Pois bem, depois de anunciada a aventura épica que trazia os
realizadores de Matrix de regressão ao mundo metafisico e teorizar sobre a
existência humana com uma mega produção, que trazia a reboque ainda alguns dos
melhores actores da actualidade principalmente Tom Hanks. O resultado contudo
foi um autentico jogo do empurra entre aqueles que amam o filme considerando-o
no registo mais original e autentico do ano, com aqueles que não o conseguem
gostar considerando-o uma teoria megalómana aborrecida. E é conhecido que
divergências máximas não são benéficas para nenhum filme principalmente quando
este pode ter ambição de entrar nos galardoes. Em termos comerciais penso que a
aposta foi falhada, embora tenha duvidas sobre se esta aposta do filme era
comercial o certo e que com este investimento o retorno comercial teria de ser
obrigatoriamente bem maior.
Desde logo começo por dizer que não sou daqueles que após
ver o filme entusiasmei-me com o espetáculo creativo e narrativo do filme,
alias penso que o filme tem bons momentos, algumas boas ideias mas com muita
dificuldade em concretiza-lo de uma forma subtil e notória, ou seja penso que
as ideias centrais do filme ficam sempre por se realizar e a sensação de
existir um outro sentido não observável está lá sempre, o que não torna o filme
por si só completo à imagem do espetador.
É certo que o filme tem boas historias, realizadas como
poucas pensavam em ser, por outro lado o facto dos actores serem sempre os
mesmos em diferentes mundos dá um aspecto curioso ao filme, contudo existe
outras historias outros paralelismos aborrecidos, ficando sempre a ideia de que
a cola entre as historias deveria ser maior, o simbolismo de cada aprendizagem
deveria ter mais continuidade uma nas outras, que assim so graças ao esforço
épico do espectador consegue situar-se e retirar um ensinamento logico comum de
todo o filme.
Ou seja estamos perante um filme estranho, nem sempre
agradável, por vezes repetitivo em algumas historias, que tanto tem a
capacidade de nos surpreender com previsões futoristas interessantes como de
entrar num grau demasiado abstracto que para um filme com tantos meios parece
desaproveitar algo que poderia ser grandioso mas tem a dificuldade de na minha
opinião nunca se conseguir assumir como um todo, que deveria ser mais do que a
soma de todas as partes.
O filme fala de diversos momentos, de personagens em
contectos históricos e situacionais diferentes com ligeiros pontos de contacto
que fazem a união entre diversas historias soltas com um principio conclusivo
final.
O argumento é complexo trabalhoso, mas ao ser soma de
partes, tem momentos e parcelas bem mais trabalhadas do que outras, aqui
ressalva-se a ligação de um apaixonado a um musico, a ligação entre dois tipos
de seres humanos e clones, e no lado negativo desde logo a formula pouco
interessante da historia distante de Berry e Hanks e mesmo a mais primitiva não
são mais do que clichés narrativos, penso ainda que o filme não consegue o seu
intuito primário ou seja unir peças com sabedoria simbolismo e acima de tudo
clareza.
A realização tem momentos brilhantes principalmente nos
registos mais históricos aqui pensamos que a sensibilidade dos Wachovsky esta
bem treinados deixando de lado aquilo que apreenderam em matrix e que neste
filme é pouco aproveitado nos segmentos mais futoristas e mais básicos, o
problema continua em querem trazer um filme ao mesmo tempo filosófico, com uma
historia com princípios simples, neste caso muitas.
Se existe vertente no filme que é bem aproveitada e o seu
elenco, principalmente Hanks um actor de eleição que tem neste filme
diversos personagens diferentes que
demonstram bem a versatilidade e disponibilidade e toda a qualidade de um,
senão mesmo o melhor actor da actualidade. Por outro lado Broadbent também brilha
tem um encanto para diversos tipos de papeis e em temros de fabula o que e na
verdade este filme tem uma caricatura interessante também ela versátil. Num
terreno onde comandam estes dois nomes, relevo ainda para Weaving, um vilão de
eleição com uma capacidade vocal do melhor no cinema actual, o restante apenas
ressalva-se cumprimento de papeis na maior parte das vezes fácil.
O melhor – Hanks e Broadbent e a realização em determinados
segmentos.
O pior – A união das peças devia ser mais simbólica, perfeita
e obvia.
Avaliação – C+
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