interessantissimo na forma como reflete todo o sofrimento nas personagens e nas sequelas dos acontecimentos mas mais que isso na forma como consegue encontrar o insolito e a graça nos mais terriveis momentos, e isso só é possivel graças a um argumento que tem uma balanço emocional impressionante e que de imediato destigue este filme de quase todos os outros. Ou seja o balanço emocional entre o pior e o ligeiro, os dialogos, e as personagens são de um filme de topo, e acabam por sustentar uma obra marcante e singular, mesmo que na sua base não esteja nada de particularmente relevante sobre a humanidade.
Filmes como este são a prova que muitas vezes com pequenas ideias e muitas vezes com bases comuns se conseguem fazer grandes obras, numa conjugação de momentos comicos, que surgem mais pelo insolito do que propriamente pelo objetivo do filme a momentos de tragedia e dramatismo intenso que fazem deste filme uma expriencia intensa de cinema, sempre num contexto de interior bem escolhido.
Por tudo isto parece-me que estamos perante um grande filme, que poderá perder pele significado e pelo que representa já que na base temos uma historia simples sobre personagens com uma historia, ou seja o que podemos daqui retirar como acontecimento não é elevado. Nao e uma historia propriamente diferente ou a abordagem é por si diferenciadora, mas acaba por ser de um realismo brutal, algo que muitas vezes é escondido de forma a fazer funcionar o entertenimento.
A historia fala de um tio que afastado da sua cidade e com o seu dia a dia bem estabelecido tem de volta a sua terra natal para cuidar do seu sobrinho menor, após a morte do irmão, tendo ai que se encontrar com o seu terrível passado.
Em termos de argumento este é sem duvidas um dos melhores argumentos do ano, e a prova que é possivel com historias de vida fazer algo de diferente, as personagens, o realismo e os dialogos levam este filme para um patamar de força, intensidade dramatica e momentos comicos que fazem dele algo completo.
Em termos de realização, obviamente temos um filme marcadamente pequeno, filmado num espirito indie, não temos grande originalidade na abordagem, mas Lonergan consegue perfeitamente funcionar com os seus espaços quer exteriores quer interiores para sublinhar o que o filme realmente significa. Pode não ser a mais vistosa realização do ano, mas é claramente um das mais eficazes.
O cast deste filme tem sido muito aplaudido, sendo o oscar de melhor ator principal quase um facto para o mais novo dos Affleck. Casey tem aqui o papel da sua vida, um papel de extremos sempre dentro da extroversão anestesiante que é comum nas suas personagens mas saindo muitas vezes dela para o lado de intensidade dramatica, ou para o lado mais desonctraido. Nao sendo dos oscarizaveis dos papeis mais vistosos, é sem duvida um dos mais dificeis e um dos mais completos. Nos momentos em que entra Williams é a unica que consegue ter a mesma intensidade, embora me pareça um papel demasiado curto para premios. Hedges tem o lado mais sereno do filme, mais descontraido e dramaticamente menos exigentes. Apesar de cumprir não me parece de todo oscarizavel.

O melhor – O argumento e Casey.

O pior – Muitas vezes para ser um filme de topo é necessáio um significado maior que uma historia de vida


Avaliação - B+

No comments: