Monday, February 28, 2022

A Madea Homecoming

 Tyler Perry e sem sombra de duvida uma das figuras do cinema afro americano atual. Gostando-se ou não do seu cinema de consumo rapido, certo e que ao longo do tempo tem sido lançado diversos filmes do autor, nao so dentro da sua particular perosnagem de comedia que aqui regressa em mais um filme, mas tambem em dramas que habitualmente conquistam muito mais o publico do que a critica. Agora chegou a vez de conquistar a Netflix em mais um projeto diretamente lançado na aplicaçao que se tornara certamente num produto bastante visto pelos adeptos do autor, sendo que criticamente mais uma vez ficou a porta.

Se existe coisa indiscutivel e que Madea e o objeto comercial de maior sucesso de Perry, a sua construçao feminina com um humor exagerado conquistou a populaçao principalmente afro americana e teve na base de todo o sucesso que Perry criou. Claro que cai no exagero, quase num sitcom de baixa qualidade e este filme e mais do mesmo em todos os aspetos, quer no humor quer nos detalhes narrativos que o acompanham, quem nao gostou do que saiu ate agora nao ficara fascinado neste filme.

Em termos de novidade quase nada, existem algumas personagens que regressam, embora a maior parte deles tendo em conta o numero de personagens que ja foi entrando nos filmes ao longo do tempo ja sem sequer sabemos que existia, mas o drama familiar que sempre serve de acompanhamento ao humor fisico de Perry volta a ser pobre.

Por tudo isto mais um filme de Madea igual a tantos outros que nos ultimos anos encharcaram o cinema. O estilo e o mesmo, embora nos pareça que em alguns pontos ate é menos exagerado, mas no final percebemos que vai continuar com o mesmo registo repetindo historias sem fim.

A historia devolve-nos a casa e a familia de Madea e a forma como organiza uma festa de graduação para um sobrinho que vai despertar amores e desamores proximos entre elementos da mesma familia e ao conflito inerente, principalmente com a chegada de uma peculiar tia avó de um deles, irlandesa.

No argumento o costume, humor simples, atual, mas nem sempre funcional, muito produzido por uma forma muito fisica que Perry nestes filmes tem de fazer humor e que nem sempre funciona. Tenta tocar em pontos politicos mas com o registo demasiado absurdo nada e levado a serio.

No que diz respeito a realizaçao Perry assume sempre o leme dos seus projetos fazendo-o mais uma vez. Podemos dizer que sao filmes de pouca exigencia e que como realizador Perry tem um estilo repetido longe de brilhante.

No cast o filme tem uma serie de atores de segunda linha afro americanos quase desconhecidos, que seguem acima de tudo aquilo que Perry gosta de fazer que e transformar-se em Madea, a sua personagem com os seus tiques e com a sua ideia dela. Podemos gostar ou nao, mas funciona


O melhor - Algumas piadas funcionam

O pior - A essencia final do filme e algo pobre


Avaliação - D+



Sunday, February 27, 2022

The Desperate Hour

 Numa altura em que o ano de 2022 ainda vai muito silencioso com uma serie de projetos a serem lançados lentamente eis que surge um filme pequeno, passado com a personagem ao telefone, muito proximo daquilo que ja vimos em outros projetos. Desta vez neste pequeno filme e Naomi Watts que lidera, num projeto que foi lançado em Toronto mas que falhou, com avaliaçoes negativas que conduziram para uma estreia reduzida e uma mais que possivel passagem quase indiferente pelo lado comercial.

Sobre o filme podemos começar por dizer que se trata de um Thriller passado com uma personagem e com diferentes telefonemas num ataque a uma escola e uma mae recentemente viuva que tudo faz para perceber se os seus dois filhos estao bem. O filme avança e recua e vai criando as sensações que quer ao espetador embora demasiado denunciado e sem grande ritmo num filme que acaba por ser quase sempre igual ao longo de menos de uma hora e meia de filme.

Onde me parece que o filme falha e que tudo depende muiyo e a forma como o filme entrega do primeiro ao ultimo minuto o peso da interpretaçao a uma Naomi Watts que nao beneficia de uma personagem muito pouco trabalhada e de alguma baixa de forma que faz com que alguma cenas sejam mesmo algo penosas, principalmente os mais de vinte minutos a mancar.

Ou seja um filme claramente pequeno igual a muitos outros projetos que no passado ja tiveram a mesma base e acaba por ser uma falsificação ou uma imitaçao de baixa qualidade daquele tipo de filme de uma personagens em redes sociais ou telefone que na base acaba por exigir muito em termos de um argumento que neste filme nao consegue ter.

A historia segue uma viuva a lidar com o luto que acaba por de repente ter de lidar com um ataque terrorista a escola dos filhos tendo de agilizar uma serie de telefonemas de forma a assegurar a segurança dos mesmos, mesmo acabando por estar apenas com um telemovel ao seu dispor.

Em termos de argumento temos uma base igual a muitas outras. Nem sempre o filme tem total mestria em organizar os seus pontos para tornar o formato impactante. O que parece falhar mais no filme acaba por ser a personagem central e isso acaba por ser o que mais parece nao conseguir se desenvolver.

Em termos de realizaçao Phillip Noyce e um realizador que nos anos 90 teve muito sucesso mas com o tempo foi perdendo impacto, e denota-se uma fase de carreira muito menos forte, numa realizaçao bastante precaria que justifica o facto de estar entregue a televisao nos ultimos anos.

Watts tem um filme so para si que acaba por tambem demonstrar o porque da atriz nos ultimos tempos estar algo afastada dos grandes filmes. E do tipo de filmes que muitas vezes da palco a protagonista mas muito por culpa da personagem e do mau momento da atriz acaba por ser o calcanhar de aquiles do filme.

O melhor - Este formato tem sempre alguma originalidade.

O pior - Acaba por ser uma imitaçao fraca do que de melhor ja se fez


Avaliação - C-



Monday, February 21, 2022

Cyrano

Cyrano  de Bergerac e um dos livros mais icónicos da literatura mundial que já deu origem a diversos filmes, alguns com mais sucesso do que outros. Este ano surge mais uma adaptação sob a forma de musical  sob a forma de realização de Joe Wright  com ambições declaradas aos prémios, o que se tornou mais evidente depois das primeiras boas avaliações que o filme obteve em alguns festivais contudo o facto de romper com alguma tradição da história de base acabou por não ajudar o resultado final do filme. Em termos comerciais só agora o filme tera uma estreia mais condizente e apenas ai sera possivel perceber o real valor do filme.

A historia de Cyrano e uma historia tradicional, sobre o amor, muito na otica de uma literatura tradicionalista e poetica, que ja trouxe ao cinema alguns filmes de referência. Talvez por isso era com alguma reticencia que percebi que existiria mais uma adaptação, embora Wright por vezes consiga surpreender e desta vez fez em toda a linha. O filme e tecnicamente brilhante, mas acaba por ser na composição sonora com uma melodia brilhante e na excelente interpretaçao que leva o filme para uma dimensão de beleza poetica que me encheu totalmente as medidas.

O filme é acima de tudo bonito, porque aproveita aquilo que a historia tem de melhor, o seu romantismo e a sua beleza, para potenciar tudo isto numa opera de imagens pensadas ao detalhe onde Wright consegue conjugar o espirito tradicional por alguma rebeldia estetica, mas acima de tudo e a banda sonora, as musicas que preenchem toda a beleza da historia numa banda sonora pensada ao detalhe e que preenche os requisitos do tradicional e do atual.

Por tudo isto e pese embora seja um remake de uma historia ja conhecida e que quebre aos mesmo tempo alguns dos valores fixos da historia que poderá nao ser bem aceite por todos os que amam a obra, certo e que mesmo com uma historia de procedimentos simples, o filme e muito bom em quase todos os niveis e merecia sem duvida mais atenção. Criar o otimo e de glorificar transformar o bom em otimo tambem e o filme faz isso.

A historia e conhecida, uma pessoa feia por fora de nome Cyrano apaixona-se por Roxanne, contudo esta acaba por se apaixonar por um soldado com pouco jeito paras as palavras que recorre a Cyrano e as palavras deste para se aproximar e conquistar o seu grande amor.

Em termos de argumento a historia de base e conhecida, e pese embora surjam algumas alterações de principio no filme, toda a moral e mesmo o desenvolvimento narrativo e igual ao que já anteriormente tínhamos visto. Fica a sensação clara que a historia tem valor por si e o filme aproveita isso.

Na realização Joe Wright e um realizador de altos e baixos, que já conjugou bons trabalhos muito aperciados pela critica principalmente em ambientes de epoca e adaptações de historias iconicas, e mais uma vez é neste terreno que ele melhor trabalha. O filme e interessantissimo do ponto de vista estetico mas mesmo na abordagem musical e que devolve Wright ao melhor que ja vimos dele.

Tambem no cast o filme e uma gradavel surpresa, Dinklage da um recital de interpretação facial como poucas vezes vimos. Claro que nao e propriamente um cantor de referencia e isso torna a sua interpretação com algumas debilidades mas fica a clara ideia do que ele faz sobrava para a nomeaçao que nao conseguiu. Mesmo Bennet uma atriz que ainda não tinha conseguido sublinhar-se nos seus anteriores papeis, tem aqui o seu melhor papel, numa capacidade musical que fica na retina.


O melhor - A explendida banda sonora e musicalidade do filme.

O pior - Já vimos a historia, mas se calhar nao como desta vez


Avaliação - B+



Saturday, February 19, 2022

Home Team

 A ligação de Adam Sandler enquanto produtor com a Netflix tem dado diversos filmes, a maioria dos quais sem qualquer tipo de interesse com o estilo tipico que nos habituou. Este ano e para um Janeiro quase sempre demasiado parado surgiu mais uma comedia, com um dos seus atores habituais Kevin James, numa especie de biopic sobre um treinador da NFL. Como a maioria dos filmes da produtora os resultados criticos foram desastrosos e comercialmente numa altura em que os filmes dos premios ainda estão bem vivos os resultados serão naturalmente menos limitados mesmo para a Netflix.

SObre o filme podemos dizer que a historia de base ate poderia ser interessante, mas todos os elementos produtivos tipicos dos filmes de Adam Sandler levam o filme para a mediocridade total em todos os aspetos. Desde logo na vertente comica a cargo de personagens sem graça, irritantes, que nada trazem para uma historia que poderia ser um filme familiar simples, mas que se torna numa comedia absurda sem qualquer tipo de sentido.

Ate nos promenores o filme faz escolhas que nada funcionam, desde o quão irritante e a bandolete do protagonista ao mascar de chiclet, leva tudo a um sentido de ridiculo, que principalmente tendo em conta que e um filme baseado numa historia real era claramente descenecessário e demonstra bem que Sandler mesmo em filmes e projetos simples os consegue arruinar.

Por tudo isto temos um filme absolutamente absurdo com o estilo de comedia fisica e desajeitado que nos ultimos anos Sandler e a sua malta construir filmes que tem apensas o sentido do absurdo como missão. Claro que o estilo tem adeptos que nos ultimos anos permitiram que diversos filmes fossem lançados com maior ou menos sucesso, este e apenas mais um.

A historia fala de um treinador vitorioso da NFL que depois de ser suspenso, regressa a sua terra natal treinado o seu filho no desporto escolar, tornando uma equipa derrotada numa potencial vencedora.

Em termos de argumento sendo a historia de base real e com muito merito e quase insultuoso a forma como a abordagem foi feito com personagens absurdas, sem sentido que em nada melhoram a historia levando um feito a um absurdo que não e facil de explicar.

Em termos de realizaçao o projeto ficou a cargo dos irmãos Kinnane, uma dupla oriunda de curtas metragens que de alguma forma tentaram entrar no mundo das produções maiores pela mão de Sandler o que acaba por nao ser um grande prognostico.

No cast Kevin James dedicou a carreira a Sandler porque consegue potenciar o seu estilo de humor, nao explorando caracteristicas inexistentes. Para os "bonecos" que Sandler quer criar serve, mas pouco mais. Lautner e o tipico caso de heroi adolescente que nao conseguiu trabalho e acabou neste registo.


O melhor - A historia de base e meritoria

O pior - A estupidificação da mesma


Avaliação - D



Drive My Car

 Ao longo destes ultimos meses de premios e de preparação para os Oscares existiu um filme internacional que mais uma vez conseguiu se colocar entre as grandes produções e os grandes favoritos. Tratou-se de este filme Japones que surpreendeu no ultimo festival de Cannes e conseguiu no final, fruto de uma excelente receçao critica ser a grande surpresa na nomeação aos oscares conseguindo conciliar para alem da nomeação para melhor filme, as nomeações para argumento, realizador e filme estrangeiro. Do ponto de vista comercial estas nomeações permitiram uma visibilidade que de outra forma seriam impossiveis.

Sobre o filme, podemos dizer que olhando para aquilo que outros filmes internacionais que conseguiram os mesmos feitos nos deram este e claramente um filme inferior em todos os atributos menos na duração, onde as tres horas de duraçao a ritmo baixo é algo que o torna excessivamente lento e acima de tudo vai cortando alguma da ligação que surge entre espetador e o proprio filme. Normalmente as tres horas de filme e sinonimo de qualidade e de força neste caso acaba por nunca o ser.

O filme tem bons momentos embora fique a ideia que os explore ate ao limite, a introdução de quase quarenta minutos espelha bem o que vamos ver em seguida, ou seja dialogos concetuais interminaveis, com o pano de fundo de uma peça de teatro e os seus atores e personagens e um carro. Fica claramente a ideia que o filme funciona muito melhor na relação entre protagonista e motorista do que em qualquer outro segmento, sendo quase sempre um filme silencioso mesmo no conflito.

Por tudo isto, e tendo em conta que os filmes internacionais sao usualmente formas novas de fazer cinema com vigor sai da maratona cinematografia que acaba por ser Drive My Car desiludido, sem ter atingido grande parte dos atributos que lhe estão associados, mesmo aceitando uma realização com qualidade e uma abordagem extenssissima do que acaba por ser o luto a longo prazo.

A historia fala de um ator e autor de teatro e da sua relação com a esposa, ate ao momento em que esta acaba por falecer e ele embarca para a produçao da sua peça em Hiroshima tendo ai que encontrar alguns fantasmas do seu passado e acima de tudo uma motorista bastante particular.

No argumento muito valorizado, e indiscutivel a exaustao da forma como os temas sao abordados e a riqueza de alguns dialogos. Na historia de base parece sempre demasiado lume brando o que acaba por tirar totalmente o impacto da historia e do que ela quer transmitir pelo menos no volume desejado.

O ponto em que eu penso que o reconhecimento que o filme obteve acabou por ser mais justo foi no trabalho do realizador Ryuseke  Hamaguchi, que realmente acaba por ter um trabalho concetual, de personagens e de contexto com alguma beleza, mas longe dos objetos de arte que já surgiram este ano. Ficara registado o seu nome neste ano embora tenha dificuldades em deduzir que sera o inicio de uma carreira de referencia.

Em termos de cast os atores japoneses tem usualmente uma formula muito particular de interpretar, o que leva a alguma perceção de falta de emoçao, claramente cultural. NIshijima tem o filme a seu cargo com alguns bons momentos mas insuficientes para grandes sublinhados.


O melhor - Alguns dialogos com uma profundidade emocional maxima.

O pior - Tres horas de duração em lume demasiado brando para ter grande impacto.


Avaliação - C



Wednesday, February 16, 2022

The Worst Person in the World

 Um dos filmes mais valorizados e premiados no ultimo Festival de Cannes conseguiu aguentar o mediatismo em ascenção e foi uma das surpresas nas nomeaçoes para os Oscares ao associar à ja esperada nomeaçao para melhor filme estrangeiro a de melhor argumento, tornando-o num filme a ver, apesar do ainda pouco mediatismo do cinema nórdico. Este particular filme de um realizador que ja tinha estado dentro do sistema americano acabou por ser um dos filmes com melhor critica em termos de festivais com avaliações muito positivas, sendo que esse reconhecimento acabou também por resultar em resultados comerciais substantivos que o tornaram num dos filmes referencias do ano.

Sobre o filme podemos dizer que em termos de argumento temos um filme simplista sobre as aventuras amorosas e desventuras de uma jovem a tentar descobrir o seu percurso de vida nas suas relações e acima de tudo aquilo que quer ou não quer da vida. A forma desprendida com que o filme nos da a personagem encaixa num realismo que o filme quer transmitir, mesmo que o filme tenha sempre pouca capacidade de surpreender o espetador na sua historia, acabando por ser mais surpreendido no formato.

E aqui e onde Trier leva o filme para uma dimensao mais artistica, quer na divisão que faz das sequencias, mas acima de tudo em um ou dois momentos em que o filme tem a capacidade de artisticamente entrar na mente da personagem central e explorar a mesma com um lado artistico que diferencia o filme e lhe da aqui os melhores elementos, embora me pareça que no final o filme acabe por ser uma obra que poderia ter outro alcance com uma historia de base mais forte.

Mesmo assim aqui temos a demonstração que mesmo em circuitos de cinema menos provaveis o cinema e universal e com meios as historias aparecem. Apesar de tambem me parecer que este lado independente de um filme de um circuito menos obvio acabe por ser algo sobrevalorizado no resultado final do filme, este e um filme competente e bem interpretado que merece ser visto.

A historia fala de uma jovem aspirante a fotografa que acaba por se ir apaixonando e desapaixonando por diverentes individuos que vai conhecendo numa formula de exprimentar para escolhar, sempre com a certeza que ficara ligada as particularidades de cada um deles.

Em termos de argumento parece-me claro que o filme e mais competente nos momentos isolados, como dialogos situacionais do que na historia de base que acaba por ser algo simplista e pouco intensa. Fica a ideia que e uma historia igual a qualquer outra e que so em espaços o filme se diferencia.

Na realizaçao Trier e um jovem realizador que o cinema esta atento a alguns anos mas que lhe faltava ainda o seu filme de referencia, depois de embarcar em diversos filmes mais pequenos em festivais internacionais tem aqui o filme que pode ser a entrada em altos voos ja que todos vao estar atentos ao que vier em seguida. O filme tem principalmente a espaços momentos de otimo cinema.

No cast a escolha por atores noruegueses e obvia e o filme ganha com isso. A interpretaçao de Renate Reinsvie domina o filme e que conduziu a que jovem atriz saisse vencedora como melhor atris em Cannes. Nao chegou para o oscar, se calhar porque a personagem e muito proxima dos padroes europeus de cinema. E bem acessorada por um intenso Anders Lie que tambem tem alguns dos melhores momentos do filme.


O melhor - Os momentos de arte cinematografia de Trie

O pior - A historia base do filme e limitada


Avaliação - B-



Monday, February 14, 2022

Don't Look Up

 Este seria sem duvida um dos filmes que mais expetativa criei quer pelo elenco de primeira linha recheado de super estrelas, e acima de tudo porque os ultimos filmes de Adam McCay foram talvez os filmes mais diferenciados e disruptivos dos ultimos anos tornando-o num realizador e argumentista singular que tem conquistado os mais diversos publicos no cinema e na televisao. Certo e que este filme teve uma muito fria receção critica para nao dizer pior. As avaliaçoes muito dispares acabaram por nao impedir que o filme se tornasse num dos nomeados para melhor filme, e comercialmente e talvez o maior sucesso de sempre da netflix.

Sobre o filme poderei começar por dizer que mesmo com as expetativas em alto o filme acabou por se tornar numa otima surpresa, com uma satira monumental sobre tudo e alguma coisa, quer na historia de base e a sua metafora para a forma como o mundo encara o aquecimento global ou mesmo apontamentos isolados que surgem no meio de conversas, e um filme original, irreverente, com uma mensagem forte e acima de tudo que diverte, tendo todos os ingredientes e mais alguns para o que um filme deve ser em termos de originalidade nos nosso dias.

CLaro que o filme cai no exagero e que isso possa por vezes fazer com que os mais ceticos nao levem a mensagem a serio mas se olharmos e filtrarmos muito do fogo de artificio que o filme tem, chegamos aos pontos todos, numa satira artistica em que todos os elementos de um filme estão no seu nivel mais elevado e resulta sem duvida num dos filmes mais marcantes do ano e sem duvida um dos melhores. Nao e um filme para todos, e claro que se tem de entrar no espirito de escarnio que o filme tem do primeiro ao ultimo minuto, mas se entrarmos sera certamente uma grande viagem.

Por tudo isto e claro que me parece que este Dont Look Up e para alem de um dos filmes mais arrojados dos ultimos anos, um dos filmes que mais capacidade me teve de enterter, juntando o lado de comedia mais fisica que Mcay cresceu com o lado indiscutivelmente mais satirico e politico num filme que nos podemos rir, mas temos tambem que refletir e muito.

A historia segue dois astronomos que descobrem que existe um cometa a caminho da terra com capacidade de colocar em causa a existencia da humanidade com a conhecemos. Nesse momento tentam alterar as autoridades sobre o que vai acontecer entrando num continuo de açoes e desinteresse.

Em termos de argumento Mcay tem uma capacidade unica de ser satirico com graça, de tornar os filmes simples e com um humor quase idiota em filmes com uma mensagem forte e ideologica que o tornam ao mesmo tempo comedias faceis de ver mas acima de tudo filmes para pensar e isso sao todos os atributos que fazem deste filme um dos argumentos do ano.

Tambem como realizador Mcay no seu risco e irreverencia tem ganho pontos. Talvez menos forte do que vimos principalmente em Big Short, ja temos uma assinatura bem patente de imagens rapidas, colagens, pontes entre a realidade e tudo o resto, num formato atual e dinamico que tambem na televisao ja teve frutos com a sua ligaçao a Succession.º

NO cast o filme e um passeio de estrelas, com os maiores louros a irem para um Di Caprio que consegue adaptar-se a um nivel elevadissimo a qualquer registo, a uma Lawrence que encontra na perfeiçao o registo que a personagem necessita, e acima de tudo um Hill que merecia melhor atençao, com os seus momentos unicos.

O melhor - Toda a mensagem e a forma como o filme nos transmite.

O pior - Adam McCay, ainda nao ser consensual.


Avaliação - A-



Sunday, February 13, 2022

Flee

 Nestas nomeações para os oscares existiu um projeto que chamou particularmente à atenção por ser nomeado em tres categorias que normalmente sao exclusivas umas das outras, como melhor animação, documentario e melhor filme estrangeiro. Este particular projeto convenceu tudo e todos no ultimo festival de Sundance e acabou por conseguir aguentar o seu mediatismo ate as nomeaçoes ficando com a sensaçao que saira certamente com algum premio, se calhar o de melhor documentario. Comercialmente os documentarios tem sempre algumas dificuldades em termos comerciais e pode ser este novo impulso que pode conduzir ao sucesso.

Sobre o filme podemos dizer que e uma abordagem original que mistura personagens que estão por base na historia real do filme, animaçao com a historia e acima de tudo algumas imagens reais sobre os acontecimentos que contextualizam a historia, num filme impactante e diferente que se torna rapidamente um icon por tratar diversos temas impactantes como a guerra, os refugiados e a homossexualidade.

Por tudo isto e pese embora me pareça que a conjugação de generos possa ser algo confuso em termos do impacto final da obra o resultado e principalmente a força da historia que o filme conta merece ser relevado, e ficamos com um bom filme que merece que seja visto pela sua originalidade. Podera nao ser o filme que mais nos surpreende, e acima de tudo deve ser encarado mais do que um filme, um documentario com uma abordagem diferenciada e o sucesso esta garantido.

Numa altura em que as plataformas de streaming cada vez chamam mais atenção para os documentarios, aqui temos uma abordagem diferenciada que pode dar um espaço a filmes que sigam este estilo. A historia e o estilo do filme nao deixa ninguem indiferente embora seja a tipica aborsagem que e facil gostar.

O filme conta a historia de um jovem afegão em plena guerra naquele pais e a sua odisseia com a sua familia até a Russia e depois a Suecia a procura de melhores condições de vida e de uma ajuda com a sua familia, tendo ainda que lidar com a sua homossexualidade.

O argumento do filme e sempre o de um documentario o facto de contar uma historia, com muitas situações de limite, contextualizadas politicamente que resulta num filme de grande impacto naquilo que conta.

No que diz respeito a realizaçao a mesma ficou a cargo de um realizador dinamarques que ganha o filme no estilo, na mistura de generos e no impacto que sublinhara o seu nome em ambos os generos, tendo agora que aguardar como sai da noite dos oscares.

E um filme sem atores, um filme na primeira pessoa.


O melhor - A historia e a abordagem

O pior - Pode ser algo estranho a mistura de generos


Avaliação - B



American Underdog

 O desporto é prodigo em feitos heroicos que rapidamente o cinema absorve de forma a contar ao mundo a historia com detalhes reais e alguns para tornar tudo ainda mais deslumbrante. No final deste ano surgiu o filme que retrata o impressionante feito de Kurt Warner um jogador de NFL que passou de renegado e empregado de supermercado a campeao e MVP da maior liga do mundo. Este simplista filme acabou por passar com mediania na critica sendo que comercialmente conseguiu o impacto na região onde podia ter ja que todos sabemos a dificuldade que os filmes sobre futebol americano e as suas lendas tem noutros territorios.

American Underdog e um filme do mais simples que pode existir, pega na historia, potencia os contornos dramaticos principalmente na parte menos feliz e de reconstruçao da personagem de forma a preparar o filme para os exitos de forma a eles terem ainda mais impacto, e sem grandes preocupaçoes das abordagens ou em construir personagens de verdade ja que o objetivo unico do filme passa por sublinhar o merito mais que a pessoa.

Claro que o filme e um filme de segunda linha recheado de cliches que no final sobre a forma como conta a historia mais do que registo vulgar do filme enquanto obra por si, onde pouco ou nada arrisca indo a procura da emoçao facil, mas no final e obvio que todos gostamos e ficamos felizes pelo final feliz, e nisso o filme consegue de uma forma facil passar as suas emoçoes.

Ou seja um filme de matine que se assume do primeiro ao ultimo minuto como tal, não tenta ser complexo, nao tenta ser artistico, deliberadamente torna tudo mais novelesco e o seu ritmo segue necessariamente esse estilo. E daqueles filmes que por si so nada nos transmite mas ficamos a perceber do outro lado do atlantico as façanhas de Werner.

A historia segue Werner um promissor jogador universitario que falha a passagem num primeiro momento o que o leva a ter de reconstruir a sua vida pessoal e familiar ate conseguir entrar e tornar-se uma referencia historica daquele desporto.

Em termos de argumento tudo que o filme tem de mais vincado centra-se na historia conhecida, ja que na forma como a condimenta o filme e limitado nada trazendo de novo nos personagens ou mesmo no guião das situações concretas as quais procuram apenas a emoçao facil.

Na realizaçao os irmãos Erwin mais proximos de filmes romanticos simplistas de consumo rapido dao uma realizaçao no seguimento do que tem feito, poucos ou nenhuns truques, registo de novela das seta, que obviamente nada tras a carreira dos mesmos, contudo o filme tem objeticos simples que atinge.

No que diz respeito ao cast podemos dizer que Levi e um ator que ainda so tinha funcionado no registo comico de comedia que tem aqui uma personagem simples, que cumpre, ja que pouco ou nada exige de rescursos dramaticos que desconheço se os tem ou nao. Paquim tenta encontrar um novo rumo para uma carreira com uma personagem solida.


O melhor - A historia em si.

O pior - O filme em termos de valor proprio nao tem grandes atributos


Avaliação - C



Saturday, February 12, 2022

The King's Man

 Depois do sucesso que este filme estiloso sobre serviços secretos britanicos teve no seu primeiro filme seria expectavel que o projeto fosse rentabilizado com a ja mais enfadonha sequela e agora com a sua prequela apostada em nos mostrar a origem de tudo o que vimos. Ao contrario do primeiro filme o filme falhou não so junto da critica com avaliações muito sofriveis mas também junto do publico que tornou o primeiro filme um sucesso e comercialmente principalmente nos EUA foi um autentico desastre.

Sobre o filme eu fui um fa declarado em tudo do primeiro filme, quer no protagonista, quer na irreverencia na realizaçao unica e no estilo, que o tornaram para mim num dos melhores produtos de açao dos ultimos anos. O problema de um sucesso e que a expetativa do que se segue e muito elevada e quer na sua sequela e nesta prequela tudo fica muito longe do que o primeiro filme conseguiu sobrando muito pouco do original, talvez mesmo so um Rasputine e a explicação da base de resto um filme sem sabor de açao com algum estilo e pouco mais.

A opçao de tentar construir uma historia de sucesso nao indo buscar qualquer personagem dos filmes anteriores e sempre uma manobra de risco que normalmente corre mal. Se bem que Fiennes poderia ser uma boa aquisiçao para o filme desde cedo se percebeu que a irreverencia seria presente a espaços e principalmente na narrativa e no humor o filme ficaria muito longo mesmo do anterior, talvez por pensar que se poderia levar a serio como filme de açao.

Assim um filme cinzento de açao que funciona melhor nas poucas ligações que faz ao primeiro filme com as cenas na loja e a cena final. O filme apenas numa cena consegue ir a irreverencia e originalidade de açao do primeiro filme, mas e muito pouco para um filme que na sua narrativa de origem tem muitas dificuldades em funcionar e o resultado sabe a muito pouco.

A historia fala de uma familia lord inglesa que acaba por tentar intrevir ao serviço da coroa britanica na anulação de uma guerra que poderia trazer prejuizo para todos conduzindo a formaçao de um serviço ultra secreto.

Em termos de argumento o filme fica muito aquem da originalidade que Vaugh ja nos deu noutros filmes. A intriga central acaba por nao ter muita continuidade parecendo demasiado segmentada. A ligaçao aos primeiros filmes limita-se ao ultimo momento e os twist acabam por ser pouco impressionantes.

Eu confesso que gosto de Vaugh como realizador, original, atual, corajoso, principalmente no primeiro Kingsman teve uma assinatura impactante que acabou por nao ter seguimento nos filmes que se seguiram, sendo este a sua obra menos interessante, mesmo indo ao filme de epoca um registo onde ja tinha algum treino. Necessita de encontrar um outro estilo de cinema para regressar a boa forma.

O filme exigia o lado mais rigoroso ingles qye Fiennes da embora longe do estilo muito mais impactante de Firth. A escolha de Dickinson como nova figura fica muito aquem ja que se denota alguma falta de carisma no jovem ator. Os melhores momentos vao para a iconica personagem de Ifans que o filme desaproveita rapidamente.


O melhor - Rasputine

O pior - A forma quebrada que o filme tem entre os seus segmentos


Avaliação - C-



 

Thursday, February 10, 2022

The Lost Daughter

 Nos ultimos anos tem existido um fenomeno que se tornou ja habitual que é uma estreia de um ator atras das camaras que chama a atenção da critica de tal forma que o filme acaba por entrar na corrida aos premios. Este ano foi este independente filme de Maggie Gyllenhall que obteve esse feito, depois de ser apresentado em diversos festivais com boas avaliações, acabou por ser um candidato ate ao fim a nomeaçao para melhor filme que acabou por falhar. Comercialmente o filme nos EUA foi lançado na Netflix com o impacto tipico do filme de premios.

Sobre o filme podemos dizer que na forma como e filmado e abordado parece claro que as influencias no cinema de Maggie e claramente intimista e independente num filme sobre uma personagem particular e na tentativa de nos dar aos poucos mais sobre a pessoa que vimos. Esta ideia ate podia ser uma boa base para qualquer filme mas fica a ideia que a personagem nunca e minimamente empatica na relaçao com o espetador e o filme torna-se mais estranho do que competente.

No final parece que muito do que o filme nos dá falta por descobrir, quer do relacionamento da personagem estranhissima com os outros ali presentes, quer mesmo na explicação da maior parte das decisões de uma personagem marcada pelo passado que o filme emocionalmente trabalha melhor na revelação embora fique muito por perceber, esclarecer ou mesmo fazer sentido.

Assim e pese embora seja um estilo de filme que normalmente a critica gosta, pelo seu lado aberto, e acima de tudo sustentado numa intepretaçao de primeira linha de uma das actrizes em melhor forma da atualidade, pessoalmente fiquei bastante dececionado com o resultado final, de um filme que parece sempre mais estranho do que qualquer outra coisa.

A historia fala de uma professora que sozinha embarca numas ferias onde observando uma familia com quem partilha o espaço acaba por se recordar do seu passado e das suas decisões nesse passado que condiciona muitas das suas reações.

Em termos de argumento claro que podem existir muitos entendimentos do lado aberto em tentar explicar muito do que vimos. Eu pessoalmente prefiro filmes que assumam mais as personagens e os seus porques, dai que mesmo considerando que a personagem central tem o seu valor e que segura o filme parece insuficiente na minha ideia para trazer o filme para niveis muito positivos.

Gyllenhall estreia-se com um trabalho arrojado, com alguma assinatura, bastante intimista que pode ser um estilo que pode assumir enquanto realizadora. Ja fez o mais dificil que foi conquistar a critica e o seu futuro como realizadora possa ser promissor, embora pessoalmente nao tenha ficado fascinado com o seu trabalho.

No cast o filme e dominado por uma Coleman em excelente forma e que tem os melhores momentos no filme na sua interpretaçao com muito cunho proprio. Alias fica a ideia que sem esta interpretação da atriz em melhor forma de Hollywood quase ninguem falaria particularmente deste filme. Ja a questao de Buckley parece-me sobrevalorizada numa interpretação que muitos valorizam mas parece-me algo natural, embora a nomeaçao premeie a presença de uma atriz em ascenção.


O melhor - Coleman.

O pior - O filme é demasiado estranho para ser bom


Avaliação - C



Tuesday, February 08, 2022

Belfast

 Quando começaram a surgir os principais festivais onde os projetos dos estudios com ambições para o oscar se começaram a perfilar, existiu um que conseguiu cativar a atenção da critica com avaliações excelentes e acima de tudo um lado quase poetico na adversidade. Dai que Belfast se tenha tornado num natural candidato aos oscares, um dos mais fortes, mesmo que comercialmente o facto de ser um filme pequeno, a preto e branco e sem grandes figuras de proa nao tenham permitido grande sucesso comercial.

Sobre o filme podemos começar por dizer que é uma carta de amor de Branaghan a sua cidade de origem e tudo que a mesma sempre teve, ou seja união, ligação entre as pessoas nas adversidades com segurança ou mesmo religião ou economia. O filme consegue ter sempre esses ingredientes sobrando sempre o amor sincero pelo local pelas origens e isso torna o filme mais que tudo bonito e proximo das pessoas.

No entanto e pese embora a forma facil, emotiva e quase poetica com que o filme e as suas personagens nos querem transmitir o espirito da cidade, mesmo quando e dificil encontrar os  lados positivos do mesmo, parece sempre um filme que procura a emoção facil nas diferentes emoçoes que explora, sendo um filme que consegue ir do impacto da adversidade a espontaneadade rapidamente e cujo resultado funciona.

POr tudo isto e nao considerando de forma declarada Belfast como a obra prima do ano, e talvez o filme que melhor comunica emocionalmente com o espetador com um toque artistico na recolhe de imagens e mais que tudo na forma como realmente acaba por na essencia ser uma carta de amor dedicada a sua cidade e as suas origens mesmo quando tudo parece distanciar.

A historia fala de uma familia na irlanda do norte nos anos 60 em pleno tumulto social pelos conflitos religiosos e sociais, que conduzem a uma serie de escolhas entre as oportunidades de vida e a ligação as origens e as pessoas que sempre estiveram la.

O argumento e muito mais bem trabalhado no ponto de vista das emoçoes que transmite do que propriamente pela originalidade ou os dialogos das suas personagens. Alguns insolitos dao ao filme um caracter descontraido que funcion, mas e mesmo na forma como transmite os seus valores e a sua emoçao a cidade que o filme melhor funciona.

Na realizaçao Branaghan e um realizador sempre mais tarefeiro do que um ator de referencia, dai que foi necessario algum coração e algum desprendimento para nos dar a todos os niveis o seu melhor filme como realizador, dando alguns apontamentos de autor que nunca tinham aparecido numa carreira algo cinzenta ate agora e sempre dedicada a autores conhecidos e pouco mais.

No cast o filme tem uma escolha de atores mais eficaz do que deslumbrante nas interpretaçoes. Acabou por conseguir duas nomeaçoes a dois veteranos que acabam por beneficiar da sua carreira no filme em concreto mais do que pelo brilhantismo das suas presenças. Acaba por ser mesmo Balfe que mais brilha e acabou por ficar de fora das nomeaçoes.

O melhor - O poema a Belfast


O pior - As personagens e a historia em si não surpreende



Sunday, February 06, 2022

House of Gucci

 Quando foram lançadas as primeiras imagens deste novo projeto de Ridley Scott de imediato o filme assumiu uma candidatura natural aos oscares, mesmo sendo o segundo projeto em meses do competente realizador e depois do sucesso critico de Last Duel. Pois bem apos os primeiros visionamentos a expetativa caiu, o filme nao tinha o nivel de unanimidade critica para ser o mais forte dos candidatos, sendo sublinhando a competencia do cast. Comercialmente o filme optou pelo lançamento tradicional e acabou aqui por ser grande surpresa com resultados muito competentes.

House of GUcci e um daqueles filmes que quando vimos o trailer e principalmente sendo uma historia conhecida queremos ver o filme. O filme começa bem na introdução de cada uma das personagens e as suas caracteristicas, percebendo muito rapidamente qual vai ser o sentido e a posiçao de cada uma delas. E aqui e que penso que o filme começa a ter os seus problemas e que pelas duas horas e meia de duração acaba por ser sempre algo repetitivo mesmo com as alterações significativos que vai existindo entre as personagens e a marca que acaba por ser o elemento impactante do filme.

Mesmo assim e com os avanços nas diferentes direções que a historia teve no que diz respeito a liderança, com os jogos de poder que o filme nem sempre comunica bem com o espetador a forma como foram criados, acaba por o filme no entanto em cada cena, e principalmente em cada conflito tirar o melhor de algumas personagens fornecendo interpretaçoes de primeira linha que acabam por vezes por encobrir o valor do proprio filme.

Mesmo assim e nao sendo uma obra prima, nem nada parecido, e um filme que forma com competencia e acima de tudo com detalhe uma historia de poder, real de uma marca que conhecemos. O filme perde por algum exagero na "caricatura" das personagens que acaba tirar algum rigor ao filme, mas podera funcionar melhor como entertenimento mas nem sempre me parece que esse balanço seja registado com mestria.

O filme fala na relação de Maurizio Gucci com uma mulher de nome Patrizia, oriunda de uma familia simples, mas com grande ambiçao, que tenta tomar o poder da marca mais conhecida da moda italiana, na posse de outros membros com estilos e projetos bem diferentes.

No que diz respeito ao cast, a historia conhecida de muitos e interessante pela sua evolução e pelo seu tragico final. O filme introduz bem os elementos do conflito, mas na comunicação e desenvolvimento dos mesmos nem sempre encontra o melhor tom e nem sempre utiliza os mesmos da forma detalhada que deveria ter, mesmo assim temos boas personagens com bons momentos na historia interessante que conhecemos.

Scott e um otimo realizador, pese embora o avançar da idade continua a arriscar em filmes diferentes com estilos diferentes que acaba por nos trazer um projeto detalhado em termos temporais, que arrisca menos na sua formula estetica e que da primazia ao que de melhor o filme tem, os seus interpretes. Nao e brilhante a realização mas Scott e sempre competente.

No cast temos o que de melhor o filme nos da, a interpretação de Lady Gaga e brilhante com tudo o que o filme pede para encaixar na personagem Patrizia. Demonstra muito mais atributos do que na sua estreia, dominando o filme nos seus momentos apenas perdendo para as interações um Jared Leto em otima forma, que ajudado por uma catracterização de impactyo nos da um  Paolo surrealista que fornece elementos descontraidos ao filme e que poderão conduzia às mais obvias nomeaçoes para o filme. Parece claro que Driver foi aquele que saiu com mais dificuldades do filme talvez pela personagem, talvez nao.


O melhor - As interpretações de Leto e de Gaga.


O pior - Demasiado extenso para alguns atalhos que toma.


Avaliação - B-



National Champions

 Num Dezembro de reencontro entre os grandes estudios e o cinema com diversas apostas comerciais lançadas nos diversos formatos, existiu uma estreia com distribuição wide que surpreendeu, que se tratou deste filme sobre funtebol americano e sobre os negocios associados. O filme que tinha pensado se calhar uma estrategia de conseguiu algum valor critico começou por falhar neste particular com avaliaçoes medianas. Ja do ponto de vista comercial a estrategia de estreia wide foi um autentico tiro no pe, com uma dos piores resultados para um filme com uma estreia expandida.

SObre o filme até posso pensar que o filme apesar de idealista é completamente inverosímil, nos pressupostos do lado da luta, no momento e mesmo nos desenvolvimentos. Isso tira imediatamente muito do impacto que o filme poderia ter, principalmente se traduzisse uma historia real. Após este ponto menos abonatorio na avaliação do filme existe um outro ponto em que o filme funciona pessimamente que é no som, a presença quase asfixiante de uma musica de climax ao longo de duas horas de duração saturam e dão sempre a presença de que algo de grave vai acontecer quando não vai.

Mas mesmo com estes defeitos que anulam muito do impacto que o filme quer ter, também existe realmente algumas virtudes, a maior das quais o filme tentar dar os diferentes lados da equação. Naõ se fica pelas revindicações sem contraditorio, fornecendo as faces da medalha sem nunca extremar nenhuma delas, com posição definida mas sem o exagero tipico que filmes comom estes caem.

Por tudo isto temos um filme que tinha alguns atributos a potenciar mas que entra numa mediania que não sublinha os mesmos. E claramente um filme pequeno que tenta crescer num tema que normalmente peca por ser circunscrito a realidade americana e que faz perder muito do impacto quando sai desse territorio.

O filme fala de uma final do futebol universitario com muita atenção mediatica, marcado pelo confronto de duas das maiores estrelas em que uma sse revolta e recusa jogar caso não seja aceite revindicações sindicais em que protegem jogadores menos famosos ou com lesões, entrando num jogo de resposta ou contra resposta.

No que diz respeito ao argumento se a base do conflito do filme e a forma como ela e alimentada é forte e impactante, o facto da mesma ser utopica faz que perca muita do impacto. Em termos de personagens fica sempre a ideia que deveriamos saber mais do duo de protagonistas da rebelião e que o filme e algo direto de mais para a negociação e os truques na manga.

Na realização Roman Waugh e um realizador de filmes de ação rapida de impacto proximo do publico mas longe da critica, e neste filme e mesmo com um tema muito mais adulto quando comparado com os filmes anteriores, gere-o como um filme de ação fosse e principalmente no detalhe musical acaba por ser quase impossivel de seguir, ficando a ideia de ser um realizador para filmes de consumo rapido.

No cast o filme aposta num Stephen James a crescer como ator que encaixa bem no perfil que o filme quer para liderar, embora numa personagem algo simplista de mais, e que nao exige grandes recursos principalmente quando comparado com outros filmes que ja protagonizou. Os melhores momentos vao para JK Simmons sempre intenso e competente, e mesmo Ludowig acaba por funcionar no registo que o filme quer dele. No cast temos alguns dos melhores momentos do filme.


O melhor - A base negocial.


O pior  - A musica


Avaliação - C



 

Saturday, February 05, 2022

Nightmare Alley

 Depois do Covid ter atrasado a produção e o lançamento do novo projeto de Guillermo Del Toro apos o oscar obtido em Shape of the Water la surgiu a sua adaptação do livro com o mesmo nome que nos anos 80 já tinha resultado num filme de relativo sucesso, embora o filme tenha negado o registo de remake devido as diferencas para o original e por ser mais proximo do livro. Com um elenco de primeira linha e lançado em epoca de premios as boas criticas pareceram insuficientes para um candidatura de primeira linha embora pareça que o filme ira obter nomeaças nas listagens finais. Pese embora tal facto foi comercialmente que o filme tropeçou onde a exigencia do lançamento em salas pode nao ter sido a melhor opçao com resultados modestos tendo em conta o investimento.

SObre o filme podemos analisar o filme em diversos prismas, na sua introdução e aproximadamente na primeira hora de filme, tudo e muito bem trabalhado, o enigma da introdução da figura central, o espaço que o alberga, as caracteristicas das diferentes mas curiosas personagens e acima de tudo a vontade vincada da personagem do sucesso. O filme consegue ter momentos muito fortes de excelente interpretação e realização que conduzia o filme para um nivel excelente.

A questão e quando o filme entra na sua segunda parte, com a introdução do sucesso, de um novo contexto e de uma nova personagem que embora seja das mais carismaticas do filme torna tudo mais lento, e ai pensamos que nem sempre o filme adquire o ritmo elevado da primeira fase e a intriga custa a comunicar com o espetador, ficando a ideia que so na conclusão deste segundo segmento com um climax de 10 minutos de intensidade maxima o filme recupera a proximidade do espetador.

Mas e no fim que o filme volta a arrebatar com toda a intensidade do espetador num final de grande impacto, moralmente brilhante e que torna o impacto final do filme muito forte junto do espetador, numa historia complexa, bem realizada e bem interpretada que so poderia resultar num muito bom filme.

A historia segue um enigmatico individuo que acaba por ser integrado numa feira de variedades onde aos poucos vai conquistando espaço na procura do seu sonho até se tornar num impactante mentalista de sucesso cuja ambição o leva num caminho perigoso.

O argumento do filme é interessante, as personagens comunciam no tempo certo as suas caracteristicas com o espetador, com twist mais curtos e mais longos, com uma moral muito concreta que torna o filme impactante na intriga e nos valores, e que merecem atenção da academia.

Del Toro e um cineasta de primeira linha que nos dá uma realizaçao de primeirissimo nivel principalmente na primeira hora em pleno contexto de feira de variedades dos anos 40, a luz a cor a forma como torna tudo tão proximo do espetador mereciam atenção num ano muito forte em termos de realizaçao.

NO cast Cooper ficou com a herança pensada para DiCaprio e cumpre sem deslumbrar, no lado mais enigamatico do filme, pode nem sempre ser brilhante, resultando com o lado mais instavel, que o leva para o final intenso e que fica na retina e que podera ser a razão de constar em algumas apostas as nomeaços. No leque de secundários, bons momentos de Dafoe e Strathain na primeira fase e de Blanchet e Jenkins na segunda.


O melhor - A primeira hora e os ultimos cinco minutos.


O pior - NO segundo segmento perde algum ritmo


Avaliação - B+



Friday, February 04, 2022

Parallel Mothers

 Numa altura em que Almodovar encontra-se numa fase mais desenvolvida da sua vida os seus filmes começam a ganhar menos ritmo e mais drama, apesar de continuar com uma cadência interessante de filmes, Em 2022 surge mais uma sua obra, sobre mulheres e acima de tudo sobre mães isoladas dos pais nas suas funções maternais. Este filme estreado em festivais reconhecidos conseguiu chamar a si o entusiasmo critico que o podera conduzir a nomeaçoes para os oscares quer na categoria de melhor filme estrangeiro. Já comercialmente pese embora nos EUA o filme tenha tido algumas dificuldades comerciais Almodovar na europa consegue sempre algum impacto.

Sobre o filme podemos dizer que o filme tem sempre elementos interessantes e impactantes, e o filme trás sempre no feminino esses elementos de uma forma muito concreta como o tema de mãe solteira, da morte subita e da descoberta do passado. O filme parece-me interessante na forma como coloca as suas cartas na mesa, isso alimenta bem o espetador na primeira hora de filme, mas depois acaba por definir mal as suas motivações e mais que isso parece escolher mal o tema que quer fazer vincar, principalmente porque acaba por ser aquele que abandona em grande parte do filme.

O filme parece sempre um filme que trabalha bem os seus conflitos mas depois parece muito apressado e acima de tudo pouco detalhado nas resoluções que escolhe, fica a ideia que o filme é tão detalhado no crescimento do conflito que a sua resolução e de tal forma simplista e irrealista tendo em conta os elementos impactantes que estão em questão.

Um filme que tecnicamente tem bons registos, no estilo colorido e tipico de Almodovar, mas que parece não aproveitar os temas que quer usar no equilibrio dos mesmos. Fica tambem a sensação que o filme fica demasiado preso à necessidade de um Almodovar mais ligado às origens e menos polemico ou impactante mas isso foi sempre o DNA do realizador e aquilo onde o mesmo foi sempre mais virtuoso.

A historia fala de duas mães solteiras que acabam por dar à luz no mesmo momento duas meninas, que acabam por ser trocadas. Com destinos diferentes como pessoas e como mães estas acabam por se reencontrarem e ficarem unidas anos mais tarde de forma a tentar encontrar o fio para o resto da vida.

Em termos de argumento, se é indiscutivel a força e o impacto dos temas que o filme trata, a sua organização e equilibrio de forças nas personagens de cada um é claramente discutivel e parece-me o ponto mais desiquilibrado do filme. Fica a ideia e alguma incapacidade de compreender como o filme não ganha intensidade do conflito e do tema perante o que tem em mão, e o filme perde força com isso.

Na realizaçao Almodovar tem um registo unico de filmar que pese embora inicialmente não fosse do meu agrado foi conquistando. A forma como consegue entrar dentro do lado feminino de cada personagem e dos seus impulsos está patente. Nota-se que está mais adulto e mais calmo, num filme menos estetico, mas nao e na realizaçao que o filme perde força.

Nas interpretaçoes Almodovar tira o melhor partido de algum lado dramatico de Cruz, que se sente confortável na expressão em castelhano, e nos da uma boa prestação. Embora num patamar abaixo do que ja a vimos fazer com Almodovar, e um bom registo para a sua carreira, embora me pareça exagerada a unanimidade desta interpretaçao. Fica mesmo a ideia que por vezes a cena e roubada pela jovem e quase desconhecida Milena Smit


O melhor - O filme introduz bem o seu tema  e o seu impacto.

O pior - Parece deseproveitar o que constroi em escolhas de argumento estranhas


Avaliação - C+



Tuesday, February 01, 2022

The Tragedy of Macbeth

 Eis que num novo cinema em que as aplicações de streaming tem mais peso, surgiu a aposta maior da Apple + para esta temporada de premios. Um filme que marca mais uma adaptação da peça iconica de Shakespeare, com um realizador como Joel Coen e um duo de protagonistas unicos, concretamente Washington e Mcdormand. Criticamente esta abordagem foi muito bem recebida pela critica com avaliações de primeira linha, contudo comercialmente o filme acabou por não resultar espetacularmente comercialmente para a Apple +, mas parece claro que este não seria o produto mais comercial para apresentar.

Sobre o filme começarei pelas criticas, eu penso que é bem patente alguma falta de ideias em Hollywood quando num período de cinco anos surgem duas adaptaçoes da mesma peça de Shakespeare que apenas trazem de novo uma visualidade de assinatura já que a historia é aquela que todos conhecem, sendo narrativamente a repetição ate a exaustao da historia conhecida.

Posto este defeito claro, o filme é estetitamente brilhante, muito por culpa da assinatura, do conceito e da fotografia que o filme da à historia. O filme tem um estilo proprio impressionante que nos da autenticos quadros a preto e branco, totalmente sublinhados por uma fotografia de primeira linha que serve de palco para outro dos atributos claro que o filme tem.

E este atributo e a qualidade dos executantes. Escolher um duo como Washington e Mcdormand para protagonizar a historia com aquela recolha de imagens e uma escolha imperdivel, pena e que tenhamos todos estes atributos numa historia conhecida, que perde alguma capacidade, senão toda de narrativamente o filme surpreender o espetador, e esse ingrediente torna-se cada vez mais necessário para as obras primas do cinema.

A historia e a conhecida peça de Shakespeare, ou seja a ambição desmedida de um guerreiro depois de tomar conhecimento de uma profecia, que o leva a tentar atingir o topo contra tudo e contra todos, apenas sustentado no apoio da mais que ambiciosa esposa.

Em termos narrativos o filme tras a historia original com muitos dos dialogos escritos, e embora seja clara toda a riqueza da pela, fica a ideia que esta transposição acaba por ser curta no que diz respeito a valorização de uma historia escrita mais que conhecida e que o filme nada acrescenta.

A realizaçao de Joel Coen, aqui realmente a solo e separado do seu irmão é vistosa, arrojada, competente, artistica, um dos aspetos que mais salta a vista e o conceito visual do filme, muito potenciado por uma das melhores fotografias dos ultimos anos, onde o preto e branco e o apontamento mais vincado.

No que diz respeito ao cast Washington tem mais um papel para vincar uma carreira unica, intenso, dramatico, fisico e faz com que o filme seja o seu palco ideal para mais uma prestação que lhe valera mais uma nomeaçao. Mcdormand acaba por ser o moleta mais eficaz do que brilhante, mas o filme acaba por ser o palco ideal para o reportório de Washington em boa forma.


O melhor - A fotografia

O pior - Já chega de Macbeth


Avaliação - B-