Thursday, January 19, 2017

The Book of Love

É comum em determinado momento da carreira de um actor que se dedica em exclusivo à comedia tentar passar para filmes mais sérios, normalmente utilizando o truque de deixar crescer a barba. Pois bem este é o filme no qual Jason Sudekis tenta precisamente ter esta passagem, num filme claramente dramático. O resultado do filme contudo ficou muito aquém do esperado em todos os niveis. Do ponto de vista critico o filme foi na generalidade mal recebido, com avaliações essencialmente negativas, mas também comercialmente fruto da sua pouca expansão e lançamento no mês de Janeiro acabou por não dar grandes hipoteses a um filme que também ele sofreu a alteração de nome, que normalmente indicia o pior caminho.
Sobre o filme podemos começar por dizer que a forma como ele está pensado exige muito do guião e da sua coerência, pois sendo um filme declaradamente emocional, tudo tem que bater certo para não cair naquela toada lamecha de filmes serie B, o que neste filme acaba por acontecer desde o primeiro minuto, muito por culpa de preocupações no lado emocional do filme, que tiram realismo e dimensão quer as personagens quer às ligações entre as mesmas.
Por tudo isto acabamos por encontrar um filme com um bom fundo, e acima de tudo com valores morais interessantes mas que no aspeto racional nunca consegue ser competente, nunca consegue potenciar e dar realismo a uma historias demasiada repleta de cliches emocionais que distanciam tudo da realidade. POr outro lado a espaços penso que o filme tem dificuldades em assentar no seu género que apenas poderia ser dramático muito por culpa de um interprete desconfortavel nessas mesmas funções.
Mas se existe aspeto que penso que o filme poderia e deveria ser mais potenciado é na relação central, penso que a mesma fruto de personagens nem sempre bem introduzidas, nunca consegue ser eficaz e forte. A culpa destes problemas do filme foi preocupar-se em demasiado no simbolismo de algumas sequências, mesmo que estas condicionassem a maturidade de todo o filme, acabando por resultar num drama com mais coração do que cabeça.
A historia fala de um arquitecto que após perder a mulher grávida num acidente de automóvel acaba por começar a relacionar-se com um adolescente problemática com o objetivo de fazer um barco com lixo e partir numa aventura no alto mar.
O argumento que até poderá ter um fundo moral interessante, e uma boa mensagem, acaba por nunca conseguir ser potenciado nas suas caracteristicas basilares. E neste lado negativo parece imperar o facto do filme ter por vezes dificuldade em encontrar o género, personagens demasiado presentas e um ou outro conceito, e dialogos pouco ou nada realistas.
Na realização Bill Purlple que surge essencialmente do seu contributo em televisão, tenta criar sequencias bonitas e com simbolismo, mas a demasiada preocupação nas mesmas acaba por fazer o filme perder maturidade no argumento. Não me parece ser o filme que conduza um realizador para mais altos voos.
Por fim no que diz respeito ao cast, Sudekis tinha aqui uma prova importante para se assumir como actor versátil, depois de anos dedicados à comedia. O resultado não é brilhante, nota-se muita dificuldade nos momentos de maior introversão, e nos momentos mais dramáticos. O truque da barba é usado e compreensivel mas é o primeiro assumir de dificuldades. Maise Williams, também me parece demasiado presa a alguns tiques da sua personagem em guerra dos tronos.

O melhor - No fundo o filme tem uma mensagem positiva.

O pior - Cair no drama piegas e pouco realista

Avaliação - C-

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