Tuesday, January 23, 2018

All I See is You

Manter-se no topo é das tarefas mais dificeis de um realizador. Normalmente depois de anos de alguma gloria surge o lado mais negro com dificuldade em comprovar as expetativas criadas em torno dos seus filmes. Podemos dizer que Marc Forster ao longo do tempo já saboreu esta experiencia algumas vezes, estando nesta altura numa fase mais sombria. Em 2016apostou tudo neste thriller contudo apos a exibição em Toronto e com avaliações muito pobres acabou por filme por passar esquecido, estreando apenas em 2017 com pouco ou nenhum mediatismo. Comercialmente fruto de pouca divulgação os resultados foram muito escassos e tornaram este filme um dos floops criticos dos ultimos anos.
Sobre o filme, eu confesso que achei uma premissa interessante a da recuperação da visão e a forma como isso faria mudar o que conhecemos e a forma como vivemos, e na exploração dessa premissa o filme tem alguns valores, principalmente nos altos e baixos relacionais. O problema é que o filme não se satisfaz com abordagem e exploração deste ponto, tornando-o num thriller policial que o retira da realidade e de uma abordagem problematica para ir para um filme de personagens peculiares mais que a situação.
E neste balanço que o filme tem dificuldades em fazer prevalecer os seus objetivos, acabando por dispersar a sua atenção no lado sexual da personagem e mais que isso num thriller cheio de twists e pontas por resolver, que acaba por nunca dar atenção ou abordar a fundo a questão central, da adaptação a algo que todos pensariamos como otimo. E nisso o filme não se balança bem, e não é inteligente na gestão que faz.
Mesmo assim temos um filme de ritmo elevado, com alguns pontos que acabam por aproximar o espetador da narrativa, pese embora nos parece que excede o tempo que perde em imagens desfocadas e em situações isoladas de deambulação da personagem central, que faz com que algum tempo de um filme curto seja assim desaproveitado na tentativa de o transformar em algo mais do que realmente é.
A historia fala de um casal, no qual o elemento feminino é cego, mas que acaba por recuperar a visão após uma intervenção cirurgica. Este facto acaba por alterar todas as dinamicas do casal, colocando em causa tudo que antes era dado como adquirido.
Em termos de argumento penso que a base do filme é extremamente interessante e forte, sendo uma abordagem original de algo concreto. pena e que o filme nao saiba rentabilizar na especificidade a riqueza da ideia, dispersando-a num policial de segundo nivel.
Marc Forster tem tambem no seu trabalho neste filme altos e baixos, se nos contextos escolhidos como Tailandia e Espanha o filme tem boas escolhas penso que perde demasiado tempo em planos poucos focados transmitindo a ideia de se querer colocar na pele da personagem. Algo que me parece desnecessario num filme como este.
O cast tem personagens duais, Lively ainda me parece mais uma mulher bonita do que uma excelente actriz, e o filme exigia mais uma segunda do que uma primeira, dai que penso que ficou algo por potenciar na personagem. Clarke tem intensidade mas sofre por uma personagem nem sempre bem caracterizada pelo argumento.

O melhor - A ideia de base

O pior - Preocupar-se demais num guião policial

Avaliação - C

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