Todos os anos surgem
alguns titulos principalmente nos grandes festivais europeus, que
fruto da forma como são recebidos pelo seu exprimentalista, permitem
uma maior exposição do filme a publicos maiores o que provavelmente
não seria previsivel quando o filme foi produzido. Um desses casos
foi este exprimental American Honey, que para além das boas criticas
em Cannes, conseguiu dominar os premios do cinema britanico
indepentente, e comercialmente conseguiu uma distribuição nos EUA
sem no entanto obter grandes resultados.
De todos os filmes que
vi este ano, talvez este seja o mais independente, cru e exprimental
do ano. Não quero com isso dizer que o filme seja por isso um poço
de qualidades, muito pelo contrario penso que muitos dos seus
defeitos surgem precisamente desta formula, mas as caracteristicas de
base são claramente estas, com alguns beneficios mas muitos
problemas na minha opinião no seu resultado final.
Eu tenho dificuldade em
ficar agradado em camaras que captam situações das mesmas
personagens sem grande guião, é isso que me afastou do cinema de
Mallick, e aqui temos uma formula diferente, não temos uma história,
não temos uma narrativa, temos personagens num contexto, num filme
demasiado longo e repetitivo para o seu real conteúdo, sendo obvio
que em alguma parte do filme, a tentativa é nos dar o lado estranho
dos seus personagens e das suas excentricidades mais do que nos dar a
realidade que um filme assim deveria dar.
Assim e mesmo podendo
achar inteligente a forma crua do filme nos dar imagens, na doentia
relação, no argumento de personagens perdidos, ou mesmo na forma
como todos lutam para ganhar a vida, o bloco final que com esta base
poderia ser ao mesmo tempo cru, independente funcional, torna-se uma
mistura demasiado repetitiva e sem norte, num filme que prefere não
ser objetivo e divagar nas pequenas vicicitudes dos seus personagens.
A historia fala de uma
jovem adulta que se cansa da vida que tem e embarca com um estranho
grupo de vendedores de revistas comandados por uma estranha mulher,
enquanto se apaixona pelo braço direito da patroa.
No que diz respeito ao
argumento do filme, penso que ele na realidade não existe, ou seja
não é mais do que guias gerais, pedindo depois aos personagens para
conversarem sobre o que quiserem durante esses momentos, isso faz com
que o filme perca verdadeiras personagens para alem dos dois
protagonistas e uma estrutura que a faça funcionar.
Andrea Arnold, tem aqui
um filme bem recebido pela critica, porque se predispos a fazer um
filme sobre pessoas de rua com o cru que o assunto exige e nisso
penso que o filme é inteligente, não é feito para ser bonito, é
feito para ser real e interventivo e isso a realizadora consegue,
depois de já ter ganho um oscar nas curtas chamar a si a atenção
das longas.
No cast a aposta numa
novata como Sasha Lane acaba por funcionar pese embora a estrutura do
filme não seja exigente, ainda demonstra alguma inexperiencia
naquilo que as expressoes faciais podem dar a uma personagem tao
calada, mas um papel num filme de tres horas para alguem sem
experiencia é sempre dificil. Por outro lado Labouf, parece-nos que
fruto de alguma desorganização pessoal caiu no cinema independente
que poderá ser a sua sorte em torna-lo num actor mais versatil e
intenso.
O melhor – A forma
crua com que as imagens são depositas.
O pior – Um filme de
três horas tem que ser mais do que deixar andar
Avaliação - C
No comments:
Post a Comment