Monday, February 27, 2023

The Inspection

 Estreado como um filme menor no que diz respeitos a festivais norte americanos de introdução aos oscares este pequeno filme chamou alguma atenção critica principalmente tendo em conta o conteúdo que se propos tratar, concretamente a dureza e a homossexualidade nos Marines Americanos. O filme conseguiu criticas razoaveis, mas incapazes de lançar verdadeiramente o filme numa carreira de premios onde apenas o seu protagonista garantiu a nomeaçao para melhor ator. Em termos comerciais a falta de figuras comercialmente relevantes conduziram a resultados residuais onde nem a nomeaçao de Pope conseguiu potenciar outro tipo de voos.

Sobre o filme temos um filme que começa e passa grande parte do tempo dentro das dinamicas duras da recruta, levadas ao extremo maximo de construção de maquinas de guerra, independentemente da base das suas pessoas. E um filme duro e a mistura de temas acaba por ser relevante. A primeira parte tem dinamica e acaba por ser intensa, embora longe de ser muito diferente de outros filmes de guerra que já vimos.

Na dinamica familiar de rejeição e os conflitos interiores da personalidade, sinceramente aqui o filme parece mais normal, dentro mais dos parametros dos filmes de vida de pequeno estudio, com a conclusão esperada. E um filme de personagem com algum ritmo, com muitas imagens e sequencias dura, de drama puro, mas no final fica a ideia que mesmo com temas diferentes o filme não e assim tao diferenciado.

Ou seja um competente drama de personagem, que não sendo brilhante tem acima de tudo bons momentos, interpretações competentes, e uma historia que merece ser contada. E claramente pequeno demais em todos os pontos para sonhar com outro tipo de voos em termos de premios, mas e um filme a ver.

A historia segue um jovem perdido na vida, recusado pela familia, que tenta ser alguem alistando-se na marinha americana onde se tem de preparar para ser uma maquina de guerra, mesmo sendo homossexual e todas as dificuldades inerentes a sua orientação sexual naquele contexto.

Em termos de argumento os temas e a historia de vida do personagem, merecem o filme nem que seja para desmistificar o papel da homossexualidade nas forças armadas. Em termos de desenvolvimento narrativo e personagens o filme não e propriamente orignal, embora seja competente naquilo que quer transmitir.

Na realização Elegance Bratton tem aqui a sua obra mais relevante que parece ir buscar muitas influencias a Sam Mendes em Jarhead, e que acaba por ser na recruta um filme algo simples de procedimento deixando o protagonismo a historia e as interpretações, o que acaba, sem meios, por ser uma opçao inteligente.

No cast a interpretaçao de Pope e meritoria, na junção da homossexualidade com maneirismos femininos com o lado mais carnal das forças militares, ele consegue ter intensidade, pànico e luta, numa interpretação meritoria, embora longe de ser das melhores do ano. E um filme de interpretação e personagem com pouco, ou nenhum espaço para os restantes.


O melhor - A parte violenta da recruta

O pior - O lado familiar e demasiado igual a outros


Avaliação - B-



Sunday, February 26, 2023

The Whale

 Desde a primeira imagem que se percebeu que The Whale poderia transformar Brendan Fraser num claro candidato a oscar naqueles Comebacks que Hollywood adora. No momento em que o filme foi lançado no sempre imponente festival de Veneza percebeu-se que realmente Fraser seria candidato mas o filme em si não tinha obtido a unanimidade para tambem ele acompanhar o seu protagonista com criticas tendentes para a mediania. Comercialmente e principalmente pelo ingrediente Fraser o filme tornou-se num claro sucesso de bilheteira.

The Whale e aquilo que toda a gente espera que seja no ponto de vista do que nos da em termos de sentimento, é pesado, é forte, faz-nos fechar os olhos, faz-nos espectar um final diferente, numa montanha russa de sensações e emoçoes fortes guiadas por um Charlie absolutamente criado de cima a baixo por um dos melhores papeis dos ultimos anos. Muitos dizem que e um papel que foi pensado para Oscar, mas isso nao retira em nada a dificuldade de cada minutos que vimos e como o filme nos leva sempre ao sabor da personagem.

Naquilo que é o lado mais humano do filme, ele funciona, nos dialogos, nas respostas a situação, no desenvolvimento da relação, nos momentos afetivos como de desespero, o filme e capaz, e intenso, é aquilo que quer ser. Podemos sair com menos força da componente de crença e fe que Aronofsky parece sempre querer dar nos seus filmes mais recentes, ai o filme pode ser mais confuso e difuso no que quer transmitir e parece ser sempre mais uma assinatura do realizador do que propriamente uma forma de narrativa.

Por tudo isto sendo um filme simples sobre personagens e momentos, The Whale faz tudo isso com uma intensidade e com um impacto que o faz ser facilmente um dos melhores filmes do ano. Realizado com o lado cru e visual que o realizador quer, é uma viagem à emoção e ao limite do ser humano a todos os niveis, e muitas vezes este registo so e possivel em realizadores de primeira linha.

O filme fala-nos de um obeso professor de ingles, retido em casa que acaba por ao perceber que a sua morte esta proxima, tentar reatar a relação com a sua filha, com quem nao contacta nos ultimos 8 anos, o filme dá-nos uma semana de vivencias e de caminho da redenção.

Em termos de argumento temos dois pontos distintos no filme, por um lado a vertente humana em que o filme e claramente muito bem escrito em personagens intensas, densas, bem caracterizadas que proporcionam dialogos de primeira linha, por sua vez no lado mais concetual de fé e religião o filme pode ser mais vago.

Aronofsky e dos realizadores que consegue impingir mais intensidade e densidade aos seus filmes, com a intensidade e o desespero a serem normalmente componentes muito fortes. Depois de alguns fiascos nos seus ultimos trabalhos, principalmente Mother, eis que regressa ao lado mais claro da critica com um trabalho que merece o sublinhado de destaque.

No cast o filme tem talvez dos melhores desempenhos do ano e que deu a Fraser o regresso com uma forma que nunca o tinhamos visto. E intenso, e dramatico, é simpatico, e fisicamente unico, numa das melhores prestações que tenho memória. AO seu lado Hong Chau tambem brilha tendo conseguido a nomeaçao, de uma forma justa embora num filme como este seja dificil ver para alem do seu protagonista,


O melhor - Entre outras coisas, acima delas Fraser.

O pior - O lado de debate de fé pode ser algo confuso


Avaliação - B+



Saturday, February 25, 2023

EO

 Este curioso filme polaco estreado no Festival de Cannes de 2022, que nos dá a road trip de um burro, foi uma das grandes surpresas nas nomeaçoes para os oscares, aproveitando o fulgor critico principalmente criado no Festival Frances. Em termos comerciais e no minimo um filme muito peculiar e com pouca atratividade comercial, mas a nomeaçao a diferença do projeto acabou por conduzir o filme a um sucesso relativo tambem comercial.

EO e talvez o filme mais estranho que vi este ano, um filme muito curto em palavras, com uma narrativa quase inexistente que segue as pisadas de um burro com diversas pessoas e momento que vai cruzando com ele, com o melhor e pior das pessoas, e quase um filme mudo, muitas vezes filmado sob tela vermelha e musica agressiva, e um objeto estranho que particularmente na minha opinião tem como mais valia a interpretaçao animal e pouco mais, ja que aquela hora e meia monontona nao e mais do que trivialidades.

No que diz respeito a diferença, ela existe e ate compreendo em face do testamento politico final que o filme se tenha tornado quase um hino para os defensores dos direitos animais, e isso tenha conduzido ao resultado da nomeaçao. Mas e claramente um filme chato, dificil de ver, que não tem muita coisa para contar para alem da sua base, e num ano em que o cinema internacional teve em destaque parece claramente um filme menor no genero.

EO sera sempre o filme do burro e pouco mais, e isso e redutor, ja que nos parece que a dificuldade de fazer o filme nestes moldes, nao compensa o resultado final, sendo que algumas opçoes esteticas e musicais do filme não tem explicação para alem da irreverencia.

A historia segue um burro ao longo de uma viagem por diversas pessoas, locais e momentos, que nos da o melhor e o pior lado das pessoas, sob o ponto de vista do animal.

O argumento do filme simplesmente não existe do primeiro ao ultimo minuto, as cenas não sao propriamente desenvolvidas, as personagens nao existem e o objetivo final do filme acaba por ser a ideia principal e pouco mais.

Na realizaçao deste projeto Skolimovski é um realizador que tem aqui um trabalho dificil, estetico que e o apontamento mais vistoso do filme, de um realizador experiente que pensa o filme em toda a linha. Fica a ideia que a obra e demasiado dificil para o resultado final.

No cast podemos dizer que o unico personagem que tem alguma envolvencia e o burro, e nao sabemos quandos animais o interpretaram ja que no resto o filme nao existe.


O melhor - O burro

O pior - Demasiado aborrecido e repetitivo ao longo de apenas 1 hora e 25 minutos


Avaliação - C-



Thursday, February 23, 2023

The Son

 Depois de em 2020 em plena pandemia Florian Zeller ter surpreendido meio mundo com a sua versão de the Father, eis que dois anos depois o cineasta lança uma nova obra designada de the Son, embora com uma roupagem diferente, e acima de tudo com as expetativas no máximo. Pese embora todo o suspense rapidamente se percebeu que o filme não conseguiu ir de encontro as expetativas principalmente criticas as quais acabaram por ser negativas para o filme. Comercialmente os resultados também foram frustrantes e o que de surpreendente teve Zeller no seu filme anterior teve de frustrante em termos de resultados neste.

Sobre o filme, fica a ideia que Zeller quis fazer o filme mais negro e melancólico que há memoria, e conseguiu, e daqueles filmes com uma toada negativa do primeiro ao ultimo minuto, num ritmo lento, mas mais que tudo num filme que vai ganhando uma intensidade de emoções negativas que torna o filme difícil de ver. Talvez fosse essa a ideia de Zeller para criar impacto no seu filme, mas o resultado foi profundamente depressivo.

Um dos pontos que o filme parece não potenciar ao máximo acaba por ser o cast, fica a ideia que o filme tem muitos vetores potenciados a uma intensidade maxima, mas os seus protagonistas parecem muito artificiais e isso faz com que um drama que se quer real e quase claustrofobico para o espetador acabe por muitas vezes ficar aquem na intensidade dramatica, por culpa principalmente das escolhas de cast.

Mesmo com estes pros e contras fica a ideia que o filme quer ter a toada que acaba por ter, quer ser intenso, marcante, desesperante e poucos filmes nos deixam tão agoniados no final da sua visualização como este, a inquietação fica, e a dificuldade da maior parte dos filmes é não transmitir nada, talvez este tenha transmitido demais.

A historia segue um jovem filho de pais separados a viver uma depressão profunda, enquanto ambos os contextos familiares tentam responder da melhor maneira a esta condição, mesmo sem grandes ferramentas para o fazer.

O argumento penso que conduz o espetador para onde quer, mesmo que o caminho não seja o mais agradavel. Fico com a ideia que Zeller e Hampton nos levam para o caminho escuro que querem. Os dialogos nem sempre tem a eloquencia ou a ideia original do filme anterior, mas o impacto esta muito na forma como as palavras são ditas.

 Na realização Zeller consegue ser impactante, consegue tornar o filme um corropio de emoçoes, pelos balanços constantes das personagens e isso e obra sua. MEsmo sendo um fiasco total a todos os niveis é inequiveco a capacidade de impactar do realizador.

E no cast que na minha opinião surgem os maiores problemas, fica a ideia que a personagem central é maior que a competencia dramatica de Jackman, sendo que Dern também já nos deu mais força noutras personsgens. Mas e no jovem Zen Mcgarth que penso que o filme falha ainda mais, não consegue transmitir o que a personagem tinha que transmitir.

O pior - O desespero de todo o filme.

O pior - O cast


Avaliação - B



Tuesday, February 21, 2023

Triangle of Sadness

 Ruben Ostlund teve em 2022 o bilhete de entrada com este filme para um naipe muito reduzido de realizadores ao conseguir num curto espaço de tempo sair por duas vezes vencedor no Festival de Cannes, com  seu estilo proprio e satirico de abordar temas sociais do momento, o ainda jovem realizador sueco tem conseguido chamar toda a atenção critica e alguns atores norte americanos, sendo que comercialmente, o filme conseguiu resultados consistentes principalmente na europa e alavancado numa forte presença nas nomeaçoes para os oscares.

Eu confesso que gostei da excentricidade de The Square, mas acho que tudo ainda esta mais potenciado neste filme em três atos, peculiar, muitas absurdo, quase sempre engraçado, num estilo com a assinatura particular de Ostlund e dos seus dialogos diferenciados mas cheios de valores associados. O primeiro segmento do filme e para mim o melhor, nos dialogos interminaveis entre as personagens principais sobre a forma como cada um espera estar na relação.

O segundo tem alguns dos melhores momentos, e principalmente o impacto de uma realização de primeira linha marcado por um jantar do comandante absolutamente incrivel, mas narrativamente é claramente o vetor mais fraco, demasiado fora da caixa, absurdo, e de exagero que prepara para a ultima fase, onde o filme procura o seu impacto moral, numa sociedade revertida, e parece ser esse o ponto de Ostlund prepara desde o inicio do filme, tambem um pouco no lado das posiçoes de genero na relação.

Por tudo isto temos um excelente e peculiar filme, que consegue ter em quase todas as suas vertentes uma indivualidade muito propria. Ao ser declaradamente um filme dividido em tres capitulos diferenciados, acaba por ser no meio que o filme perde algum impacto narrativo, ganhando no lado visual, mas é sem duvida um dos grandes filmes deste ano.

A historia fala de um casal de um modelo, e uma influencer que embarcam num iate cheio de ricos, no meio de uma dificuldade em definir a relação sendo que tudo fica pior quando acaba por o barco naufragar e um conjunto de sobreviventes ter de recriar uma nova sociedade numa ilha deserta.

Do ponto de vista narrativo o filme é original, concetual no que diz respeito ao pontos sociais que quer tocar, e que o faz com o impacto exigido. Tambem nos dialogos e principalmente na primeira fase o filme e riquissimo, num dos argumentos mais originais do ano.

Ostlund sem nunca ter ainda embarcado para Hollywood onde provavelmente poderia ter algumas dificuldades em exprimir o seu estilo, leva ja duas palmas de ouro, e chegou este ano a nomeaçao maior para realizador, em filme de base com uma assinatura propria a todos os niveis. Um dos realizadores mais diferenciados do momento do panorama internacional.

No cast um conjunto de atores onde os maiores destaques vão para um jovem Harris Dickinson, que depois de ter protagonizado com muitas reticencias o novo Kingsman consegue aqui dar uma interpretaçao de primeiro nivel auxiliado pela malograda Charlbi Dean, que acabaria por falecer alguns meses depois da conclusao do filme, não permitindo que a carreira se desenvolvesse como muito prometeu neste filme. Acaba tambem por ter destaque os momentos de Harelsson e de Dolly De Leon na ultima fase.

O melhor - A abordagem original e satirica a uma sociedade moderna bem representada.

O pior - Narrativamente o segundo capitulo é demasiado fora da caixa


Avaliação - B+



Wednesday, February 15, 2023

I Wanna Dance With Somebody

 Numa altura em que quase todo o musico marcante em qualquer altura da sua vida, ou após a sua morte tem a sua homenagem cinematografica, chegou a vez de Whitney Houston, uma diva de sucesso principalmente nos anos 90, com alguns problemas de consumos nos anos 2000, e que terminou tragicamente. Este filme lançado em plena corrida de premios acabou por ser recebido com frieza critica o que levou a que ficasse imeditamente fora de qualquer corrida. Do ponto de vista comercial, o filme arriscou a expansão com resultados aceitaveis, muito por culpa daquilo que foi o impacto comercial da atriz.

Sobre o filme podemos dizer que normalmente quando este tipo de biopic, não trás consigo um cineasta de eleição, acaba por tudo se tornar num filme pouco impactante, sem sabor, aborrecido que pouco ou nada dignifica a carreira da figura, já que ocupou um espaço que poderia ter sido trabalhado de uma forma completamente diferente. Fica a ideia que o filme não consegue ir muito para além da musica, e de algumas questões familiares mas que soam a muito pouco principalmente tendo em conta o excesso de duração do filme.

Fica a ideia que o filme tem algum receio, principalmente de entrar no lado caotico que a relação com Bobby Brown se tornou para todos, a relação com a filha, e o final trágico, fica a ideia que o filme acaba no momento de gloria esquecendo o que se seguiu, e nisso o filme acabou por perder a oportunidade de conseguir ir mais além em termos de ritmo e elementos de interesse por algum receio e muitas vezes isso é o que diferencia as obras de maior referência.

Por tudo isto sobre um filme com muitos poucos elementos valorativos, talvez os elementos vocais de Naomi Ackie que se consegue aproximar muito mais nesta vertente de Houston do que propriamente nos restantes, e a tentativa de reeditar os momentos mais imponentes da carreira um pouco na copia com que BOhemian Raposody fez com Mercury, mas isso acabou por ser uma cópia pouco interessante devido a sonolencia de todo o restante do filme.

A historia segue acima de tudo o percurso de Houston na ribalta, desde a forma como atingiu o sucesso maior ate aos ultimos momentos de gloria intermitente, enquanto as suas relações pessoas e familiares se deterioravam.

Em termos de argumento fica desde logo a ideia que o filme tem muita dificuldade em encontrar que aspetos tocar e que protagonismo lhe dar no filme, acabando por cair na facilidade de preencher a historia com momentos musicais longos, quase interminaveis que esvaziaram o conteudo da historia.

Na realizaçao a Kasi Lemmons tinha tido o seu maior protagonismo no recente Harriet, e aqui fica a ideia que não consegue dar ritmo, e assinatura a uma abordagem que naturalmente teria a atenção de todos. Nota-se que não e uma predestinada e que terá de dar muitos mais em obras com esse espaço.

No cast o filme é Ackie se fisicamente nunca encontramos muito paralelismo com Houston, não sendo uma escolha muito interessante, é indiscutivel a força da voz e dos momentos vocais e isso neste tipo de filmes dá a força necessária, de uma quase desconhecida que poderá ter um impulso na sua carreira. O filme e vazio nos secundários e nos momentos que lhe dão.


O melhor - A voz de Ackie

O pior - A forma monotona com que a historia se desenvolve


Avaliação - C-



Sunday, February 12, 2023

The Banshees of Inisherin

 Numa corrida aos oscares que tem sido particularmente dividida, este tem sido uma das presentes constantes quer em premios criticos quer em académicos, dando seguimento a um momento de forma impressionante do seu argumentista e realizador o inglês Martin McDonagh. Depois de uma receção critica de primeira linha e de 9 nomeações para os oscares, entre as quais quatro interpretes, o filme comercialmente, principalmente nos EUA ficou um pouco aquém, talvez pelas origens demasiado britânicas e pela falta de figuras comerciais de primeira linha.

Sobre o filme, começo por dizer que a minha expetativa era elevada já que considero o anterior filme de McDonagh dos melhores filmes dos ultimos anos. Pois bem, este é diferente, é muito mais estranho, mas novamente ficamos impressionados com a capacidade do filme ser intenso, engraçado, surreal e original, num contexto nada típico para um filme desta natureza. O filme é sobre as pessoas e a interioridade, mas e nos detalhes que o filme avança para uma qualidade fora do comum, nos diálogos, na simplicidade dos seus momentos e das suas ações, num filme gravado num espaço unico que acaba por ser mais um elemento sedutor de todo o filme.

Eu acho que o filme acaba por não ser tão abrangente nos gostos como se espera. E um filme estranho que nos leva muitas vezes a achar absurdo muitas das ações dos espetadores, que acabam por funcionar como elemento satirico e exagerado de um ponto que o filme quer assumir. Mas acaba por ser nessa singularidade que o filme se diferencia e nos fornece de cinema de mais alto nivel em todas as suas vertentes, personagens, dialogos, realização e moratoria.

Por tudo isto e para mim, até ao momento o grande filme do ano, mesmo estando algo distante do impacto que o filme anterior de McDonagh teve, é um filme original, unico, creativo, que nos faz sorrir, e chorar, que nos dá muitas vezes o insolito de personagens e as melhores interpretações de um grupo alargado de atores, que nos faz sentir que o filme é claramente algo distinto.

A historia fala de dois amigos numa pequena ilha irlandesa, que acabam por se zangar por motivos que não se conhecem e acaba por desconstruir a rotina de todos os elementos da ilha e que conduz a uma sucessão de eventos totalmente inexplicaveis.

O argumento e incrível, a ideia que poderia parecer disparatada, mas a forma como depois torna-se numa homenagem às necessidades humanas e à sua complexidade, que nos dá personagens únicas e muito bem trabalhadas, que tem momentos de diálogos escritos de uma forma original e intensa, no claro argumento do ano.

Na realização muito do segredo do filme é o contexto espacial que escolhe. Uma ilha ruralissima no inicio do século 20, pouco espaço, muito verde, muito vegetal e acima de tudo espaços que são circunscritos no filme e que nos levam a ser um habitante de Inisherin. E um realizador numa forma incrivel e este filme mostra também a sua multifaceta.

No cast falar de um filme com quatro nomeaçoes para oscares interpretativos diz muito do valor dos seus atores e dos seus trabalhos. Maior destaque para mim vai para Farrel é incrível a sua construção fisica, e verbal, encaixando perfeitamente no estilo de personagem unica que já não viamos com tamanho realismo desde Hanks em Forrest Gump. Mas o facto de Gleeson, Condon e Keoghan também estarem ao melhor nivel da sua carreira faz-nos olhar para muitos lados, e ficar delicioso com este festival de talento e de ligação de atores com personagens.


O melhor - A forma como um filme aparentemente sem sentido, tem todo sentido do mundo.

O pior - Pode ser demasiado fora da caixa para alguns


Avaliuação - A-



Empire of Light

 No momento em que foi começado a ser anunciado as propostas para a corrida aos oscares este filme de Sam Mendes, por ser intimista, por ser sobre o mundo do cinema classico e por Olivia Coleman foi logo para os primeiros lugares nas bolsas de apostas. Contudo nas primeiras visualizações se percebeu que seria uma carta algo fora do baralho essencialmente pela mediania critica que acaba por eliminar qualquer hipotese concreta neste tipo de projeto. Comercialmente os resultados também foram muito curtos e Mendes colecionou aqui um claro floop critico onde apenas a fotografia acabou por conseguir a nomeaçao para o oscar.

Sobre o filme posso começar por dizer que devido a forma como comecei a ver cinema este e um filme que entra no espaço da divulgação, nas bilheteiras, na sala de projeção, nos grandes dias, e nisso o filme e bonito, e a homenagem ao cinema onde cresci, e isso aproximou-me do filme. No restante o filme aproveita e muito dois vetores que estão num nivel de eleição e conduzem o filme ao sucesso, desde logo a fotografia que coloca quase cada imagem como um postal, e principalmente Coleman numa forma brutal que da um recital de interpretação do primeiro ao ultimo minuto, fazendo crescer de forma continua a sua personagem.

Do lado negativo fica a ideia que o filme toca em muitos pontos como a saude mental, o isolamento, o cinema e o lado racial, mas acaba por não dar protagonismo a nenhum deles, sendo quase sempre um filme de personagens, um filme de uma personagem a procura do seu espaço num ritmo melancólico, que parece muitas vezes ser mais sustentado na capacidade interpretativa de Coleman do propriamente num argumento de primeira linha.

Assim, e achando que este foi talvez dos filmes mais erradamente desvalorizados pela critica, temos aqui uma historia aparentemente simples, filmada e projetada como poucos, num estilo de filme que principalmente para quem viveu na epoca de cinemas de maiores dimensões leva-nos ao passado embora fique a sensação que no argumento o filme deveria ser mais trabalhado.

A historia fala de uma funcionária de um cinema, claramente deslocada na sua saude mental, que diverge entre o seu trabalho e a relação extra conjugal com o seu patrão, que acaba por sofrer uma alteração de rotina com a chegada ao seu local de trabalho, de um jovem de origem africana em plena crise racial.

O argumento parece-me claramente um dos apontamentos menos trabalhado do filme, fica a sensação que o filme quer tocar muitos pontos intensos, mas onde apenas o conflito interno e de saude mental da personagem e sinceramente trabalhado, sendo os outros temas panos de fundo. E o parente menos feliz do filme. 

Mendes e um realizador de primeira linha que depois de um inicio unico foi ganhando o seu espaço em filmes de diversos generos. Aqui no lado mais intimista, tem a aposta na fotografia de Deakings uma aposta absolutamente brutal, que dao ao filme um conjunto de postais que o tornam num dos filmes mais bonitos do ano, no qual não está desligada da capacidade unica que Mendes tem para capturar o momento.

No cast temos um autentico recital de Coleman a todos os niveis. COleman e a melhor atriz do momento fruto de um conjunto de recursos e capacidade de os impor em quase todos os filmes que a cada ano se torna mais forte. E talvez dos seus papeis mais imponentes e aquele que de uma forma incompreensível a academia deixou de lado. Fica dificil aos outros interpretes terem algum destaque com uma prestação assombrosa como esta.


O melhor - Deakings e Coleman ao melhor nivel que Hollywood pode dar.

O pior - O argumento poderia ser mais organizado


Avaliação - B+



Wednesday, February 08, 2023

The Pale Blue Eyes

 


Este negro filme policial, foi a ultima aposta da Netflix do ano, numa temporada de premios que correu francamente mal à operadora, e onde este filme, pensado para ter mais valor comercial do que critico não passou ao lado. A obra de Cooper passou na critica com uma mediania que nunca o tornou como concorrente à temporada de premios, pese embora a sua data de estreia deixasse antever alguma expetativa. Curiosamente acabou por ser do ponto de vista comercial que o filme teve mais sucesso, tornando-se num dos filmes mais vistos da aplicação.

Sobre o filme podemos começar por dizer que se trata de um policial de epoca, escuro, bem realizado e bem protagonizado, porque o filme aposta num cast de primeira linha. Em termos narrativos o inicio e muito lento, e temos um policial que se deixa adormecer muitas vezes num estilo monocórdico que se tem tornado muito comum em Cooper. O filme vale pelo twist final que resgata o filme para valores mais interessantes já que até então a sua lentidão o prejudica.

Sobre o lado policial, claro que suspense e a tentativa de advinhar o que esta a acontecer acaba por ser constante ao longo de toda a duração do filme. Mas tudo acaba por ser menos intenso porque as personagens não existe, já que o filme quer potenciar acima de tudo a eloquência do seu Edgar Allan Poe, e nisso o filme perde ritmo, perde algum contacto com o espetador.

O filme no entanto e resgatado por uma interessante e original meia hora final, em que adquire ritmo em que da uso ao talento natural dos seus interpretes em sequencias bem realizadas. Da para dar um satisfatorio filme de entertenimento contudo fica a clara ideia que principalmente pelos interpretes em questão o filme tinha de ir bem mais longe.

A historia fala de um detetive contratado para investigar morte num regimento militar, o qual começa a ser auxiliado por um Cadete eloquente, nada mais que o famoso escritor Edgar A Poe, que ajuda o detetive no desenvolvimento da investigação.

Em termos de argumento fica a ideia que o filme da demasiada primazia ao duo de protagonistas, mas fica muito por contar nas outras personagens, ficando a ideia de um dificil equilibrio. O filme tem o seu twist que reanima a historia lenta e poderá deixar uma melhor opinião final do que no desenvolvimento da historia.

Na realização Cooper e aquele realizador de segunda linha que consegue chamar a si interpretes de primeira, mas os filmes sabem sempre a pouco, mesmo que tenha talento, estetica e risco. Aqui e o argumento que fica aquem, e isso tem sido a natureza do realizador ao longo da sua ja longa carreira.

No cast Bale teve um ano que parecia ser de ouro mas que ficou aquem. Nao por sua culpa já que sempre deu o melhor de si, em personagens mais limitadas mas dos projetos que escolheu. Aqui mais visibilidade para um jovem Melling que parece talhado para este tipo de papeis misteriosos e que tem aqui o salto para uma eventual primeira linha.


O melhor - A ultima meia hora.

O pior - A forma como o filme se deixa adormecer no seu desenvolvimento


Avaliação - B-

Tuesday, February 07, 2023

Black Panther: Wakanda Forever

 Nunca o Universo Marvel recebeu um reves tão grande a todos os niveis como a morte de Chadwick Boseman, que conduziu a que todo o fenomeno Black Panther, um que melhores resultados deu a operadora tivesse de ser totalmente reformulado. Com o mesmo realizador e com uma nova roupagem seguiu o capitulo sobre os habitantes de wakanda. Criticamente as coisas resultaram razoavelmente bem embora longe do sucesso que teve o primeiro filme. Criticamente o conceito do filme resulta e foi novamente um dos projetos mais rentaveis da Marvel dos ultimos anos.

Sobre o filme podemos dizer que restruturar uma ideia em tão curto espaço de tempo não era facil, muito menos com a legião de fas que nunca conseguiram colocar de lado a imagem de Boseman. O filme funciona principalmente no apelo emocional, e nas homenagens constantes que tem ao ator e protagonista. O problema e que o filme assume que ficou orfão e que isso e a todos os niveis insuperavel, e o filme exibe essa dificuldade e mostra-se sempre ausente do seu conceito de base.

Em termos de intriga o filme é obvio, previsivel, com um lado estetico que explora toda a força que a Marvel nos ultimos anos foi dando ao cinema, principalmente nas sequencias aquaticas, mas acaba por ser na forma como o filme encontrou de preservar o heroi que nos parece existirem as maiores dificuldades principalmente na forma como arranjaram um substituto, que nunca esta realmente a altura.

Posto isto, este novo episodio e sofrivel, em argumento, nos vilões, na história em si, embora tenha a capacidade de comover facilmente o espetador graças a forma como nos faz sentir a presença de Boseman, nas homenagens finais e iniciais. E no afeto que o filme funciona, mesmo que duas horas sejam de ação articulada numa historia bem sofrivel.

A historia segue Wakanda e os seus habitantes apos a morte do Rei Tchall e sob ataque de um poderoso e misterioso povo aquatico apostado em roubar os segredos de Wakanda, onde a cidade tem de arranjar um novo e poderoso heroi que defenda o seu povo.

E no argumento que residem quase todos os problemas do filme, que começa no atalho que faz para fazer sobreviver a saga, onde me parece que poderiam existir opções com mais impacto, mas acima de tudo na forma como a intriga da divergencia entre povos e criada, previsivel e com pouca novidade.

No que diz respeito à realização Coogler, e competente trazendo o espirito africano como ja o tinha feito no filme anterior. potencia os meios da Marvel, mesmo sem grande assinatura, e a nivel de homenagem esta bem presente o que quer fazer.

No cast o filme fica orfão de Boseman, que contraria com a presença impactante de uma Basset intensa, talvez sobrevalorizada pela sua carreira e que parece que lhe ira conduzir ao oscar. Mas quer na nova protagonista e no vilão o filme não é de primeira linha Wright herda um papel maior que ela, e isso e evidente, e Huerta tem uma boa personagem mas uma interpretação repetitiva do primeiro ao ultimo minuto.


O melhor - As homenagens sentidas a Boseman.

O pior - O filme não ultrapassa uma ausencia desta natureza


Avaliação - C



Saturday, February 04, 2023

Plane

 Janeiro nunca é propriamente um mês de lançamentos muito diferenciados, sendo normalmente um período para filmes de terror e obras muito proximas de outras que já foram feitas para resultados de bilheteira razoaveis. Pois bem neste ultimo segmento surge este filme que tenta potenciar ao maximo o valor como heroi de açao de Butler. Criticamente ao contrario da maioria dos filmes do ator os resultados foram positivos. Do ponto de vista comercial um resultado normal tendo em conta o tipo de filme, os seus interpretes, mas acima de tudo a altura do ano onde o mesmo acabou por ser lançado.

Sobre o filme podemos dizer que o mesmo acaba por ser descritivo e curioso na fase inicial, de forma como nos leva para as dinamicas totais de um voo de aviação comercial. Nesse particular o filme acaba por nos levar para a primeira linha de um voo. Contudo o filme não tem esse objetivo acabando por ser um filme de sobrevivencia na selva onde acaba por ser claramente menos interessante, sem personagens, ação de desgaste rápido e a conclusao mais que esperada.

Um filme de ação bruta como este vive muito da forma como a realização é efetuada e da qualidade das imagens. Nao sendo um poço de originalidade na abordagem, ou mesmo muito cuidado no que diz respeito à forma como acaba por nos dar as sequencias de ação. O filme tem bons momentos de luta e acima de tudo muita bala disparada. Do ponto de vista de personagens o filme vai claramente de mais a menos.

Ou seja um filme obvio, muito na onda do que nos ultimos anos tem sido a carreira quase exclusiva de Butler que vai continuando a ganhar algum mediatismo com estes projetos. Inicialmente fica a ideia que o filme poderia ser mais detalhado, mas quando entra no campo de batalha o filme reduz-se ao totalmente basico.

A historia fala de um avião que aterra de emergencia numa ilha onde a miliciais dominam e onde tantas pessoas poderão ser importantes para obterem um resgate, onde um comandante e um preso do avião, acabaram por ser quem ira dar luta ao grupo armado.

Em termos de argumento temos um filme básico na historia que tem o problema de ir esvaziando personagens que inicialmente até lhes da algum contexto, mais concretamente os dois pilotos. Em termos de argumento tudo desaparece no momento em que aterram na ilha, onde temos apenas uma hora de longas lutas.

Na realização Richet e um realizador francês que no aspeto domestico ate conseguiu algum feito critico que lhe levou a vitoria no Cesar para melhor realizador em 2008 mas que com a passagem para o cinema de Hollywood tornou-se um tarefeiro de filmes sem grandes objetivos criticos. Aqui tem um trabalho simples, sem grandes adornos ou louros.

No cast Butler funciona bem no registo de heroi improvavel de ação, que acaba por ser o unico ponto que o filme lhe pede. AO seu lado Polter e um ator fisico que encaixa num personagem que apenas entra em guerra, faltando ao filme do lado dos vilões algum impacto, ja que as personagens não existem.

O melhor - A introdução à aviação civil dos primeiros 20 minutos.

O pior . Quando o avião aterra o filme esvazia por completo


Avaliação - C



House Party

 Para o inicio de 2023, e apostado numa cultura Rap e Afro Americana atual, produzida e presenciada por LeBron James surgiu esta sequela de uma comedia de razoavel sucesso dos anos 90 Criticamente uma mediania desastrosa que quase lançou o filme para um anonimato fora dos EUA, mas em termos comerciais as coisas não foram melhores onde nem a presença de Lebron James e o conceito afro americano atual que durante muitos anos liderou os meses de Janeiro no  Box office domestico americano salvaram o filme do desastre comercial.

Sobre o filme a tipica comedia de estilo cultural afro americana do primeiro ao ultimo minuto conjugada no filme de escalada de acontecimentos ate ao final. Podemos dizer que o filme tem uma base completamente impossivel de acontecer, mas pior que tudo e que o filme nunca tem graça, limitando-se a algumas expressões e gestos de personagens, sem qualquer orientação num caos, que mesmo neste particular ja vimos ir muito mais longe em filmes semelhantes.

Por tudo isto e sublinhando que se vi o original, não me recordo minimamente o que também poderá dizer que não tenha sido um filme particularmente feliz, mas este é dos filmes dos ultimos meses que mais tentativas tem de ser engraçado e nunca o consegue, chegando mesmo a sentir alguma pena de como tudo se desenvolvia em termos narrativos, ja que desde a narrativa parecer encaminhar-se para um bêco sem grande saida, bem como o humor que teimava em não resultar, para além daqueles momentos culturalmente muito sublinhados.

Por tudo isto parece-nos que House Party e aquelas comedias de consumo muito rapido, dirigidas para um publico alvo muito especifico, mas que acaba por ter muita concorrência sem elementos minimamente felizes que conduzam a que seja a melhor opção. E uma das comedias mais simplistas que me recordo que tenta potenciar um numero muito forte de sequencias comicas as quais raramente despertam a gargalhada no espetador.

O filme fala-nos de um grupo de amigos que acaba por serem despedidos no momento em que limpam a casa de LeBron James, vendo ai a grande oportunidade de se tornarem promotores de festas, levando a uma festa de todos os exageros na casa do basquetebolista sem que o mesmo saiba que tal estivesse a acontecer.

Do ponto de vista de argumento a historia é igual a muitas outras comedias adolescentes que qualidade inferior, desta vez na cultura hip hop norte americana, mas que falha essencialmente no mecanismo de humor que nunca tem.

Na realizção Calmatic e um realizador de videos de Hip hop que faz o filme como se um videoclip grande se tratasse com todos os cliches totalmente futeis da cultura como dinheiro, carro e mulheres despidas. Provavelmente voltara a musica onde parece ter enraisado o seu tipo de filmagem.

NO cast alguns atores afro americanos ainda a procura de maior espaço que acabam por tentar dar ao filme um humor actual, mas que não conseguem desde logo porque não são propriamente ricos em carisma, mas acima de tudo porque o filme também não lhes potencia isso. Não será com este tipo de filmes que crescerão no cinema.


O melhor - A presença sempre iconica de Lebron.

O pior - A forma como o filme não consegue ter graça


Avaliação - D



Thursday, February 02, 2023

You People

 Depois de um ano de 2022 que não correu particularmente bem à Netflix pese embora as diversas colaborações que foram tendo com realizadores e cineastas de primeira linha, eis que surge a primeira aposta do ano, numa comédia com o sempre interessante Eddie Murphy, num estilo politicamente incorreto escrito e produzido por Jonah Hill. Em termos criticos as coisas não correram bem com avaliações muito medianas, sendo que comercialmente tudo parece apontar que o filme fruto de pouca concorrência poderá conduzir a que o resultado acabe por ser positivo.

Sobre o filme temos uma comedia de raças numa conjunção entre judeus e afro americanos num choque cultural entre formas de vida. O filme tenta ser engraçado, mas na maior parte das vezes é apenas estranho, ficando a ideia que nunca consegue minimamente potenciar os personagens secundários que a olho nu parecem com muito mais valência do que a dupla romântica que apenas é estranha.

E um filme que poderia ser disruptivo, poderia ser daquelas comedias engraçadas incorretas, mas que fruto de ao mesmo tempo o filme querer ser romantico, fica um conjunto pouco coerente e muitas vezes aborrecido. Hill tenta ser um ator multidisciplinado no filme mas as suas valencias nunca lhe permitem ir muito para além do seu estilo algo descontraido, mas que no filme sai de qualquer plano.

Por tudo isto na minha opinião esta era uma comedia que pela base e pelos seus intepretes tinha tudo para ser engraçada e disruptiva tornando-se num ato falhado. Fica a clara ideia que por vezes os autores destes filmes perdem um pouco o objetivo principal do filme para tentar dar valencias a si como interprete e tudo corre mal nesse sentido.

O filme fala de uma paixão entre um judeu e uma afro americana vindos de familias de costumes muito implementados em cada um destes pontos, que acabam por colidir com as familias de base uns dos outros e da forma que cada um vê a outra raça.

No que diz respeito ao argumento Hill tenta ser engraçado com os cliches raciais, mas consegue pouco. O filme em dez piadas funciona três e o lado romantico acaba por ser um tiro ao lado. Tambem no balanço entre personagens fica a clara ideia que o filme nunca é minimente convincente e equilibrado sendo que os pais mereciam mais destaque.

Na realizaçao Kenya Barris acaba por ser uma realizador que tem aqui o seu primeiro grande projeto de longa metragem que realiza com um estilo descontraído e com uma musica que muitas vezes e mais irritante que original. Fica a ideia que o filme procura uma eloquência e uma originalidade que nunca adquire.

No cast começa logo o primeiro problema a forma como a personagem central se descreve e se comporta, sem qualquer grande sentido, logica e coerencia, o que faz com que a personagem conduza mais para o seu estilo do que para a graça que alguns dialogos poderia ter. Murphy e Dreyfuss tinham tudo para funcionar mas as suas personagens são meros cliches.


O melhor- - As duas ou três graças que funcionam.

O pior - A forma como o filme tenta ser romantico em vez de ser incorreto


Avaliação - D+