Monday, July 03, 2017

Okja

Tem sido ininterrupta a tentativa da Netflix dar o salto para uma das maiores produtoras de cinema do mundo, quer com investimentos em grandes produçoes, quer na presença em grandes festivais com autores famosos. Contudo o passo que me parece mais forte da produtora foi conseguir colocar um filme na luta pelo festival de Cannes. Claro que deu tanta polemica que rapidamente as criticas se fizeram sentir, já que se trata na sua genese de um telefilme. Mesmo com esta toda a resistencia o filme foi bem recebido com avaliações essencialmente positivas para o filme de um cineasta sul coreano bem proximo da critica. Comercialmente os filmes da Netflix sao sempre dificeis de avaliar, contudo este foi um dos que foi mais falados em termos de cinema.
Sobre o filme eu confesso que tinha muito boas expetativas relativamente ao filme, não so porque tinha um elenco de primeiro nivel, e por fui um fa em todos os niveis de Snowpiecer. Pois bem desde cedo percebi que iriamos ter um filme com um bom valor em termos esteticos com alguns apontamentos a fazer lembrar Wes Andersson, mas que o filme em termos de historia pouco mais tinha do que uma propaganda simples a proteçao dos animais como comida, não tendo grandes personagens, nem dialogos e nem desenvolvimento narrativo.
E nessa extrema simplicidade de meios e de um filme totalmente previsivel no corpo apenas com um ou outro apontamento diferenciados em termos de forma, parece claramente que para um filme que teve em Cannes sabe a pouco. Mesmo que emocionalmente a ternura da relação acabe por ser simpatica, algo que o filme percebe como a sua mais valia e acaba por ter dezenas de sequencias sem grande conteudo de interação simples entre a menor e o animal, o filme na essencia tem muito pouco mais que isso, a não ser uma critica que já e conhecida de tudo e de todos.
Por isso uma desilusao de um filme que a determinada altura quer ser desconcertante a todo o custo, parece muitas vezes que o filme não necessitava de tanto desalinho e necessitava de mais razao, mais originalidade no argumento de base, não na roupagem e caracterizaçao do filme. Temos um filme de autor mas não me parece que temos uma obra de autor.
A historia fala de um concurso de dez anos no sentido de tentar encontrar o super porco. Dez anos depois o vencedor e um gigantesco animal, mas que acabou por criar uma relação proxima com uma menor, que vai fazer tudo para impedir que o animal acabe no destino que sempre foi o seu, ou seja, tranformar-se em comida.
Em termos de argumento e sabido a ligação entre o vegan e a arte, e aqui temos isso, uma propaganda com uma roupagem mais arrojada à ingestão de carne como alimento. Fora essa filosofia o filme não tem muito mais, em termos de personagem e muito limitado, assim como argumento e mesmo na linhagem narrativa, e um filme que cuida mais neste parametro nos promenores do que no essencial.
Na realizaçao Jon Hoo Bong surpreendeu-me pela positiva no seu filme anterior, e o cinema sul coreano e muito visual, aqui temos isso, estetica, e nesse particular parece-me que e o unico elemento de filme de topo, de um realizador que arrisca, mas aqui a essencia não era muito forte.
No casto, um naipe de actores de primeira linha, com personagens pouco trabalhadas ou com pouca dimensao.Do lado positivo sempre a competente Tilda Swinton que nasceu para personagens diversificadas e iconicas. Do lado negativo Gyllenhall numa construçao demasiado histerica e demasiado barulhenta o que nem sempre me parece ser um papel para um actor da sua dimensao.

O melhor – A dimensao estetica do filme

O pior – A dimensao narrativa


Avaliação - C

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