Se existe um realizador que nos últimos anos tem
desenvolvido uma espécie de toque de midas nos diversos filmes que faz, esse
realizador é Alexander Payne, que desde Election conseguiu em todos os filmes
que faz chamar a atenção da critica, estando sempre no lugar da frente na luta
pelos Oscares. E este ano não foi excepção com este ainda mais independente
Nebraska, conquistou a critica de uma forma arrebatadora, e conseguiu entrar na
corrida pelos oscares mesmo que não seja um frontrunner, o que já é habitual em
Payne, em termos comercias o filme não tinha ambições, pelo que até neste ponto
o objectivo foi ligeiramente cumprido.
Sobre o filme, confesso que não fui fá dos primeiros filmes
de Payne como About Schmidt e Sideways, contudo já no seu filme anterior
comecei a aperciar a forma como ele consegue fazer filmes sem grande inovação
narrativa no seu centro grandes filmes à custa de diálogos de primeiríssima qualidade
e personagens bem construídas nos contextos ideiais. E se isso já tinha sido
bem visível em descendentes neste filme esta qualidade é levada ao extremo
creativo, ao qual ainda acrescenta uma realização de primeiro plano.
E aqui reside a grande beleza do filme, a sua graça natural
a custa do mais básico que as personagens podem ter, e transforma isso no que
de melhor um filme pode ter em termos humorísticos, sentimentais, e acima de
tudo mais que o filme que já de si e de altíssima nota artística sobre ma moral
e uma força interior que so esta ao alcance de um predestinado.
Por isso e para mim fácil de dizer que estamos perante o
melhor filme de Payne, o mais completo, o mais artistic, com melhores
personagens e melhores diálogos e obviamente no filme mais potenciado pelo
argumento do ano, que consegue ao mesmo tempo nos dar uma obra prima com tão
poucas palavras mas todas elas tão bem usadas principalmente tendo em conta o
vazio das mesmas, enfim uma obra prima
A historia fala de um velho em período de demência que apos
receber um cupão de possibilidade que o informa de ter ganho 1 milhao de dólares,
acredita no mesmo e deseja ir a Lincoln reclamar o premio, o seu filho mesmo
percebendo o erróneo da situação acompanha-o numa road trip que o leva à cidade
de origem.
O argumento e brilhante em todos os sentidos sem um
principio inicial tão forte quanto isso, com um principio inicial já observado
noutros filmes a arte do pormenor, mais do que arte do dialogo são actos de
magia pois é aqui que o filme tem o seu grande motor e a sua maior qualidade
que o transforma com facilidade numa obra prima.
Alexandre Payne nunca foi um realizador super conceituado
por esta sua vertente mas mais pela sua capacidade de escrita, pois bem neste
filme isso muda, se a primeira vertente esta melhor do que nunca, como
realizador o avanço ainda e mais significativo, com o preto e branco a ser artístico
com todas as sequencias pensadas ao pormenor e auxiliado por uma fotografia
brilhante, uma das realizações mais fantásticas do ano, sem grandes alaridos.
E no cast o filme tem outro ponto brilhante a interpretação
de Dern e um assombro, em todos os pormenores na caracterização física, no
movimento, na fala e no olhar tudo e do mais completo que se pode observar num
actor, e caso tivesse sido remetido, e bem para melhor actor secundario poderíamos
estar aqui a falar de um oscar garantido, na carreira principal, o facto de não
ter tanta participação pode comprometer um papel que num ano mais mediano seria
mais que oscarizavel, Squib também brilha mas aqui mais que a interpretação tem
um argumento muito facilitador e uma palavra para Forte que mesmo longe de
brilhar da o equilíbrio que o filme precisa e muitas vezes na simplicidade esta
o trunfo
O melhor – A capacidade de fazer uma obra prima com o vazio
das pessoas
O pior – O ano ter outras obras primas
Avaliação – A-
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