Muitos ficaram surpreendidos que Pablo Larrain depois de diversos biopics diferenciados e reconhecidos pela critica, tenha voltado à base para de alguma forma tentar fantasiar sobre a vida de Augusto Pinoche, num filme a preto e branco, estranho e rebelde que em termos críticos acabou por ficar pelo valor positivo sem grande excitação, a sua diferença acabou por anular o lado comercial, que na realidade foi um campo que o filme nunca tentou ter.
Sobre o filme podemos dizer que é um filme difícil, desde logo porque é um biopic muito metafórico, pouco concreto em que na maior parte do tempo não conseguimos atingir o propósito ou tudo é uma mistura tão grande de eventos e personalidade histórica num filme de vampiros que se torna totalmente incompreensível para o olho do mortal comum, que parece apenas atingir um ou outro ponto mais cómico e pouco mais.
Larrain nunca teve um cinema fácil, embora tivesse sempre conseguido entrar dentro das personagens que quis trazer para si, e mais que isso tentou sempre dar uma dimensão subjetiva aos seus filmes. Aqui o filme é muitas vezes disparatado, a tentativa de dar uma roupagem totalmente diferenciada parece bater de frente com o concreto ficando quase a certeza que a maioria dos espetadores se perdem no estilo, mesmo que em termos de fotografia e insólito o filme seja competente.
Parece claro que estamos perante um alegado biopic de Larrain muito mais fora da caixa do que todos que ja fomos vendo no trajeto recente do realizador. O filme tenta ser original, e bem criado esteticamente, é irreverente mas o produto final perde-se nessa excentricidade. Fazer um filme fora da caixa e funcional não e para todos e fica a ideia que Larrain deveria ter ficado no estilo que lhe trouxe reconhecimento.
A historia fala de um Pinoche vampiro, exilado em casa, com o desejo de morrer, mas a partilha de bens pelos seus filhos e o aparecimento de uma freira com o objetivo de o exorcizar acaba por levar a uma serie de eventos com personalidades famosas que colocam em causa tudo o que conhecemos sobre a ordem mundial.
O argumento do filme é ambicioso do ponto de vista metafórico mas o seu resultado final é acima de tudo confuso. O filme tem sempre por trás de si um apontamento comum politico, mas que na essência fica em muito a ideia que tudo se perde nas eloquências de um projeto sem rede.
Larrain tornou-se nos últimos ano o senhor dos biopics intimistas e diferenciados de personagens, mas do que os seus momentos históricos. Este filme vai muito alem, se visualmente o preto e branco e o lado de homenagem a base do cinema pode ser interessante o resultado entra num plano de rebeldia exagerado.
No cast o filme regressou aos apontamentos de base com atores locais, com a intensidade que habitualmente os atores sul americanos oferecem aos seus papeis. Aqui temos muitas personagens pouca com a profundidade de grandes papeis, mas o resultado final acaba por ser interessante, nao sendo por este ponto que o filme perde a sua qualidade.
O melhor - A fotografia sempre sublinhada dos filmes preto e branco
O pior - A confusão narrativa que o filme se mete
Avaliação - C
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