Friday, February 03, 2017

Trespass Against Us

O cinema britânico independente tem nos últimos anos ganho uma capacidade de chamar a alguns dos seus projectos actores de uma primeira linha em termos mundiais. Neste filme conseguiu chamar para protagonista um Michael Fassbender em boa forma de carreira, contudo o filme acabou por ter algumas dificuldades naquilo que seria aparentemente mais fácil que foi nas avaliações criticas extremamente medianas que acabou por não dar ao filme qualquer impacto. Comercialmente apenas conseguiu ser lançado nos EUA em Janeiro percebendo-se bem a pouca ou nenhuma expectativa em torno deste protejo.
Sobre o filme eu confesso que por vezes penso que os entusiastas do cinema independente britanico devem pensar um pouco das razões e motivações dos seus filmes. Eu até consigo perceber e achar alguma graça a caracterização deste tipo de comunidades e nisso o filme acaba por ter algum rigor entrando mesmo naquilo que elas representam e na interacção entre elas. O que penso que o filme não consegue é criar uma intriga com coerência para fazer um filme existir para alem da simples curiosidade descritiva e nisso podemos desde logo imaginar que se trata de um defeito assumido.
Também moralmente parece-me um filme com algumas dificuldades de coerência colocando muitas vezes ato criminais como uma espécie de forma cultural de vida, e nesse ponto eu tenho muitas dificuldades em compreender na essência aquilo que o filme acaba por transmitir na realidade. Ficamos muito dos minutos do filme confusos naquilo que o filme vai abraçar como a narrativa central, ficando no final com a opinião que tudo não tem grande propósito.
Mas é óbvio que nem tudo é negativo num filme com um bom cast e algumas boas interpretações, mesmo assim penso que no final o balanço é mais negativo no filme nem que seja pela expectativa de um filme com tão bons interpretes deveria ter um resultado pelo menos mais substancial.
O filme fala-nos de uma comunidade que reside em caravanas que têm uma filosofia própria de comunidade muitas vezes com valores distintos da sociedade em geral. O filme fala sobre o ajuste familiar de uma família ali englobada enquanto tenta dar educação aos filhos, que acabam por observar a antítese entre os valores a serem incutidos e os que estão enraizados.
Eu confesso que na minha opinião o problema do filme reside nos princípios morais e mesmo nas escolhas de um argumento confuso, por vezes pouco coerente e objectivo na definição das suas personagens, nunca permitindo por outro lado que os diálogos por si só conduzam o filme para outros patamares.
Adam Smith é um realizador oriundo do mundo da música que aqui tem uma realização típica do cinema independente, muitos movimentos da câmara, primazia aos interpretes e definições simples, de um filme que pode não ter grandes meios. Penso que não é neste parâmetro que o filme tem dificuldades pese embora também não o potencie.
No cast, Fassbender é um dos actores em melhor forma do momento quer pelos recursos interpretativos quer por alguma versatilidade que vai entregando às suas construções. Aqui tem uma personagem interessante, bem interpretada que padece de um filme que a contextualiza mal, o mesmo podemos dizer para o quase sempre competente Brandon Gleeson.

O melhor - O cast

O pior - Ser um filme que se perde em dicotomias
morais

Avaliação - C-

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