Sunday, January 05, 2025

Spellbound

 Se existe estilo onde a netflix tem sempre alguma dimensão ao longo dos anos acaba por ser a animação, desde logo porque corre maior risco em algumas abordagens e porque com os lançamentos ao longo do ano acaba por lhe permitir nao definir os objetivos imediatos do filme. Spellbound e uma megaproduçao de animação da SKydance que apostou em atores muito reconhecidos para dar a voz as suas personagens centrais. Comercialmente as coisas nao foram brilhantes, acabando a Netflix por rapidamente abandonar alguma propaganda ao filme, que por sua vez do ponto de vista critico tambem ficou por uma mediania que fez a Netflix apostar fichas noutro filme, mais natalicio de animaçao lançado no mesmo periodo.

Sobre o filme podemos dizer que temos um filme com uma produçao elevada que se nota não apenas nas escolhas de vozes, mas na cor do filme, que demonstra bem que o filme tem muita atenção a riqueza visual. O grande problema que esse é o unico grande sublinhado do filme, ja que o resto temos um monotono filme musical, com uma duração demasiado elevada que torna o filme demasiado aborrecido, mesmo para os mais pequenos.

As razões para o filme ser algo monotono começa com uma intriga, que ate no final tem um tema diferente e interessante mas que aparece apenas na ultima meia hora de filme e ao de leve, sendo o tema central do filme, deveria ser mais trabalhado, ter mais atenção e acima de tudo conseguir que o filme consiga pensar e ir mais a fundo no tema e no seu lado positivo, ja que se percebe que esse e o fundamento central do filme.

Por tudo isto temos um monocordico filme de animaçao musical, onde as musicas são demasiado normais para se destacarem e tambem do ponto de vista humoristico o filme nunca consegue tentar sequer ser engraçado. Esses sao elementos que podem alimentar filmes mais curtos em termos de narrativa e este filme nao usa nenhum desses trunfos tornando-se demasiado cinzento para o estilo.

A historia segue uma princesa que segue viagem com os seus pais, virados monstros na tentativa de contornar o feitiço que tornou os pais em estranhos seres que acabam por destruir tudo a sua volta.

O argumento do filme é na sua essencia limitado. No final percebe-se que o mesmo tem uma tematica diferente mas que o filme nao aborda. Fica a sensação que o filme com este tema poderia ser algo diferente, tocar num tema sensivel, mas acaba por apenas o alinhavar para algo sem graça e acima de tudo monocordico.

Na realizaçao o projeto foi assinado por Vicky Jensen a realizadora de Shrek que desapareceu depois do insucesso de Gang dos Tubarões, que renasce muitos anos depois, num filme com cor, arriscado, de estudio que nao e no plano tecnico que tem a sua maior dificuldade. Pode ser um regresso de alguem que nao conseguiu concretizar o seu bom inicio de carreira na realização de filmes de animaçao.

No cast de vozes apenas ouvi as versões musicais originais, ja que o restante do filme foi numa adaptação. Zegler canta bem e todos os musicais com ela terão a ser favor este ponto.


O melhor - A cor do filme.

O pior - A falta de graça ou a repetiçao monotona dos seus pontos maiores


Avaliação - C-

The Best Christmas Pageant Ever

 2024 foi um ano em o espirito natalicio esteve muito presente em estreias não so nos serviços de streaming mas tambem em alguns projetos pequenos que tiveram lançamentos nos mercados globais, como esta comedia juvenil. Esta comedia familiar estreou silenciosamente mas as criticas razoaveis acabaram por impulsionar o filme comercialmente, aproveitando o espirito natalicio mais tradicional levando a resultados de bilheteira nos EUA bem competentes.

Sobre o filme podemos dizer que temos a tipica comedia juvenil, passada numa pequena comunidade e na organizaçao da festa de natal. O filme e tradicional na forma como cria a intriga, com as crianças mal comportadas e a sua redenção. O filme nao e propriamente arrojado em termos de comedia, sendo sempre um filme mais generalista do que arriscado.

Nao deixa de ser surpreendente como um filme com premissa tão basica acabe por ter este sucesso. Foi notorio que comercialmente o publico encontrava-se com o espirito natalicio bem em niveis elevados e talvez por isso o resultado tenha sido este comercialmente, ja que em termos de procedimentos temos um filme com uma base que nos parece pensada para um direto para aluguer ou para preencher as matines de um canal generalista.

Por tudo isto temos um filme com o objetivo basico de ter algum espirito natalicio em familia, com pouco risco, com piadas simples, com uma narrativa previsivel, mas sem nunca ter tentado ser mais que isso mesmo, ou seja um filme de valores natalicios e desse contexto, nao sendo daqueles que explora particularmente o espaço visual do natal.

O filme fala de uma pequena comunidade que tem como evento do ano a organizaçao de um evento de natal, que apos ter perdido a sua mentora de sempre fica nas maos de uma mãe de familia que ve como particular dificuldade um grupo de crianças mal comportadas querer participar colocando em risco o sucesso do evento.

O argumento do filme e o tipico nos filmes familiares de natal, problemas e uma redenção embutida no espirito. O filme tenta ter graça, embora seja demasiado tradicional neste aspeto, arriscando pouco para nao perder o carimbo familiar. A previsibilidade do filme esta presente do primeiro ao ultimo minuto.

Na realizaçao do filme temos Dallas Jenkins um realizador com clara vocação religiosa que entra aqui num registo que ainda nao tinha sido visto ate agora que e a comedia religiosa. O filme acaba por ter esses temas numa vertente infantil, mesmo que o projeto pouco ou nada arrisque em termos de estrutura visual.

No cast conhecemos apenas Judy Greer e o seu estilo de interpretação caracteristico. O filme da o papel principal aos mais novos, todos eles desconhecidos que funcionam embora com papeis faceis. E um filme que vale mais pelo lado de ser visto em familia do que por qualquer um dos seus elementos individualizados.


O melhor - O espirito natalicio

O pior - A historia ser a tipica previsivel de aluguer


Avaliação - C

Saturday, January 04, 2025

Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl

 Eis que a Netflix atualmente com os direitos comerciais da saga Wallace and Gormit tem aqui mais um filme que marca a estreia de lançamento da aplicação em 2025, num filme que foi lançado para a temporada de premios ainda no ano anterior. Criticamente podemos dizer que as personagens criadas por Nick Park sao reconhecidas e este filme voltou a ter do seu lado a critica. Comercialmente uma vez que é mais um episodio da saga não fica a ideia que seja uma aposta elevada da Netflix.

Sobre o filme podemos dizer que temos mais um episodio como se de uma serie existisse onde temos mais uma aventura da dupla de amigos, com as caracteristicas que melhor funcionam, mas também o humor simples, com o estilo que dei vida a uma carreira muito interessante do seu criador. Fica a ideia que em termos de desenvolvimento narrativo nao temos nada de novo na dinamica do franchising, 

Temos um filme curto, em termos artisticos temos a forma como sempre Park trabalhou as personagens, no seu Stopmotion, mas e claro que a critica gosta do lado tradicional e de um humor ironico que acaba por a saga ter sempre presente, muito na linha do que a Ovelha CHone também tem. Por tudo isto nao sendo desde logo um poço de originalidade acaba por ser competentes para quem  gosta do estilo.

Fica a clara sensação com o sucesso da saga que mais capítulos se vão seguir, o que vai fazer com que os filmes se tornem apenas episódios maiores. O lado tecnológico deste filme é um apontamento narrativo que funciona e torna-o atual, mesmo no que diz respeito a forma como as reações das pessoas são potenciadas pelo resultado.

A historia segue o duo de amigos, agora algo separados pela nova criação de Wallace, um Gnomo de barro inteligente, util nas tarefas domesticas, mas tudo fica pior quando o controlo do mesmo acaba por cair nas mãos erradas.

O argumento do filme potencia as características que melhor funcionam na dupla de protagonistas, mas não particularmente relevante no percurso que conhecemos. A narrativa e os diálogos são o esperado, ou seja, competente para quem percebe os filmes desta forma, mas não me parece que por si so seja capaz de trazer novas pessoas para a saga.

Na realizaçao Park é o pai da dupla e de alguns projetos stopmotion, sendo sempre mais eficaz com as suas personagens de base. Aqui tem o apoio de Crossingham que subiu no departamento de direção, numa colaboração que nos parece mais um apoio do que propriamente um trabalho por si so.

O cast de vozes tem os habituais auxilios da saga. Nao e um filme onde os dialogos ou as vozes tenham particular revelância ja que o maior destaque esta na propria produçao do filme.


O melhor - A forma como Wallace & Gormil comunicam

O pior - Um episodio grande da serie


Avaliação - C+

Memoir of a Snail

 Num ano em que a animação de grande estudio voltou ao sucesso que estava arredada nos ultimos anos, existiram outros conceitos mais de autor que tambem conseguiram um reconhecimento critico muito interessante como foi o caso desta nova longa metragem de Adam Elliot o qual ja tinha surpreendido a critica nos seus filmes anteriores e aqui voltou a ter esse sucesso. Comercial ao ser filmes mais concetuais o resultado e mais dificil de alcançar mas uma eventual nomeaçao para o oscar de melhor animaçao dara ao filme um maior impacto nesta componente.

Sobre o filme podemos dizer que a plasticina e o stop action sao metodos que ao longo dos tempos nos trouxe muitos dos bons filmes que ficaram registados na evoluaçao do cinema de animaçao, tornando-se mesmo um classico. Este filme tem o lado negro e exagerado dessa componente mas e acima de tudo um filme com coraçao, uma autentica autopsia de uma personagem e os seus sentimentos ao longo do tempo, num filme adulto, bem realizador e impactante do primeiro ao ultimo minuto.

Um dos segredos do filme e que funciona no impacto visual que quer ter e precisamente o detalhe das pequenas coisas, e contar a historia com uma narrativa simples sobre vivencias pesadas como o luto, a distancia, o abuso e mesmo as parafilias. E um filme adulto contado por alguem que ainda quer ser criança. Nota-se a homenagem real a filmes mais negros mas fica a ideia que o filme quer balançar com a luz para dar esperança as personagens.

Por tudo isto, e num ano em que alguns dos melhores filmes tem sido claramente de animaçao, este demonstra uma animaçao diferente, adulta, concetual, que merece o destaque pela originalidade e pelo trabalho. E um filme que nao dos deixa indiferente a cada desabafo da personagem que vamos seguindo um pouco como ela se ve a si propria.

A historia segue a historia ao longo da vida uma mulher que devido a dificuldades de vida associou sempre a mesma a um fascinio por caracois, ao mesmo tempo que vive dependente de uma relação proxima com um irmao gemeo cujas circunstancias de vida separaram.

O argumento da historia, pensado na forma de narração tem o segredo de dar a vivencia da forma como a personagem a percebe. Claro que tem alguns exageros para dar mais impacto aquilo que vimos, e alguma inocencia da personagem mas o filme é forte nao so na mensagem que quer passar mas nas metaforas que utiliza.

Na realizaçao Adam Elliot regressa mais de dez anos depois do seu grande sucesso de Mary and Max um dos filmes de animaçao mais bem avaliados de sempre. A formula e parecida e a sua assinatura embora nao particularmente original e proxima no lado negro e menos bonito das personagens sem nunca colocar de lado o detalhe. Uma das figuras de animaçao que provavelmente conseguira aqui a primeira nomeaçao da categoria.

No cast de vozes a narração segue o balanço das personagens sem que isso seja propriamente um apontamento principal do filme. Nota se a procura da origem australiana mas pouco mais, num filme claramente sublinhado por outras valencias.


O melhor - A historia e o que ela significa.

O pior - Pode ficar a ideia que exagera em alguns apontamentos.


Avaliação - B+

Friday, January 03, 2025

Venom: The Last Dance

 De todas as tentativas que a Sony teve de tentar rentabilizar ao maximo os vilões de Spider Man, os quais na maioria das vezes tem-se tornado em autenticos desastres criticos e comerciais, Venom foi o unico que sobreviveu pelo lado comercial, sendo que cada filme se tornou num sucesso imediato, e esta ultima dança acabou por ser mais do mesmo, ou seja, um filme que criticamente vou mal avaliado, mas que comercialmente foi um sucesso estrondoso capaz de balançar os insucessos de Kraven, Madame Web e Mordibus.

Venom não é um bom filme e fica a sensação que na realidade nunca o tenta ser. A historia de base dos tres filmes é totalmente limitada, a intriga é pensada para uma ou outra sequencia de maior dimensão para fazer uso da tecnologia de ponta, ou seja, muito semelhante ao que foi sendo feito nos outros filmes da Sony. O que funciona no filme é Tom Hardy e Venom e a sua conjugação, na vertente desajeitada e comica que funcionam em pleno na simbiose e no lado comico que o filme acaba por aceitar ser proponderante.

Este é um filme que exprime bem que muitas vezes mesmo na falta de ideias e um caos associado à falta de ideias por vezes uma simples decisão consegue salvar um franchising todo ao longo de três filmes e tornar num mediocre filme um sucesso incrivel, que provavelmente poderá perdurar no tempo embora este filme seja assumido como a ultima dança.

Por tudo isto temos uma boa comedia, que ganha vitalidade nas sequencias a dois entre a vertente humana e extraterrestre mas que acaba por ser muito sofrivel no restante, num filme pequeno que acaba por ser monotono, um filme sem ideias na base, e que acaba sempre por sobreviver a custa do non sense comico e da sua personagem central.

A historia volta ao caminho perdido entre Eddie Brook e Venom, agora os quais têm de sobreviver a um ataque de um terrivel extraterrestre com o objetivo de tirar um elemento presente em Venom que pode colocar em causa a humanidade, sendo que o anti heroi tera de ser a resposta para este perigo.

O argumento do filme é na maior parte dos seus elementos muito sofrivel, sem ideias, sem ritmo, a sorte é que a personagem e a forma como ela foi criada funciona comicamente e isso resgata o filme como objeto de entertenimento, mesmo que as ideias na maior parte do tempo nunca estejam la.

A realizaçao foi entregue a Kelly Marcel a argumentista dos filmes anteriores que assumiu a batuta neste ultimo episodio. O filme e uma tarefa de hollywood para fazer uso das suas invenções tecnlogicas sem que o mesmo consiga em algum momento ter qualquer tipo de surpresa ou elemento diferenciador. nao e neste tipo de projeto que ganhara projeção na realizaçao.

Hardy construiu a sua maneira um Venom e um Brook perfeito, na simbiose entre ambos, no lado desajeitado, no lado de não querer saber, porque efetivamente é essa indiferença que funciona como balanço de um filme que nao tem qualidade mas que o ator no seu lado descomprometido resgata dentro do possivel. Este filme e o mais fraco em termos de secundarios completamente indiferentes no percurso do filme.


O melhor - A simbiose dos protagonistas

O pior - O argumento central


Avaliação - C