Thursday, February 27, 2025

Hard Truths

 Mike Leigh é daqueles veteranos que sempre que lança um filme, mesmo com a premissa mais basica consegue sempre ter os holofotes da critica junto de si, mesmo que o publico se afaste um pouco do seu cinema simplista de personagem como aconteceu com este filme, muito valorizado pelos criticos mais tradicionais, mas quase desligado academicamente. Comercialmente Leigh nunca foi um cineasta de multidões e aqui voltou a não ser.

Este é um filme de desconforto nas vidas de uma familia em que entramos na casa dos mesmos e percebemos o motivo de tanta tristeza. Um filme que aborda com intensidade o desconforto de uma familia que ja nao o devia ser, e consegue transmitir isso nos momentos em que comunica com o publico, muito por culpa de uma intensa personagem que nos irrita, que nos faz questionar, sendo que Leigh e sempre melhor em caracterizar problemas do que em os explicar e aqui novamente nao o fez.

O filme e intenso, faz-nos pensar e sentir, mas fica sempre a ideia que o filme devia ser maior, fica a ideia que muito fica por responder e acabamos por ficar em suspenso de nada e ai Leigh parece ir pelo caminho mais facil de nao definir a sua historia e o que realmente a mesma significa. E otimo na criaçao de personagens de os transportar para os momentos que quer mas mais uma vez falta a definição que o filme deveria ter para o seu impacto ser claro.

Por tudo isto temos um pequeno filme de um realizador que parece o querer ser. De alguem que tenta cristalizar o estilo mais tradicional do cinema britanico, conjugando atores mais tipicos deste estilo, mas que ao mesmo tempo parece faltar o impacto de algo realmente diferenciador, de uma definição que preencha o espaço da comunicação entre o espetador e o realizador e isso faz com que os seus filmes nao sejam completos, pelo menos na otica de um cinema mais moderno.

A historia entra dentro de uma familia com um filho com problemas na forma como comunicam entrando nas dinamicas familiares que tornam a comunicação com os seus elementos impossivel por parte de todos que com eles interagem.

O argumento do filme tem a ideia de querer caracterizar um contexto familiar mais do que propriamente querer criar uma intriga e nesse plano e objetivo o filme cumpre. Nos dias de hoje torna-se e mais dificil de amar um filme que nada explica e que essencialmente define, e bem apenas as personagens.

Leigh e um realizador experiente de pequenos filmes ingleses e que continua a ser o seu registo onde reina sempre com os louros criticos. Aqui tem uma realizaçao simples de deixar as personagens fluir e nas suas inquietudes que ele filme pausadamente. E o seu estilo, não é o mais efusivo, mas foi que lhe criou a carreira

No cast Marienne Jean Baptiste regressa ao realizador que lhe deu o filme de maior impacto na sua carreira para uma personagem intensa, que ela cria com uma intensidade muito interessante. E claramente o ponto mais destacado do filme, mas fica sempre a sensação que as personagens e interpretaçoes de Leigh ficam reservadas apenas para os premios mais criticos, onde aqui talvez num ano mais fraco merecesse mais, porque e acima de tudo um filme de interpretação.


O melhor - A personagem central e a forma como a mesma e interpretada

O pior - O filme nada esclarece sobre a mesma


Avaliação - B-

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