Desde Sundance, e da
sua exibição que se percebeu que o regresso de e Keneth Lonergan
era um dos acontecimentos do ano e este filme estaria certamente na
luta pelos premios principais que antecedem os oscares. O tempo, a
estrategia e a estreia demonstraram isso com criticas praticamente
unanimes por parte da especialidade e em termos comercias para um
filme com poucos objetivos neste parametro a conseguir resultados
impressionantes que o tornaram naturalmente nesta fase da corrida
como um dos mais serios candidatos aos oscares principais.
Sobre o filme, quando
nos perguntam sobre o que é o filme temos alguma dificuldade em
descrever, podemos dizer que é sobre sofrimento e as formas de o
viver. E nisto o filme é interessantissimo na forma como reflete
todo o sofrimento nas personagens e nas sequelas dos acontecimentos
mas mais que isso na forma como consegue encontrar o insolito e a
graça nos mais terriveis momentos, e isso só é possivel graças a
um argumento que tem uma balanço emocional impressionante e que de
imediato destigue este filme de quase todos os outros. Ou seja o
balanço emocional entre o pior e o ligeiro, os dialogos, e as
personagens são de um filme de topo, e acabam por sustentar uma obra
marcante e singular, mesmo que na sua base não esteja nada de
particularmente relevante sobre a humanidade.
Filmes como este são a
prova que muitas vezes com pequenas ideias e muitas vezes com bases
comuns se conseguem fazer grandes obras, numa conjugação de
momentos comicos, que surgem mais pelo insolito do que propriamente
pelo objetivo do filme a momentos de tragedia e dramatismo intenso
que fazem deste filme uma expriencia intensa de cinema, sempre num
contexto de interior bem escolhido.
Por tudo isto parece-me
que estamos perante um grande filme, que poderá perder pele
significado e pelo que representa já que na base temos uma historia
simples sobre personagens com uma historia, ou seja o que podemos
daqui retirar como acontecimento não é elevado. Nao e uma historia
propriamente diferente ou a abordagem é por si diferenciadora, mas
acaba por ser de um realismo brutal, algo que muitas vezes é
escondido de forma a fazer funcionar o entertenimento.
A historia fala de um
tio que afastado da sua cidade e com o seu dia a dia bem estabelecido
tem de volta a sua terra natal para cuidar do seu sobrinho menor,
após a morte do irmão, tendo ai que se encontrar com o seu terrível
passado.
Em termos de argumento
este é sem duvidas um dos melhores argumentos do ano, e a prova que
é possivel com historias de vida fazer algo de diferente, as
personagens, o realismo e os dialogos levam este filme para um
patamar de força, intensidade dramatica e momentos comicos que fazem
dele algo completo.
Em termos de
realização, obviamente temos um filme marcadamente pequeno, filmado
num espirito indie, não temos grande originalidade na abordagem, mas
Lonergan consegue perfeitamente funcionar com os seus espaços quer
exteriores quer interiores para sublinhar o que o filme realmente
significa. Pode não ser a mais vistosa realização do ano, mas é
claramente um das mais eficazes.
O cast deste filme tem
sido muito aplaudido, sendo o oscar de melhor ator principal quase um
facto para o mais novo dos Affleck. Casey tem aqui o papel da sua
vida, um papel de extremos sempre dentro da extroversão anestesiante
que é comum nas suas personagens mas saindo muitas vezes dela para o
lado de intensidade dramatica, ou para o lado mais desonctraido. Nao
sendo dos oscarizaveis dos papeis mais vistosos, é sem duvida um dos
mais dificeis e um dos mais completos. Nos momentos em que entra
Williams é a unica que consegue ter a mesma intensidade, embora me
pareça um papel demasiado curto para premios. Hedges tem o lado mais
sereno do filme, mais descontraido e dramaticamente menos exigentes.
Apesar de cumprir não me parece de todo oscarizavel.
O melhor – O
argumento e Casey.
O pior – Muitas vezes
para ser um filme de topo é necessáio um significado maior que uma
historia de vida
Avaliação - B+
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