Thursday, January 05, 2017

American Honey

Todos os anos surgem alguns titulos principalmente nos grandes festivais europeus, que fruto da forma como são recebidos pelo seu exprimentalista, permitem uma maior exposição do filme a publicos maiores o que provavelmente não seria previsivel quando o filme foi produzido. Um desses casos foi este exprimental American Honey, que para além das boas criticas em Cannes, conseguiu dominar os premios do cinema britanico indepentente, e comercialmente conseguiu uma distribuição nos EUA sem no entanto obter grandes resultados.
De todos os filmes que vi este ano, talvez este seja o mais independente, cru e exprimental do ano. Não quero com isso dizer que o filme seja por isso um poço de qualidades, muito pelo contrario penso que muitos dos seus defeitos surgem precisamente desta formula, mas as caracteristicas de base são claramente estas, com alguns beneficios mas muitos problemas na minha opinião no seu resultado final.
Eu tenho dificuldade em ficar agradado em camaras que captam situações das mesmas personagens sem grande guião, é isso que me afastou do cinema de Mallick, e aqui temos uma formula diferente, não temos uma história, não temos uma narrativa, temos personagens num contexto, num filme demasiado longo e repetitivo para o seu real conteúdo, sendo obvio que em alguma parte do filme, a tentativa é nos dar o lado estranho dos seus personagens e das suas excentricidades mais do que nos dar a realidade que um filme assim deveria dar.
Assim e mesmo podendo achar inteligente a forma crua do filme nos dar imagens, na doentia relação, no argumento de personagens perdidos, ou mesmo na forma como todos lutam para ganhar a vida, o bloco final que com esta base poderia ser ao mesmo tempo cru, independente funcional, torna-se uma mistura demasiado repetitiva e sem norte, num filme que prefere não ser objetivo e divagar nas pequenas vicicitudes dos seus personagens.
A historia fala de uma jovem adulta que se cansa da vida que tem e embarca com um estranho grupo de vendedores de revistas comandados por uma estranha mulher, enquanto se apaixona pelo braço direito da patroa.
No que diz respeito ao argumento do filme, penso que ele na realidade não existe, ou seja não é mais do que guias gerais, pedindo depois aos personagens para conversarem sobre o que quiserem durante esses momentos, isso faz com que o filme perca verdadeiras personagens para alem dos dois protagonistas e uma estrutura que a faça funcionar.
Andrea Arnold, tem aqui um filme bem recebido pela critica, porque se predispos a fazer um filme sobre pessoas de rua com o cru que o assunto exige e nisso penso que o filme é inteligente, não é feito para ser bonito, é feito para ser real e interventivo e isso a realizadora consegue, depois de já ter ganho um oscar nas curtas chamar a si a atenção das longas.
No cast a aposta numa novata como Sasha Lane acaba por funcionar pese embora a estrutura do filme não seja exigente, ainda demonstra alguma inexperiencia naquilo que as expressoes faciais podem dar a uma personagem tao calada, mas um papel num filme de tres horas para alguem sem experiencia é sempre dificil. Por outro lado Labouf, parece-nos que fruto de alguma desorganização pessoal caiu no cinema independente que poderá ser a sua sorte em torna-lo num actor mais versatil e intenso.

O melhor – A forma crua com que as imagens são depositas.

O pior – Um filme de três horas tem que ser mais do que deixar andar

Avaliação - C

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