Thursday, January 26, 2006


Jarhead - Maquina zero


Starring:
Jake Gyllenhaal, Jamie Foxx, Peter Sarsgaard, Lucas Black, Brian Geraghty
Directed by:
Sam Mendes

Desde logo é importante assumir que não estamos perante um filme de guerra, mas sim um filme que centra toda a sua luz nos actores da guerra. Vários foram os filmes que se centraram na descrição de factos, mas neste caso não estamos perante um filme que documenta factos, nem tão pouco num filme de acção, mas num filme de homens, num exercício de psicologia, ao tentar entrar nas cabeças rapadas de um marine, tentar entras na sua dimensão, perceber o que eles pensam (ou não), tentar perceber as suas motivações os seus sentimentos, a importância da sua arma, a vinculação excessiva às cartas da namorada, a importância de momentos de pura descontracção, ou talvez mesmo a relevância do local onde dormimos. Jarhead não tenta descrever nada nem tão pouco construir nada, optando por nos colocar face a face perante a personalidade de diversos tipos de soldados, mostrar-nos as suas angústias e acima de tudo a sua natureza. Tudo isto é feito num diálogo intimicista entre a câmara e o espectador que rapidamente é transportado para um grupo de homens percebendo as motivações destes como as nossas, e quem sabe até, compartilhar alguma da desumanidade que os define.
O filme e todo ele centrado na tentativa de fazer algo que conduza a que no final possam dizer que aquele tempo no deserto “valeu a pena”, com uma caracterização bruta e quase machista dos soldados, Mendes vai esbatendo esta mascara com momentos de grande sensibilidade das suas personagens que aos poucos vão demonstrando todas as suas dimensões. Este filme vai-nos transformando aos poucos, depois de conhecer as personagens o espectador partilha com as estas a ânsia da guerra, ou seja, ver aqueles soldados em acção ver o que eles valem, e também eles o querem, querem ficar na historia marcar o momento, fazer com que tudo que deixaram para trás faça sentido, nem que seja na bala gasta de um disparo. Este filme é um filme de uma ligação íntima invulgar com o espectador, mesmo longe da perfeição este é uma das grandes obras de 2006, sustentado numa banda sonora e uma fotografia capaz de resultar em momentos de extraordinária beleza.
Este filme não é a critica social que todos gostavam que fosse, mas sim um retrato real da mente de um marine, uma homenagem aos rituais por vezes criticados dos mesmos, que nós civis por ignorância tanto criticamos sem nunca saber o sentido dos mesmos, Mendes pode não ter disfarçado todo o simbolismo numa saca de plástico mas deu-lhes uma representação bem real através de cada acção dos soldados do filme.
Contudo também visualizamos vários aspectos negativos, desde logo a desaceleração do filme, que de alguma forma perde algum do ritmo na sua segunda fase, para alem deste corte também a toada do filme sofre alterações passando de um tom cómico e leve para uma dramatização excessiva, e por fim a grande falha a incapacidade do argumento fechar o circulo através da exposição da adaptação dos soldados depois da guerra.
Mesmo assim estamos perante uma obra singular que no final faz-nos a todos sentir um Jarhead.

O Melhor. A homenagem de Mendes aos soldados porque o homem deveria ser sempre mais importante do que a guerra

O pior. O por vezes a sensibilidade de ser civil não tirar o máximo proveito do sentido que o filme pode ter num soldado

Avaliação B+

1 comment:

Tiago Ribeiro said...

Para ser sincero, a única coisa que não gostei neste filme, foi a pobre tradução do seu nome... mas o que podemos fazer? São as traduções que temos.