Apresentado no ultimo festival de Berlim com alguma circunstância este filme que é uma obra visual dos suburbios americanos que junta a homossexualidade, o crime e o culturismo, pela sua irreverencia conquistou em grande linha a critica, com avaliações tão positivas que permitiu que o filme teve uma dimensão comercial que a primeira vista seria inesperada. Comercialmente o filme conseguiu uma boa distribuição mas os resultados comerciais ficaram-se pela mediocridade.
Sobre o filme podemos dizer que é um filme dificil acima de tudo porque é um filme esteticamente feio, um filme que nos da os seus atores nas suas piores versões num contexto social e pessoal degradante a todos os niveis. E um filme que quer impressionar pelos piores motivos de cada um e isso tem a virtude de conseguir, já que se percebe facilmente que é um objetivo muito declarado do filme e aquele que talvez mais facilmente consegue chegar
No que diz respeito ao restante já não me parece que o filme seja tão competente. Desde logo porque parte do pressuposto que nenhuma personagem tem que tem alguma congruência, o que lhe permite tudo do primeiro ao ultimo minuto nas opções, isso abre o leque de possibilidades mas ao mesmo tempo torna o filme redutor no que quer transmitir, sendo sempre um filme em que esperamos o que nos vai impressionar negativamente visualmente do que propriamente o que vai acontecer no seguimento das suas personagens.
Ou seja um filme que tem um contexto independente muito assinalado, mas acima de tudo quer demonstrar a irreverencia e algum humor negro na forma como da a pior faceta de todas aquelas vivencias. No final tenta entrar num plano metaforico que surge no filme algo descontextualizado. O filme tenta ser mais chocante do que interessante e isso consegue.
A historia fala de uma jovem culturista que acaba por se apaixonar com a gestora de um ginasio, com uma familia poderosa relacionada com o crime, que conduz a uma serie de acontecimentos que vai levar todos os elementos ao extremo e a luta pela sobrevivencia.
O argumento tenta ser uma especie de Bonnie e Clyde lesbico, mas que acaba por ter outros elementos como o abuso de substancias no culturismo e a forma como isso se manifesta na resposta e impulsividade dos seus utilizadores, mas pouco mais o filme é. Fica a ideia que o argumento abre o expectro de tal forma que tudo que fosse decidido iria funcionar.
Na realizaçao o projeto e de autoria quase total de Rose Glass uma realizadora britanica que tinha sido bastante elogiada no seu filme anterior Saint Maud, num circuito mais independente. Aqui com mais visibilidade denota-se a preocupação em ser esteticamente forte, embora o filme nunca saia do registo tipico do cinema independente. Fica a sensação que sera sempre uma realizadora de minorias.
No cast o detalhe estetico escolhido para as personagens ajuda o impacto das mesmas. Stewart está desgastada, longe de imagem de sex symbol do inicio, numa personagem que serve para pautar a sua anterior escolha sexual. Ao seu lado um Harris sempre intenso, e uma surpresa da culturista Kate 0'Bryan numa personagem fisicamente dificil, mas que parece ser a sua medida.
O melhor - O filme quer chocar esteticamente e consegue.
O pior - O espectro do argumento cair num exagero em que tudo encaixava
Avaliação - C
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