Sunday, January 08, 2017

The Birth of a Nation

Após Sundance de 2016, e ainda antes dos oscares, já este filme se perfilava como o mais sério candidato aos oscares deste ano, por uma conjugação de factores perfeita, vencedor de Sundance, com a tematica racial em discussão, e mais que isso com uma produção modesta mas bem conseguida em termos estéticos.. Tudo parecia correr bem com boas avaliações criticas mais que do grande publico, quando surgiu o escandalo sexual envolvendo a figura maior do filme, Nate Parker, o seu realizador, argumentista e protagonista, talvez por isto o filme foi um flop de bilheteira tendo a sua estreia anulada em alguns paises da europa e desaparecido quase por completo da luta pelos premios.
Sobre o filme, desde logo podemos dizer que se trata de um cruel intenso e dramatico filme sobre escravos, desde logo levante um problema ao filme, 12 anos escravos ainda está bem recente na memoria dos espetadores, conquistou os oscares e saiu primeiro do que este filme. Para tentar contornar isso Nate Parker deu-lhe um toque de Bravehart, mas o resultado foi um filme bem feito, intenso, com realismo, com emoção, mas demasiado proximo de tudo o que já se fez na materia, caindo mesmo por vezes em alguns esteriotipos.
Podemos dizer que sera facil fazer um filme sobre este tipo de história, mas existe aspectos que Parker faz funcionar, desde logo como desce na forma de transmitir a exploração dos escravos não se ficando pelo lado fisico, onde é muito realista mas também ao nivel moral. É obvio que se pode sempre discutir a veracidade da historia e o exagero na diferenciação, mas para a mensagem ser transmitida desta forma forte esta opção tem que ser assumida.
Para alem disto parece-me que Parker consegue fazer um filme esteticamente bonito, com algum cuidado na forma como apresenta imagem apos imagem que resulta num filme previsivel no seu desenrolar, muito proximo dos filmes mais epicos quer de escravos quer de oprimidos, mas com profissionalismo, com dimensão, que nos faz pensar que sem escandalo Nate Parker e principalmente mais distante no tempo de 12 Years Slave, este filme poderia ter mais chances na luta pelos premios, pois mais que uma grande filme, ou filme surpreendente, é um filme nos seus principios bem feito.
A historia fala de um escravo que aprende a ler e começa a pregar por diferentes fazendas de forma ao seu patrão salvar a sua quinta da falência, contudo a forma obstinada por dinheiro que o seu dono assume, acaba por conduzir a uma rebelião de proporções gigantescas.
Em termos de argumento parece-me claramente o ponto onde Nate Parker parece ter mais dificuldades, o filme cola-se demais a outros filmes com temáticas semelhantes e nunca consegue dar grandes elementos diferenciadores quer nas personagens mas principalmente na narrativa.
Em termos de realização para uma obra de estreia podemos dizer que o trabalho é surpreendente, tem cuidados esteticos, tem risco, se bem que nem sempre algumas opções corram bem, como anjos em sonhos, mas parece obviamente um filme com qualidade e com uma realização cuidada. A ver o que se segue para Parker como realizador esperando que tudo não fique em causa por aspectos externos a setima arte.
Mas onde talvez a polemica tenha sido mais danosa para Parker, foi na interpretação, observando os desempenhos deste ano parece-me claro que Nate Parker tinha lugar nos nomeados a melhor actor, uma personagem que consegue funcionar bem no lado passivo e no lado dramático, convencendo em todas as fazes do filme, num papel exigente fisicamente e dramaticamente e que consegue dominar de principio a fim. Nem sempre me parece bem auxiliado nos secundarios principalmente com Harmer com dificuldades conhecidas.

O melhor – A interpretação de Nate Parker

O pior – O argumento colar-se demasiado aos filmes de maior sucesso com bases similares


Avaliação - B

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