O cinema como fenomeno global consegue ao longo do tempo criar figuras de montra sem que as mesmas muitas vezes se desloquem para grandes metropoles do cinema. Um desses casos é o realizador iraniano Asghar Farhadi, que depois de surpreender o mundo do cinema com a sua separação que lhe rendeu não so o oscar de melhor filme estrangeiro mas também a nomeação para melhor argumento e colocou a atenção do mundo do cinema em si. Em 2016, novamente num drama familiar voltou a ter em si bons resultados criticos capazes de o conduzir a uma nova nomeação para melhor filme estrangeiro. Em termos comerciais existe sempre alguma resistencia a filmes desta proveniencia, mesmo assim quase que atingiu a mitica marca do milhão o que é sem sombra de duvidas muito interessante.
Eu confesso que tenho dificuldade em considerar os filmes do realizador uma obra prima, certo que é dificil realizar no Irão, é dificil se expressar em determinados contextos, mas penso que muito dos valores que se dá aos filmes de paises menos comuns, é pelo desconhecido por eles nos darem uma nova forma de vida, ou mais que isso nos tentar dar uma mensagem de esperança em contextos nem sempre tão pacificos. mas isso na minha opinião não depende daquilo que o filme nos trás, mas mais que isso da expetativa que temos como se fosse alguma superioridade interinseca que acaba por não ter muito fundamento. Por isso como já aconteceu noutros filmes do realizador, acho o resultado competente, mas penso que o mesmo filme realizado da mesma forma nos EUA nunca seria um filme com grande valorização.
Mesmo assim o filme tem alguns pontos que me parecem funcionais o paralelismo entre a atuação teatral e a vida real, interessante, metaforica, e alias o grande ponto de destaque e o lado mais criativo de um filme que grande parte do seu tempo acaba por ser filmar o dia a dia de um casal em reação a um acontecimento traumático, seguindo os diferentes contextos de vida do protagonista.
Mesmo assim e principalmente empolgado pelo conflito mantido atualmente com Donald Trump é um filme mais competente do que espetacular, é daquelas obras que gostamos de ver mais pela novidade de nos dar novos contextos culturais e de vida do que propriamente pela eloquência ou brilhantismo de uma historia de base igual a tantas outras.
A historia fala de um casal de atores que apos a possibilidade de derrocada do apartamento onde residem, acabam por se dirigir para uma nova casa, até ao momento em que a mulher acaba por ser quase violada por um individuo que pensava estar com a anterior inquilina, prostituta de profissão.
Em termos de argumento o filme parece-nos algo limitado naquilo que o mesmo pode significar, o que acaba por ser mais potenciado nos sentimentos escondidos que muitos gostam de relevar e que aqui estão bem caracterizados. De resto penso que os pontos culturais voltam a ser o mais diferenciadores do filme.
A realização tem uma assinatura muito propria de movimento com as personagens algo que Farhadi já tinha feito nos seus filmes anteriores. Parece-me a escolha acertada para o contexto onde filme, mas penso que a sua aura não seria tão forte se já tivesse sido adotado pela industria mais global.
No cast o recurso a atores do Irão acaba por ser condição necessária e em termos interpretativos todos conseguem conduzir o filme para as suas necessidades, mesmo algumas delas exigentes em termos interpretativos. A mais valia do realizador nos ultimos anos foi potenciar um grande numero de actores competentes e intensos daquele pais para a comunidade mais global.
O melhor - A forma como estabelece o paralelismo teatro realidade.
O pior - Penso que muitas vezes se conduz filmes por serem de mercados menos comum, para patamares que eles podem não ter.
Avaliação - B-
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