Após Sundance de 2016,
e ainda antes dos oscares, já este filme se perfilava como o mais
sério candidato aos oscares deste ano, por uma conjugação de
factores perfeita, vencedor de Sundance, com a tematica racial em
discussão, e mais que isso com uma produção modesta mas bem
conseguida em termos estéticos.. Tudo parecia correr bem com boas
avaliações criticas mais que do grande publico, quando surgiu o
escandalo sexual envolvendo a figura maior do filme, Nate Parker, o
seu realizador, argumentista e protagonista, talvez por isto o filme
foi um flop de bilheteira tendo a sua estreia anulada em alguns
paises da europa e desaparecido quase por completo da luta pelos
premios.
Sobre o filme, desde
logo podemos dizer que se trata de um cruel intenso e dramatico filme
sobre escravos, desde logo levante um problema ao filme, 12 anos
escravos ainda está bem recente na memoria dos espetadores,
conquistou os oscares e saiu primeiro do que este filme. Para tentar
contornar isso Nate Parker deu-lhe um toque de Bravehart, mas o
resultado foi um filme bem feito, intenso, com realismo, com emoção,
mas demasiado proximo de tudo o que já se fez na materia, caindo
mesmo por vezes em alguns esteriotipos.
Podemos dizer que sera
facil fazer um filme sobre este tipo de história, mas existe
aspectos que Parker faz funcionar, desde logo como desce na forma de
transmitir a exploração dos escravos não se ficando pelo lado
fisico, onde é muito realista mas também ao nivel moral. É obvio
que se pode sempre discutir a veracidade da historia e o exagero na
diferenciação, mas para a mensagem ser transmitida desta forma
forte esta opção tem que ser assumida.
Para alem disto
parece-me que Parker consegue fazer um filme esteticamente bonito,
com algum cuidado na forma como apresenta imagem apos imagem que
resulta num filme previsivel no seu desenrolar, muito proximo dos
filmes mais epicos quer de escravos quer de oprimidos, mas com
profissionalismo, com dimensão, que nos faz pensar que sem escandalo
Nate Parker e principalmente mais distante no tempo de 12 Years
Slave, este filme poderia ter mais chances na luta pelos premios,
pois mais que uma grande filme, ou filme surpreendente, é um filme
nos seus principios bem feito.
A historia fala de um
escravo que aprende a ler e começa a pregar por diferentes fazendas
de forma ao seu patrão salvar a sua quinta da falência, contudo a
forma obstinada por dinheiro que o seu dono assume, acaba por
conduzir a uma rebelião de proporções gigantescas.
Em termos de argumento
parece-me claramente o ponto onde Nate Parker parece ter mais
dificuldades, o filme cola-se demais a outros filmes com temáticas
semelhantes e nunca consegue dar grandes elementos diferenciadores
quer nas personagens mas principalmente na narrativa.
Em termos de realização
para uma obra de estreia podemos dizer que o trabalho é
surpreendente, tem cuidados esteticos, tem risco, se bem que nem
sempre algumas opções corram bem, como anjos em sonhos, mas parece
obviamente um filme com qualidade e com uma realização cuidada. A
ver o que se segue para Parker como realizador esperando que tudo não
fique em causa por aspectos externos a setima arte.
Mas onde talvez a
polemica tenha sido mais danosa para Parker, foi na interpretação,
observando os desempenhos deste ano parece-me claro que Nate Parker
tinha lugar nos nomeados a melhor actor, uma personagem que consegue
funcionar bem no lado passivo e no lado dramático, convencendo em
todas as fazes do filme, num papel exigente fisicamente e
dramaticamente e que consegue dominar de principio a fim. Nem sempre
me parece bem auxiliado nos secundarios principalmente com Harmer com
dificuldades conhecidas.
O melhor – A
interpretação de Nate Parker
O pior – O argumento
colar-se demasiado aos filmes de maior sucesso com bases similares
Avaliação - B
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