Existem personalidades da historia das artes que cultivam um mito à sua volta que acaba por ser dificil alguem pegar nelas num filme objetivo sobre a vida das mesmas. Nao se esperava que um realizador peculiar como Schnabel o fizesse aqui com Van Gogh, e talvez por isso apesar dos criticos mais especializados terem amado este particular filme, o mesmo nao conseguiu a força para estar nos premios como poderia ser expetavel numa primeira analise. Tambem comercialmente o lado mais intimo e de autor do filme pode ter afastado o grande publico, mesmo que o filme tenha ultrapassado a barreira exigivel para um filme como este.
Eu confesso que nunca seria facil dar vida a um filme sobre alguem que se diz ser tao complexo como o famoso pintor holandes. Dai que o filme e bem opta por nos dar momentos isolados, nao enquadrados da vida dele, os mais significativos do que nos tentar dar um biopic comum, e isso funciona, porque o carisma de Van Gogh passa para o espetador, muito por culpa de uma excelente interpretação fisica de Dafoe.
Claro que é um filme para minorias, que perde muito tempo no lado mais intimo, das deambulações e dos contextos no qual ele pintava, acompanhado por uma banda sonora que cria o desconforto que acho que Schnabel quer dar ao espetador para o fazer sentir a confusao que Van Gogh sentia no momento em que o seu contacto com a realidade começou a ser menor.
Contra si na minha opinião a tentativa de ser subtil, fica a ideia que poderia ser mais cru, mais visual no lado das loucuras do mesmo, principalmente nos momentos mais importantes da vida do autor, como a orelha cortada ou a sua morte. Aqui o filme vai para uma dimensão do que após quando o presente fica demasiado escondido.
Mesmo assim, percebe-se que é um bipopic de uma personalidade unica e carismatica, realizado por um autor com objetivos e uma forma de captar imagens propria, com uma boa conjugação entre a pessoa e a obra. Nao e um biopic para todos mas um filme interessante sobre Gogh.
A historia fala-nos de alguns episodios importantes na vida do autor, desde o seu processo de criaçao, às suas relações ate por fim a sua loucura.
No argumento nao temos um filme com muitas palavras, dialogos ou personagens, o filme prefere nos dar o autor e aquilo que mais conhecemos dele. Podera não arriscar muito no filme, arriscando mais no lado final.
A realização de Schnabel tem a sua assinatura, principalmente na aposta de nos dar as imagens pelos olhos do interprete algo que fez tao bem no seu filme mais conhecido de Escafandro e a Borboleta. POdemos dizer que aqui o filme usa isso com um lado mais estetico, e funciona, mesmo que o filme seja intimo demais para ser amado.
Dafoe tem uma interpretação de excelencia. Do primeiro ao ultimo minuto, encarna mais do que interpreta o autor, com expressoes faciais e um sofrimento transposto ao maximo num filme que mereceu a nomeaçao. O filme e a personagem dai que so Oscar Isaac como Gaugin consiga alguns momentos de sublinhado.
O melhor - Dafoe
O pior - A não traduçao em imagens dos momentos chaves da vida do pintor
Avaliação - B-
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