Tuesday, January 07, 2025

Maria

 Podemos dizer que a estrategia montada pela Netflix para atacar esta temporada de premios acabou por ser estranha, já que lançou os seus projetos maiores na aplicação nos mercados principais, sendo que na europa acabou por lhes dar cinema, o que atrasou o impacto que os filmes acabaram por ter. Maria, aquela que marca o fim da triologia de biopic de Pablo Larrain foi um desses filmes. Apresentado em festivais de alguma dimensão as criticas foram razoaveis, sem o entusiamo de filmes anteriores. Comercialmente o estilo de lançamento do filme deixa dificuldades em perceber que tipo de impacto o filme teve nos espetadores já que chega a contagotas, numa estrategia que nao me parece a mais brilhante.

Sobre o filme podemos dizer que quem ja viu os filmes anteriores de Larrain acaba por rapidamente perceber o que vai ver, um biopic situado num momento concreto da vida das personagens, com flashbacks e acima de tudo muita personagem. O filme encontra, na minha opinião uma base muito interessante para entrar dentro da personagem, o problema parece- me mais no que vai procurar dentro da personagem, conduzindo a que conheçamos melhor a sua forma de pensar do que o seu trajeto, mas talvez essa tenha sido o propósito maior do realizador.

O filme tem uma excelente primeira parte, os momentos da entrevista, o deambular por Paris o encontro com pessoas comuns e a relação com os seus empregados, dao nos pequenos detalhes aquilo que era mais pessoal da personagem. E tambem nesses momentos que Larrain e Jolie acabam por se destacar no seu aspeto essencialmente visual. O problema acaba por ser onde o filme tinha mais impacto, que foi nas sequencias de canto, onde apenas na ultima expressão conseguimos ir a alma da protagonista, nos restantes temos um lip sync do mais sofrivel visto a este nivel, e isso acaba por contagiar negativamente a forma como o filme funciona.

Ou seja o fechar de um circulo que nos deu a conhecer um Larrain promenorizado, com capacidade artistica, mas que parece ter decaido no resultado final, talvez porque todos ja conheciamos a sua forma de trabalhar, ou acima de tudo porque principalmente no segundo segmento o filme aposta numa vertente da vida da personagem que não é propriamente factual ou na maior parte das visões pouco define sobre a mesma.

A historia segue os ultimos dias de Maria Callas, já sem a voz, e a tentar encontrar ainda a aura de outros tempos, enquanto deambula por um Paris, dá uma entrevista sobre a sua vida, e pensa sobre os momentos que manteve ao longo da sua vida, numa retrospetiva propria da sua vida.

O argumento tem algumas ideias originais, na forma como tenta organizar o filme de forma a dar o maximo que pode sobre a personagem no estilo que Larrain sempre assumiu. Podemos dizer que a obra ficou um pouco de parte em deterimento da personagem, mas isso acaba por ser uma escolha do proprio filme.

Larrain e um realizador particular, este projeto seu, deu pelo menos uma forma diferente de fazer biopic com uma assinatura muito clara, com muito primor do ponto de vista visual, embora fique sempre a ideia que algo ficou por contar. 

No que diz respeito ao cast Jolie esta imponente visualmente e nas sequencias de vida, perde um pouco pelo Lip Sync, que seria dificil mas fica a ideia que contagia negativamente uma performance pensada do primeiro ao ultimo minuto para premios. E um one woman show, mas poderia ter sido mais aperfeiçoado.


 O melhor - A abordagem do filme.

O pior - O Lip Sync


Avaliação - B

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