Saturday, January 07, 2023

White Noise

 Apresentado no ultimo festival de Veneza com muita expetativa principalmente depois da unanimidade critica em torno de Marriage Story do realizador e por ser a adaptação de um dos livros mais aclamados da ultima decada, marcado pela originalidade e acima de tudo pela irreverência da abordagem. Os ingredientes estavam lançados mas a critica não foi exuberante com muita dispersão, entre aqueles que entraram na toada louca do filme com aqueles que acharam tudo demais, e que negaram o filme certo é que esta disparidade mata qualquer objetivo de premios que o filme poderia ter, sendo que percebendo isso a Netflix num ano onde criticamente nao conseguiu lançar nenhum front runner aos oscares acabou por esconder um pouco esta obra de irreverência pura.

POucos ficarão indiferentes a uma abordagem tão diferente, confusa e mesmo absurda como esta. E daqueles filmes que se gosta ou que se detesta, já que o meio termo é algo que o filme do primeiro ao ultimo minuto quer fugir, e consegue. Eu confesso que o primeiro segmento do filme, de aproximadamente meia hora é demasiado confuso e sem objetivo, mas com a entrada no segundo, o filme entra num estilo que me agradou, satirico, diferente, absurdo, mas sempre filmado e interpretado de uma forma original e artistica que me foi integrando no filme, que conseguiu ir transmitindo cada vez melhores sensações, até um produto final de primeira linha.

E claramente um filme do menos ao mais, e que acaba num dos melhores momentos de simbiose entre cinema e musica com LCD Soud System, que é o epilogo ideal de um filme com muitos apontamentos satiricos sobre a forma de estar e mais que tudo sobre a forma de viver. E daqueles filmes que por vezes adota o caminho do absurdo extremo mas e a assinatura que Baumbach encontra para assinar o filme, e no meu plano consegue-o fazer.

Por tudo isto e mesmo tendo em conta a primeira meia hora que me deixou totalmente perdido terminei com a sensação que vi um dos melhores e mais originais produtos do ultimo ano, um grito contra o marasmo da simplicidade dos biopics e historias lineares ou efeitos especiais de primeira linha. Os dois ultimos capitulos são originais, com mensagem, satirico e absurdos numa forma muito unica de transmitir que a mim me agradou.

A historia segue uma familia americana irreverente, com muitas particularidades que com receio da morte, recebe a visita de uma nuvem toxica que coloca tudo em causa na sobrevivencia de todos, e acima de tudo nas dinamicas nada funcionais familiares.

A historia de base é estranha que Baumbach ainda torna mais estranha, mais absurda, mas mais creativa. As criticas os apontamentos a diferença das personagens está la. Claro que muita gente não vai gostar com justiça do ruido, das falas desconcertadas, mas se conseguir colocar o ruido de lado o filme tem mensagem, tem historia, tem critica e personagens.

Acho que e na realizaçao que Baumbach diferencia o seu dificil filme, pela cor, pela procura sempre da conjugação da historia com imagens singulares desempenha aqui um trabalho meritorio, rebelde, muito de encontro ao que foi fazendo ao longo da sua carreira com mais metodos e mais risco. Nao e o mais unanime de uma carreira ja de si bipolar mas e o mais artistico.

No cast o filme tambem funciona, Driver dá um recital de interpretação de comedia, de drama, de intensidade, com diversos momentos que fazem dele um dos atores com mais recursos nos dias de hoje. Fica a ideia que carrega um pouco o filme as costas em interpretaçao, surgindo apenas alguns apontamentos de Gerwing no final, embora seja claro que esta seja melhor realizadora do que atriz


O melhor - Um conjunto de realiação e interpretação de Driver.


O pior - a primeira meia hora pode-nos fazer desistir de tudo e com razão, sorte dos que sobreviveram.


Avaliação - B+



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