Numa corrida aos oscares que tem sido particularmente dividida, este tem sido uma das presentes constantes quer em premios criticos quer em académicos, dando seguimento a um momento de forma impressionante do seu argumentista e realizador o inglês Martin McDonagh. Depois de uma receção critica de primeira linha e de 9 nomeações para os oscares, entre as quais quatro interpretes, o filme comercialmente, principalmente nos EUA ficou um pouco aquém, talvez pelas origens demasiado britânicas e pela falta de figuras comerciais de primeira linha.
Sobre o filme, começo por dizer que a minha expetativa era elevada já que considero o anterior filme de McDonagh dos melhores filmes dos ultimos anos. Pois bem, este é diferente, é muito mais estranho, mas novamente ficamos impressionados com a capacidade do filme ser intenso, engraçado, surreal e original, num contexto nada típico para um filme desta natureza. O filme é sobre as pessoas e a interioridade, mas e nos detalhes que o filme avança para uma qualidade fora do comum, nos diálogos, na simplicidade dos seus momentos e das suas ações, num filme gravado num espaço unico que acaba por ser mais um elemento sedutor de todo o filme.
Eu acho que o filme acaba por não ser tão abrangente nos gostos como se espera. E um filme estranho que nos leva muitas vezes a achar absurdo muitas das ações dos espetadores, que acabam por funcionar como elemento satirico e exagerado de um ponto que o filme quer assumir. Mas acaba por ser nessa singularidade que o filme se diferencia e nos fornece de cinema de mais alto nivel em todas as suas vertentes, personagens, dialogos, realização e moratoria.
Por tudo isto e para mim, até ao momento o grande filme do ano, mesmo estando algo distante do impacto que o filme anterior de McDonagh teve, é um filme original, unico, creativo, que nos faz sorrir, e chorar, que nos dá muitas vezes o insolito de personagens e as melhores interpretações de um grupo alargado de atores, que nos faz sentir que o filme é claramente algo distinto.
A historia fala de dois amigos numa pequena ilha irlandesa, que acabam por se zangar por motivos que não se conhecem e acaba por desconstruir a rotina de todos os elementos da ilha e que conduz a uma sucessão de eventos totalmente inexplicaveis.
O argumento e incrível, a ideia que poderia parecer disparatada, mas a forma como depois torna-se numa homenagem às necessidades humanas e à sua complexidade, que nos dá personagens únicas e muito bem trabalhadas, que tem momentos de diálogos escritos de uma forma original e intensa, no claro argumento do ano.
Na realização muito do segredo do filme é o contexto espacial que escolhe. Uma ilha ruralissima no inicio do século 20, pouco espaço, muito verde, muito vegetal e acima de tudo espaços que são circunscritos no filme e que nos levam a ser um habitante de Inisherin. E um realizador numa forma incrivel e este filme mostra também a sua multifaceta.
No cast falar de um filme com quatro nomeaçoes para oscares interpretativos diz muito do valor dos seus atores e dos seus trabalhos. Maior destaque para mim vai para Farrel é incrível a sua construção fisica, e verbal, encaixando perfeitamente no estilo de personagem unica que já não viamos com tamanho realismo desde Hanks em Forrest Gump. Mas o facto de Gleeson, Condon e Keoghan também estarem ao melhor nivel da sua carreira faz-nos olhar para muitos lados, e ficar delicioso com este festival de talento e de ligação de atores com personagens.
O melhor - A forma como um filme aparentemente sem sentido, tem todo sentido do mundo.
O pior - Pode ser demasiado fora da caixa para alguns
Avaliuação - A-
No comments:
Post a Comment